Arrogante, o poeta
atentados comete
Palavras que vivem
soltas no espaço
Reprime, distorce,
recria e pinta o sete
Indiferente se assume
um erro crasso.
Seja por causa da
métrica ou da rima
Inventa gramática ou
outra conotação
Ou, as vezes um
significado aproxima
Naquilo que lhe pareça
boa explicação.
Assim, todo vate as
palavras aprisiona
Negando a elas uma
liberdade de ação
Deixa a palavra de ser
sua própria dona
Obnubilada pela opinião
do bardo então.
Perseverante, o pseudo
criador continua
Assassinando o
vernáculo sem piedade
Liberando os seus
bichos assim pela rua
Ainda que a palavra não
tenha liberdade.
Vai então o poeta se
comportando assim
Rebelado mas querendo
mostrar serviço
Acaso nem mesmo percebe
o próprio fim
Sendo que ao vigor da
palavra dá sumiço.
Pois é caro amigo poeta Jair, teu poema reportou-me à memória de um andarilho que conheci na minha juventude, o qual disse, certa feita, ao perceber que eu gostava de garatujar versos: os poetas são feitores fracassados de coquetéis, que abusam das palavras, porque não possuem a necessária coragem de manipular os ingredientes materiais, dai passam a se servir do manancial linguístico nas suas encenações verborrágicas.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um ótimo fim de semana.