terça-feira, 23 de junho de 2015

Outro pastiche de Augusto dos Anjos

Clausura

Naquele claustro de salas silenciosas
De paredes úmidas e úmidas arcadas,
Abóbadas sombrias, feias, tenebrosas,
Na vastidão silente, sérias e caladas.

Vagueiam tristemente murchas rosas
Guardando cinzas de vidas passadas,
Freiras e monjas, sóbrias e tristurosas
Escondendo suas almas mal amadas.

E à noite, quando rezam na clausura,
No segredo das orações misteriosas,
Nem sombra da mais leve de ventura.

Só as arcadas romanas e misteriosas
Veem as tais prisioneiras com candura
Entendendo que isso as faz corajosas.

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