quarta-feira, 30 de maio de 2018

Velhice, idade da razão

Quando  a  leveza da juventude vai embora,
que  permaneça a boa saúde, quem nos dera!
mas,  velhice  nunca  permite,   como  agora,
só nos vêm os invernos, mas não primavera!

Permanecem tantas lembranças de outrora,
que nos parecemos muros repletos de hera;
ingerimos   remédios   de   hora  em   hora,
vivemos tempo enorme na sala  de  espera.

Sonhar  com vida melhor sequer  adianta,
pernas  pesadas, vista curta, o que se tem;
agrura no caminhar,  tão  danosa  e tanta,
que não desejamos tal coisa para ninguém.

Porém há vantagem: nada mais nos espanta
então, ser   livres  como  somos  nos convém.

terça-feira, 29 de maio de 2018

A idade manda

Claro, há milhões de óbices contra a idade,
essa que nos acossa e oprime bem de perto;
contudo, é somente  isso:  uma  realidade,
ser  idoso  não quer dizer menos desperto.

E contornar os anos? Nem que a vaca tussa!
acatemos   nossa   velhice   em  justa  calma,
porque  os  saberes  do  mundo  nos debruça,
e quando o corpo decai, se reconstrói a alma.

Ah, mas não era desse jeito que eu desejava!
não  importa,  é a  natureza quem comanda,
que caga e  anda se uma  pessoa está brava.

Mesmo  que  a tevê faça sua propaganda,
a  cada  ano,  mais  a decrepitude agrava,
e horrores da velhice aumentam demanda.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Feliz aniversário Karla!

K arla, sem dúvida sabe o que quer
A ssim, ela e o  filho Vitor vão bem
R aça  de  boa  índole  essa mulher
L evando a vida como lhe convém
A gora, apta para o que der e vier

F oram-se  muitos  anos de casada
O nde labutou e criou bem seu filho
N esta   vida   jamais   ficou  parada
T em ânimo, vontade e muito brilho
E está fazendo anos, garota ousada!
S eja então feliz no seu doce exílio!

PS - Karla é sobrinha.

domingo, 27 de maio de 2018

À vida

Viver sem susto, vida sem porfia,
modorrice que não oprime o peito;
longa existência como se queria,
com tão pouco, se vive satisfeito.

Entretanto, a nossa alma repudia,
para nosso corpo, apenas respeito;
passar pelo mundo, sem alegria,
e sem tirar da vida algum proveito?

Porém, a vida será o que faz dela,
não há receita como um bolo fosse;
tudo que existe além da janela,
é plena vida, amargosa ou doce.

A vida são valores que se atrela,
àqueles que do nosso lar se trouxe.

sábado, 26 de maio de 2018

Minhas palavras

Não quero uma palavra imponente ou escrava,
desejo-a pura, exata como se escreve;
e pouco importa se quilométrica ou breve,
pois, bem vinda seja se uma rima destrava.

Palavra sólida não derrete, não é lava,
tampouco serve, se gelada como neve;
e palavra pesada abafa a idéia leve,
tem que ter sonoridade se um tanto cava.

O termo deve definir justo, não tudo,
porque as possibilidades são infinitas,
dos galácticos conglomerados ao miúdo.

Mas aquelas que talvez nunca foram ditas,
pois serão aproveitadas por mim, contudo,
vêm do pensamento e passarão a ser escritas.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Palavra

Gosto de explorar palavra não navegada,
destacando-a como se fosse minha;
mas trato com carinho, como namorada,
espero mostra-la no potencial que tinha.

Fico feliz, quando encontro numa estrada,
aquela palavra na busca duma linha;
e certamente vou deixa-la deslumbrada,
sacando dela conotação que detinha.

Não julguem, não desejo termo que corusca,
palavra viva repleta de pretensão,
sequer será objeto de minha leda busca.

Vou procurar termo que nunca diga não,
seja encontrável e simples tal um fusca,
que é confiável, jamais te deixa na mão.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Sou vítima de DNA

Eis que, o  joelho  direito já não está bem,
minha  vista     imagens baralhadas  vê;
e existem muitas outras mazelas também,
que vêm, permanecem e sequer sei porquê.

Que ocorreu com aquele abundante cabelo,
que  acomodava-se  nesta  minha  cabeça;
o  qual,  agora   pois,  mal  consigo  vê-lo,
antes  que  totalmente  pois   desapareça?

Cada órgão do corpo a mim quer dizer não
e equacionar  o  que  acontece  me  intriga,
talvez cada dia um prego a mais no caixão.

Sequer penso em comprar essa terrível briga,
porque  esse problema  jamais  tem  solução,
sou vítima de  Data de Nascimento Antiga.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Poeta louco

Pregando no deserto, louco, andava,
trânsfuga vate, transido de amor;
mas por que enlouquecido ele estava,
não sabe que amar o faz vencedor?

Mas manter vida saudável, cismava,
deseja simplesmente recompor;
contudo, sua mente não deixava,
paixão punha o cérebro no torpor.

Mas o bardo há perdido a razão,
porque amor lhe é estranho talvez,
e seus neurônios perplexos estão.

Louco, porque louco romance o fez,
Eros, com a varinha de condão,
desativou sua plena lucidez.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Saudosismo



Me vejo o menino tolo de outrora,
que cria em duende e feiticeira;
era quando brincava a qualquer hora,
gozando a vida na minha Palmeira.

Gostava de ver no campo as flores,
inocência e bucolismo um quanto;
a que lembrar infância sem dores,
e o mundo lá fora verdadeiro espanto.

Uma Palmeira dos meus verdes anos,
ou criação duma mente saudosa,
a qual constrói fantasias e enganos?

Palmeira, a enxergo mui carinhosa,
nos acolhedores espaços urbanos,
Cidade Clima, imponente e formosa.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

A vida é...

A vida que a natureza nos deu,
poderá ser de brilho cor-de-rosa;
ou obscura, fosca, misteriosa,
mas, aquilo que tu ganhas é teu.

Contudo, o que nossa alma anseia,
poderá estar muito além do alcance;
então, por mais que uma pessoa avance,
pode permanecer na sua aldeia.

Mas, não julguemos o ser que vegeta,
porque cada homem faz sua escolha,
respeitemos portanto sua meta.

E ninguém sobrevive numa bolha,
seja pessoa animada ou quieta,
ou que o indeterminação acolha.

domingo, 20 de maio de 2018

Soneto sem noção

Mas o Planeta guarda seu segredo,
talvez nos sombrios abismos do mar;
para o homem resta respeito e medo,
no interior da mente a vicejar.

Na verdade pode ser um tesouro,
que vale muito, talvez mais que a vida;
e do qual todo o futuro vindouro,
resgatará a dignidade perdida.

Mas o mundo outro segredo contém,
que interfere na existência nossa,
adultos, vemos moços com desdém.

Enquanto deles nós fazemos troça,
esquecendo que fomos jovens também,
e que sequer tínhamos a voz grossa.

sábado, 19 de maio de 2018

Aniversariantes



N o mês de maio nasceu o piá Benjamin
E ntão em dezenove ele faz aniversário
T odos portanto cumprimentamos enfim
O seu  mais  festivo  dia   do  calendário.

E não fica apenas neste aperto de mão

V em sua avó Brandina do sul do Brasil
O rgulhosa de seu neto bem cabeludão
V ó cheia de gás, duma animação febril
Ó Ben  e  Vovó, nossos parabéns então!

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Lucidez

 As vezes, esta minha mente errante,
que frequenta livraria e não bares;
se perde pelos pelágicos mares,
de translúcidas sereias cantantes.

Mas, vejamos, sou apenas figurante,
o qual observa a verdade nos ares;
aves com seus argentinos cantares,
e astro-rei com seu brilho cintilante.

Transcendência disso me deixa aflito,
porquanto tudo mostra a claridade,
aquilo que no esconso está escrito.

Avassaladora essa imensidade,
porquanto algo que tange o infinito,
alcançando as raias da eternidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Criando

À natureza bela que me inspira,
ao versejar ameno, não fremente;
que consome nossas almas na pira,
mas apenas o que meu íntimo sente.

Fico feliz quando algum verso medra,
como a delicada flor num jardim;
mesmo que seja meu jardim de pedra,
tosco e carente, bem maltrato enfim.

Tanto melhor quando o fazer é lento,
então algo memorável vem depois;
produto puro de meu pensamento,
do meu coração, ou talvez dos dois.

E sempre penso naquilo que faço,
como sendo uma parte de mim;
mas se resultado parecer lasso,
faltou-me talvez alento por fim.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Minha obra

A minha arte não contém melodia,
e tampouco essas flores perfumosas;
tais como dálias, cravos e rosas,
o que faço é somente poesia.

Que seja, assim me falta harmonia,
daquelas abundantes nas prosas;
e que certamente são preciosas,
porquanto trazem substância ao dia.

Componho, sem surpresa ao que vem,
não produzo tiradas com sarcasmo,
dispenso o mal, escolho sempre o bem.

As vezes o mundo me deixa pasmo,
contudo, boquiaberto também,
porque tudo atiça meu entusiasmo.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Outro tributo a Gregório de Matos

Um todo unívoco nunca existe,
porque se o fizermos, será arte;
então por enigmático e triste,
cada todo é apenas uma parte.

E mesmo que seja ereto, em riste,
perguntar-se-á: por que destarte?
e por que apesar de tudo resiste,
como se fora firme baluarte?

Talvez um todo sejamos só nós,
e parte dalgum conjunto integrante,
como nossas partes feitas de pós.

Mesmo sendo só parte, indo adiante,
apesar dos óbices, e dos nós,
e todo ou em partes sempre elegantes.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

No caminho da vida

Pouco importa o que nesta vida anelo,
e do que consiste aquilo que sonho;
ou quanto mistério por aí desvelo,
e mesmo no que minhas fichas ponho.

E pouco importa se desejo alento,
ou se continuo andando à frente;
porque sou dono do meu pensamento,
e as dores da vida sou eu quem sente.

Então, não sou homem de chorumelas,
tampouco de só traspassar remanso;
confio demais em minhas canelas,
e se tenho meta, corro e não canso.

Pra mim barreiras da vida são belas,
portanto quando eu as encontro, avanço.


domingo, 13 de maio de 2018

Minha mãe

Eis que nunca se trata burro a pão-de-ló,
ditava o adágio, minha mãe por toda parte;
a dizer que de estultos pra não se ter dó,
pois estes o são porquanto querem destarte.

Ditados e adágios dela eram baluarte,
alguns simples, mas outros do borogodó;
como: “Se o bolo é bom, burro quem reparte” ,
e:  “Quem tem bons amigos nunca fica só”.

Era assim minha querida mãe Leonor,
excelente cozinheira de carne e massa;
que seus ditados sabia sempre onde por.

Naquela vida, de bens e dinheiro, escassa,
dona Leonor nos dava exemplos e amor,
com sapiência de vida e bastante graça.

sábado, 12 de maio de 2018

Feliz aniversário meu filho!



Você parece fazer parte do cenário,
está bastante perto do seu quaternário;
mas de muita força é concessionário,
felizmente ainda no seu zênite etário.

Então te preocupa hoje o calendário,
contudo, o tempo de jeito algum é sectário;
então jamais oculta seus anos no armário,
porém soma vida nos seu fazer diário.

Mas nada de sério problema coronário,
segue rumo pra ser um septuagenário,
diga-se, idade, que da vida corolário!

E o tempo passado não é adversário,
e como não existe tempo ao contrário;
Adriano, te desejo: feliz aniversário!

sexta-feira, 11 de maio de 2018

O sol e nós

Como a luz brilhante que refulgia,
que leves imagens claras entorta;
a noite que era escura virou dia,
quando o astro rei entra pela porta.

Até mesmo o calorzinho que havia,
sendo tão pequeno que não conforta;
foi levado embora pela ousadia,
do sol que alguma caldeira transporta.

Porém a luz ilumina a desgraça,
enquanto todo o esconso repele,
e mostra aquilo que se escondia.

Agora, luminosidade grassa,
e sentimos acariciar a pele,
tal como não esperada magia.