segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A Fábio

Acróstico em pretenso gauchês a Fábio, meu amigo de querências tão remotas que já nem sei se nascemos juntos.

Macanudo de boa cepa de Rio Pardo
Amigo de seus amigos esse gaudério
Relho e soga na mão, visão que guardo
Charla e mateia: levando tudo a sério.

Oigalê! De pala e bombacha no Pingo,
Sacudido e tapejara, este vivente guapo
Farropilha cuera de segunda a domingo
África comete sem garganta, sem papo.

Boleadeira não é ilhapa nem estranha
Ixê! lhe caem do bolso butiás, as vezes
Orre diacho! Se na merda rival se banha!
Tenência é para os borrachos e as reses.

Empantufa-se de seus filhos este vivente
Inclusive de Marilene, a prenda preciosa
Xucro se torna se mexem com sua gente
Enquizilha, então acaba qualquer prosa.

Indio velho desse mundão sem porteira
Riograndense de russilhonas blasonadas
Aboletado no Capão da Canoa de cadeira
Despacito, tropeia lesmas nas calçadas.

Emboleia-se, as vezes, no lento caminhar
O que não limita a boa vida deste colhudo
Lento, sempre encontra seu próprio lugar
Inclusive desta existência ele sabe tudo.

Vaqueano, o vivaracho vareia de vereda
E trote largo, deste cabo véio não é praia
Indiferente, seja numa lomba ou ladeira
Risca rua Marco, tal como não fosse raia
Afroxar jamais, nem que o mundo queira.

Um comentário:

  1. Caro amigo poeta Jair, é como sempre digo, tu és poeta para qualquer assunto, conhecedor da lide poética ou da lida como dizemos aqui no velho Rio Grande, pois nesta bela homenagem ao Fábio de Oliveira, mostras teus conhecimentos das nossas coisas tal um gaudério genuíno, vivente do pampa, da fronteira, enfim, de todas as querências gaúchas.
    Um abraço. Tenhas uma boa semana e um maravilhoso ano.

    ResponderExcluir