sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O vira-latas

Ao relento, molhado, numa noite fria,
pelo sereno que lentamente ressuma;
o cão abandonado não tem fantasia,
sente-se acolhido somente pela bruma.

Só lhe vem esperança que esta noite suma,
lembrando do calor que no lombo ardia;
do jardim de hortênsias que o vento perfuma,
o qual definha toda tristeza do dia.

Viver não é preciso, pois futuro é incerto,
tudo conspira pra que não tenha ilusão,
o céu está distante e o frio está bem perto.

Porquanto vai levando esta vida, pois não!
as vezes, abrigado, no mais, a céu aberto,
afinal, tudo bem! Que se espera dum cão?

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O bem e o mal

Segue o maldito pelas ruelas sombrias,
a cada esquina montando suas esperas;
talvez cabalístico Golem de outras eras,
o qual, sempiterno transita em nossos dias.

Certamente, busca motivos pra porfias,
assolado por estranhos elãs das feras;
contudo, intenções possivelmente sinceras,
que mantêm suas atitudes calmas, frias.

Contudo pergunto: onde se encontra bondade?
já que do Golem e do demônio trarão,
somente, desastres, morticínios e males?

Como o homem transita pela fealdade,
tentar modificar, é apenas sonho vão,
embora o onirismo sempre nos regale.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Brizola e o gado

O Brizola, naquele entendimento rude,
Se via apontando o caminho para frente;
Bem verdade, não era poço de virtude,
O que o dimensionava tão igual a gente.

Idealista, de propósito premente,
Sem remorso de como tomar atitude;
Era todo coração comandando a mente,
O populismo dele quase sempre ilude.

Sobre se fazia o certo ou mesmo errado,
Hoje se diz que fora pixador de muro;
O que nunca o redimirá dalgum pecado.
Mácula que o leva da glória ao lodo impuro.

E assim, aquele boi dum arcaico passado,
Não será retrato do homem do futuro,
Se depender de Brizola, o homem é gado

terça-feira, 28 de agosto de 2018

A origem do buraco

Na ilha da fantasia, Brasília, felizes,
os morubixabas com ambições astutas;
empenhados naquelas mesquinhas disputas,
nos desgovernam pensando nos seus narizes.

Parlamentares com intenções dissolutas,
nas superfícies brilhantes lautos vernizes;
a mostrar que são veros atores e atrizes,
escondem suas vergonhosas almas brutas.

Pobres de realizações, anchos de foros,
se valem de militantes, servil rebanho,
que à voz do sagaz populista, entoam coros.

Sob aquela mesma política de antanho,
com discursos vastos e bastante sonoros,
põe Brasil num atoleiro deste tamanho.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Sem pureza

Muitas vezes, me surge constructo obsceno,
que fruto, talvez, dalgum desejo oculto;
e vai crescendo que acaba tomando vulto,
quando, na origem, era humilde e pequeno.

E, por assim dizer, me vejo burro, estulto,
meus versos se parecem com puro veneno;
anulando aquilo que seria só ameno,
e se era elogio, se transforma em insulto.

Porém ainda que minha mente me cobre,
a feitura de qualquer texto, não controlo,
então, por isso, não produzo nada nobre,

Porquanto apenas vivo no nível do solo,
com certa inspiração um tanto pobre,
mas, com tal mediocridade me consolo.

domingo, 26 de agosto de 2018

No vernáculo

E, nas palavras do vernáculo, perdi-me,
então procurei novos termos, encontrei-os;
mas eram bem estranhos estes nomes feios,
o texto que fiz, minha intenção não exprime.

Porém, sei que criar linhas ruins não é crime,
mesmo que não bem traduzam belos gorjeios;
espero que meus escritos pareçam cheios,
porquanto conduzam à conclusão sublime.

Porque há que exprimir emoção tremenda,
fixar na pauta até pensamentos furtivos,
numa eloquência viva, fugaz, e que inflama.

Refletindo a veracidade duma lenda,
convencendo até os mortos que, estão vivos,
afinal, esgotado, deitar-me na cama.

sábado, 25 de agosto de 2018

Homo, o virus do Planeta

O universo conspira para o bem, suspeito,
enquanto o Homo sapiens, bem ao contrário;
como não fazendo parte desse cenário,
tenta fazer toda coisa, assim a seu jeito.

Desde sempre, o homem, este sanguinário,
cumprindo a rotina de desfazer o feito;
então, o que desfez, refaz, porém com defeito,
impinge no mundo seu melhor bestiário.

Resulta da ação do Homo sapiens, luto,
enquanto for pertinaz pregador do mal,
comportando-se como troglodita bruto.

Haverá nenhum futuro pra ele, afinal,
em que pese pensar-se animal absoluto,
o qual não passa de coliforme fecal.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Eu e Rocinante


Como Don Quixote em sua cavalgadura,
com coragem, enfrentado moinhos atrozes;
vou para onde me enviam minhas vozes,
numa romântica caminhada que dura.

Amoque, faço da existência uma procura,
desviando-me de montanhas como algozes;
e de velhos fantasmas e bichos ferozes,
vou perdido, caminhando na noite escura.

Dizem-me apedeuta caçador de quimeras,
o qual desconhece caminhos mais suaves,
que tem suas metas difíceis, mas sinceras.

Que tu, com toda certeza, jamais desbraves,
porquanto te move medo ferrenho de feras,
e, sequer, dá-se ao respeito com meras aves.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Autor e obra

Mas, as vezes existe atmosfera que implora,
fazendo com que cometer versos avente;
tal como se existisse algum tema pendente,
o qual o meu alumbramento fraco só ignora.

Há que saber, inspiração nunca tem hora,
se existe um gatilho, este o poeta sente;
se, e quando, surge de seu subconsciente,
obra nova que vai surgindo sem demora.

Contudo, o vate ignora como ela seria,
se será inspirada ou mero poema morto,
entre autor e obra deve haver sintonia.

Portanto, vai poeta em busca desse porto,
crendo no que dirá através da poesia,
algo que o deixe feliz e no seu conforto.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O Tempo

Um único ente é plenamente soberano,
traz a morte, ou pode manter a chama acesa;
pois asséptico, elimina toda impureza,
o mais imperioso algoz do ser humano.

Indiferente a quaisquer dores e tristeza,
é muito maior que o gigantesco oceano;
e, filosoficamente, é cartesiano,
contudo, nunca põe comida à nossa mesa.

Ele é o tempo, o tal fabricante de decujos,
o qual concorre para muitas orfandades,
nunca poupando comandantes nem marujos

Porém o tempo transcende tudo que existe,
então, dizem que ele inventou a própria saudade,
e que, nem por isso, se deixou ficar triste.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Pastichando Bilac: A língua

E, disse o poeta, que és inculta e bela,
que tu representas luzes e sepultura;
de primícia duvidosa, talvez impura,
contudo, que suas boas origens, vela.

Acusou-te de permanecer tão obscura,
embora com uns laivos de língua singela;
mas que poderá ter potência de procela,
e capaz de participar tanta ternura.

Atesta que sentiu teu fortíssimo aroma,
e quando vieste por este mar tão largo,
ó tão grosseiro e sofisticado idioma.

E lembra quando sua mãe disse: “meu filho!”
cita Camões escrevendo no exílio amargo,
apesar de preso, teso e sem nenhum brilho.


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Blake Lopes

                                               Blake meu segundo neto australiano

B aixinho   hoje   faz   aniversário
L á  muito  longe  na  bela Kaiama
A penas nada existindo contrário
K ake! sua mãe que ele tanto ama
E stá  fazendo  pro  niver  anuário.


Parabéns Blake!


domingo, 19 de agosto de 2018

A minha floresta



Floresta ombrófila por sobre montes onde,
oculta-se a gralha, e o verde transuda orvalho;
segue piando o mutum e o socó responde,
enquanto observa o assum do alto do galho.

O calor do sol não trespassa a tua fronde,
as folhas, às aves fornecem agasalho,
o carrascal fechado seus preás esconde,
e meu olhar pasmo, pelos esconsos espalho.

Minha floresta, aqui tenho dias felizes,
então ao vê-la quase intocada assim, exulto!
em que pese algumas feias cicatrizes,
marca registrada do tal homem estulto.

Desejo-lhe: mantenha sólidas as raízes,
talvez, o humano, um dia, pare o insulto.

sábado, 18 de agosto de 2018

Homo sapiens

Pois é, somos a vitória alegre do gene,
aquele que venceu, não se deixou ficar;
cuja única missão é se tornar perene,
e permitir ao Homo sapiens sonhar.

Algum ser existirá que não se aliene.
e não se coloque soberbo num altar;
achando-se o melhor e ficando solene.
esquecendo-se de, aos outros seres, amar.

O homem viverá quando tornar-se impoluto,
quando entender que é apenas mero fruto,
o qual tem certa faculdade de pensar.

Talvez o simples galho de frondosa rama,
da árvore da vida que atra sombra derrama,
e que é muito bom para ele sempre lembrar.

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Ser feliz

Está ruim? Enfrente o problema sorrindo,
deixe a humanidade escutar os seus cantos;
evitando lamúrias, reclamos e prantos,
e que o sorriso de todos seja bem-vindo.

Pois, viventes a lamentar haverá tantos,
expressando o que no íntimo estão sentindo;
a dizer que algum mundo feliz está findo,
enquanto a tristeza destrói todos encantos.

E sempre haverá gente de bem, por certo,
homem que frente ao revés se sente tranquilo,
o qual acredita no amor, e ser amado.

E, sente-se por um véu de luzes coberto,
de modo que sempre contou com isto e aquilo,
porque ser feliz é seu permanente estado.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Numismática


Serve para apenas três coisas o dinheiro,
é trocar por bens ou serviços a primeira;
usar como troco quando for nota inteira,
colecionar, pro numismata verdadeiro.

Portanto, recorre ao comércio o numismata,
sabe da oportunidade quando aparece;
então, entusiasmado um preço oferece,
regateia se tal nota não for barata.

Em seguida, depende do próprio vendedor,
fechar a venda, sem explorar o comprador,
e para que tudo aquilo termine festa.

Afirmo, gostei desta transação demais,
produto bom, honesto e todos os que tais,
e Mercado Livre um bom serviço presta.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

As aves e nós

Como seres que só se reúnem em bando,
os passarinhos, desde tempos de outrora;
são viventes que inauguram os sons da aurora,
abrem a manhã recém nascida, cantando.

Figuram no céu com suas asas cortando,
nuvens etéreas que logo vão-se embora;
mas essas aves indicam que já é hora,
de mandar mensagem enquanto vão voando.

Logo, dizem que o mundo é melhor sem nós,
e que somos seres carentes de carinho,
humanos são a mais horrenda criação.

Que humanos jamais podem ficar a sós,
porquanto homem destruirá o próprio ninho,
e que ao vigor da natureza dirá não.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Um avião para mim.

Embraer E-190

No ar  rarefeito  foram  quarenta  anos,
observando nuvens e pássaros por cima;
numa  máquina  poderosa  dos  arcanos,
independente do dia, de qualquer clima.

Era,  pois,  trabalho  prazeroso, confesso,
sentir-se  leve  e  comendo  espaços  reais;
sem estar tolhido, preso ou sequer opresso,
trabalho  de  aeronauta, sempre é demais!

Independente de  tudo ao avião fui fido,
então, nenhuma dor  agora  me consome,
aposentado e com  o  ócio  esperado  lido.

Voei no intenso calor, no frio, com fome,
mas enfim, meu trabalho foi reconhecido,
a Embraer batizou avião com meu nome.

domingo, 12 de agosto de 2018

Dia dos pais




Acróstico para meu filho Augusto, pai duas vezes:

D iversa  será sua vida, meu rebento,
I nserido agora em  nova  categoria,
A proveite pois bastante, não seja lento.

D epois de filho,  pai você certo seria,
O Planeta roda nesse seu movimento,
S em os pais, não existe sequer poesia.

P ode apostar nos filhos agora, Augusto!
A ssim passe para  eles boa educação,
I ncluso dê-lhes  noção do que é ser justo,
S aborosos, verá  que os dias bons serão.






Acróstico para meu filho Adriano, também pai de dois filhos:


D a Austrália, do Brasil, até do Canadá,
I njunção perfeita que gerou esta família,
A gora em Kiama, lugar melhor não há

D ias bons  essa  especial gente pois trilha,
O s dois  filhotes, tesouros  seus daqui e lá,
S alve, pai Adriano que muito mais brilha!

P ai é homem que assume responsabilidade,
A ssim como tem olhos para sua mulher,
I ndio Kaingang de bastante  qualidade,
S im, Adriano é o pai que todo filho quer.

sábado, 11 de agosto de 2018

Silvícolas indolentes?



Nunca soube dum índio sendo ser indolente,
conforme   falas    dum    cogitado    general;
Roberto  Campos   prócer,   dito   inteligente,
quando  assim   falou  fê-lo  realmente   mal.

Quando chegou aqui o navegante português,
chamou   o   silvícola   livre   de   preguiçoso;
deles, esquecendo  de  perceber  seus  porquês,
submerso  em seu  preconceito veraz maldoso.

De consumir, índios não tinham precisão.
suas vidas estavam  tão  bem  arranjadas,
que  nada  queriam  de algo melhor, então.

Portugas, mentes com  sífilis  infectadas,
queriam   colocar   índios  na   escravidão,
mas,  índios os mandaram às bacalhoadas!

OBS - Meu avô materno era índio Kaingangue e nunca foi preguiçoso.