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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Comportamento

Às vezes, quando obstáculo me supera,
neste tão determinado caminho que ando;
e sem saber para onde vou, nem mesmo quando,
vivo cada estação, menos a primavera.

E no entanto, indiferente, continuo andando,
supondo que cada curva a frente é sincera;
e que posso voltar atrás, se assim quisera,
porquanto, minha vida está sob meu mando.

Sinto que desse modo foi na juventude,
porém, muito diferente é nesta velhice,
embora, seja vida eivada de virtude.

Bom é que, velho eu cometo menos tolice,
porque na mocidade, já fiz o que pude,
pois os anos nos acalmam, alguém me disse.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Beleza interna

Toda manhã, contraste entra pela janela,
uma dolorosa verdade vespertina;
beleza sã que no fim do dia termina,
mas que desperta maior horror dentro dela.

Porque imperioso ciclo se revela,
que vai do nascer àquela fatal ruína;
que traz rugas e frescor da pele assassina,
transformando em baranga moça que foi bela.

Apesar das cirurgias, muito desgosto,
plásticas que só mascaram a sufoca-la;
sequer lembra como fora seu rosto,
e mesmo a dicção agora por vezes resvala.

Evita sair a céu aberto com sol posto,
sua formosura, só escultura de sala.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Velhice, idade da razão

Quando  a  leveza da juventude vai embora,
que  permaneça a boa saúde, quem nos dera!
mas,  velhice  nunca  permite,   como  agora,
só nos vêm os invernos, mas não primavera!

Permanecem tantas lembranças de outrora,
que nos parecemos muros repletos de hera;
ingerimos   remédios   de   hora  em   hora,
vivemos tempo enorme na sala  de  espera.

Sonhar  com vida melhor sequer  adianta,
pernas  pesadas, vista curta, o que se tem;
agrura no caminhar,  tão  danosa  e tanta,
que não desejamos tal coisa para ninguém.

Porém há vantagem: nada mais nos espanta
então, ser   livres  como  somos  nos convém.

terça-feira, 29 de maio de 2018

A idade manda

Claro, há milhões de óbices contra a idade,
essa que nos acossa e oprime bem de perto;
contudo, é somente  isso:  uma  realidade,
ser  idoso  não quer dizer menos desperto.

E contornar os anos? Nem que a vaca tussa!
acatemos   nossa   velhice   em  justa  calma,
porque  os  saberes  do  mundo  nos debruça,
e quando o corpo decai, se reconstrói a alma.

Ah, mas não era desse jeito que eu desejava!
não  importa,  é a  natureza quem comanda,
que caga e  anda se uma  pessoa está brava.

Mesmo  que  a tevê faça sua propaganda,
a  cada  ano,  mais  a decrepitude agrava,
e horrores da velhice aumentam demanda.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Sou vítima de DNA

Eis que, o  joelho  direito já não está bem,
minha  vista     imagens baralhadas  vê;
e existem muitas outras mazelas também,
que vêm, permanecem e sequer sei porquê.

Que ocorreu com aquele abundante cabelo,
que  acomodava-se  nesta  minha  cabeça;
o  qual,  agora   pois,  mal  consigo  vê-lo,
antes  que  totalmente  pois   desapareça?

Cada órgão do corpo a mim quer dizer não
e equacionar  o  que  acontece  me  intriga,
talvez cada dia um prego a mais no caixão.

Sequer penso em comprar essa terrível briga,
porque  esse problema  jamais  tem  solução,
sou vítima de  Data de Nascimento Antiga.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

E la vita va...

Nada melhor do que termos setenta
Embora nos surjam rugas na face
E um caminhar claudicante se trace
Porque nesta idade a vida é lenta.

Mais velho, tanto mais revés se aguenta
Porém nenhum problema nos enlace
E pra andar de ônibus nós temos passe
Sequer mais ligamos pra vestimenta.

Já não nos contempla fala sagrada
Sim, ouvimos, mas não dizemos nada
Felizes, ninguém quer nosso palpite.

E quando se fala de cemitério
É, pode ser assunto muito sério
Mas não devemos pensar em convite.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Caquético

Ah! que saco ouvir aquelas falas
Ali, dizendo que é bom ser velhinho
Porquanto acho que parece mesquinho
Galgar uma velhice sem escalas.

Porque nós, velhos, vivemos em salas
De esperas médicas, o nosso ninho
Onde só tem água, mas não carinho
Trocando dores, portando bengalas.

Para todo velho, o tempo é cego
Mas a ele sem receio me entrego
Porque pior é achar que se pode.

Quando, na verdade, se foi esta vida
Pois envelhecer na justa medida
É perfeito, desde não te incomode.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Não se é jovem para sempre

Dono do mundo, quando se é moço
A existência? vivaz e enlouquecida
Enorme avenida larga é a vida
Força nos músculos que é colosso.

Na juventude não existe fosso
Mente aberta na cabeça erguida
Bom humor frente a óbices da lida
Nada é prá sempre, tudo é esboço.

Contudo, quando chega certa idade
O viço se transforma em saudade
Pois os problemas bem maiores são.

Então, o que era doce se acabou
Das delícias da infância nada restou
À frente? ponto de interrogação.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Velhice

As vezes me sinto velho e cansado
E sento-me, a lamber minhas feridas
Então me vêm dores indefinidas
Que maltratam este corpo fatigado.

Sinceramente? Sou gente “no estado”
Que já viveu, talvez, múltiplas vidas
E que anda sobre estas pernas tremidas
Vive de teimoso, como o ditado.

Acompanha-me constante fadiga
Que portanto já se tornou amiga
Então minha autonomia governa.

Veja, ser um velho me deixa farto
Mesmo sabendo que bem logo parto
Para que a desgraça não seja eterna.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Minha vida

Consciente, o fim desta vida estou beirando
Será que devo me sentir nervoso, teso
Por ter que carregar este terrível peso
De ter certeza que me vou, mas não sei quando?

A vida não nos é dada tal contrabando
Porém, a ela não estou plenamente preso
Enquanto vivo mantenho meu élan aceso
Vou comendo, andando, e alegre libando.

Pior, passar pela vida sem ter percebido
Dinâmica que certo ou errado nos conduz
Então dá a esta existência todo o sentido.

E é bom saber que no fim do túnel há luz
Para não pensar que o tempo foi perdido
E perguntar-se, onde minha vida eu pus?

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Homo idosus

Vai, idoso, fazer sua caminhada lenta
Indo pra longe, talvez, de sua morada
E saiba que de andar, idade não isenta
Pois está a tua espera, a trilha calada.

Porém, ninguém é moço com mais de sessenta
Embora a vida seja muito sossegada
Contudo, se correr por aí você intenta
Lembre que é difícil até subir escada!

Mas, perceba a magreza deste seu teu braço
E a quase inexistência da sua bunda
Essa presbiopia no teu olhar escasso.

Enquanto mais nos teus anos você afunda
Então, uma advertência portanto lhe faço:
De tanto olhar o solo vai ficar corcunda.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Envelhecendo

Cadê a força que existia nos meus braços?
E que pneus são estes já na minha cintura?
Porque, no meu cabelo há tantos espaços?
E até minha visão, sem óculos, fica escura?

Atualmente será que estou a quebrar laços
Ou é somente reflexo de uma vida madura
Que, não obstante, as negaças e rechaços
Debuxam o curto caminho para a sepultura?

Contudo é assim tudo que vive se desgasta
E não há porque ficar desarvorado, portanto
Deve-se aproveitar esta existência, e basta.

E entenda, não importa que se viveu quanto
Importa somente que seja experiência vasta
E que tenha aproveitado todo o seu encanto.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

26/07 Dia dos avós

Lembro, os meus avós eram doces velhinhos
Já contemplativos com memória falha
Pareciam viver noutro mundo, sozinhos
Cientes de cada luta, cada batalha.

Meus avós pareciam meio transparentes
Magros, saúde um tanto comprometida
Já não dispunham de seus verdadeiros dentes
E, talvez já cansados de viver a vida.

Porém, hoje as coisas não são mais assim
Pois todo velho à tristeza espanta: xô!
E também não fica pensando no seu fim.

Não ao tempo de ficar triste, borocochô!
Contudo, digo tal coisa apenas por mim
Porque recentemente me tornei um avô.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Velhice é foda!

Juntas duras, dores e pelanca caída
Vésperas de ficar horizontal na mesa
Sendo que é na farmácia a maior despesa
Fazer com cuidado, numa justa medida.

Velhice, uma alma já quase ascendida
Desta vida descobrir aquela crueza
E caminhar pela rua a maior dureza
A cada dia um pouco menos de vida.

E jamais usar uma cueca apertada
Esquecendo-se que houve dias de glória
No inverno, não esquecer gola levantada.

Lembrando muitas vezes da longa jornada
Mas esquecer até que tivera memória
Sentado na varanda, vida sossegada.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Decrepitude é isso

Percebendo certa flacidez de meus braços
Descubro uma decrepitude de repente
Agora sei que a minha percepção não mente
Quando só libera informes assim escassos.

Eu deveria observar os trôpegos passos
Os quais muito pouco me conduzem à frente
E atividade tão parca da minha mente
Sem contar que tais estímulos estão lassos.

Além de tudo a paisagem me parece erma
Como se minha cabeca estivesse enferma
Também corre acelerado meu calendário!

Dias, meses e anos passam rápido, então
Me dizendo que existência é a negação
Porquanto esperar a morte é meu calvário.



terça-feira, 4 de abril de 2017

Velho sim! e daí?


Velho, ancião, septuagenário ou vetusto
Os pés que se arrastam, andando inclinado
E sem nenhum esforço, sente-se cansado
Não vê futuro, mas o passado é robusto.

Viver tanto com tantas agruras, é injusto
Bem melhor se tivesse o vigor renovado
Pois é horrivel admitir que esse é seu fado
Porquanto carrega tanta velhice a custo.

Mas quando, e se fosse, interpelado a gritos
Teria uma chance de clamar aos malditos:
Eu sou velho, mas tenho bagagem imensa!

Sei desta vida e faço o quero do meu jeito,
Fedelhos, os palpites de vocês não aceito
Porque não existe obstáculo que não vença.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Decrepitude

Os pés arrastando, cansados olhos baços
Percebendo o mundo como estivesse lento
Falando pouco, escrutina com pensamento
Vive a incapacidade de seus cansaços.

Encolhido sequer se expande nos espaços
O mundo parece turvado e pardacento
Cada dia que acorda torna-se um tormento
Porque desapareceu o tônus dos seus braços.

Esta vida das esperanças destroçadas
Repleta de decepções, eivada de nadas
É uma triste velhice irmão, poço sem fundo.

Inferno de Dante, de gente impenitente
Onde grassam dores e lamentos ardentes
As quais suplicam para agora, o fim do mundo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

24/01 dia do Aposentado

Vagarosos meus dias vão correndo,
Ocos, indiferentes e ócio cresce
Pele flácida, cabelo embranquece
Neurônios exaustos estão morrendo.

Sei que o fim chega, pois então vou lendo
Não existe envelhecimento que cesse
Mesmo a custa de milagres ou prece
E uma existência futura não estendo.

Porém, sossego meu desejo aspira:
Quero, aposentado, viver em paz
Pois qualidade de vida é que me inspira.

Sei que ser saudável serei capaz
Enquanto isso, viver tudo me tira
Pois é assim que a senilidade o faz.

sábado, 1 de outubro de 2016

Hoje é meu dia

Depois de muitos anos na estrada
Ignorar longo caminho andado,
Aduz apenas mente apequenada,
Milhares de nós deixados de lado

Um dia fui jovem, como vocês são.
Naquela juventude inconsequente
Deixando tudo prá lá, sem noção
Isento de juízo, como aparente.

Agora a vida, um caminhar lento
L
igeira, somente imaginação
Deixar ao vento seu pensamento
Obter da vida paz sem emoção.

Ir à frente sem pressa, mas com raça
Dores? mostram que, vivo se está
O pior mal é uma visão escassa
Sem a qual, não se pode ir para lá
O resto? nem ligo, esta vida é massa!

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Encanecendo

Envelheço, vejo à frente a sepultura
Atrás, bastante lá atrás, a mocidade,
E que era certamente a melhor idade
Sequer apercebida naquela lonjura!

Então. agora vida assemelha agrura
Repleta deste sentimento de saudade
Embora aos céus pedindo paz brade
Falta-me porém tolerância e doçura.

Creiam-me, é toruosa esta travessia
Diferente de tudo que na infância vivia
Sou agora tal uma casa abandonada.

Lentidão onde não passam as horas
Silêncio prostração e cinzas auroras,
E afora isto, eu já nem sei mais nada!


Fui brindado com este excelente soneto da Ania:

Caminho só de ida...

Andar vacilante, sigo pela vida
o tempo é curto, e a estrada, só de ida
passos trôpegos...fantasma claudicante
num caminho que termina logo adiante...

Nem a relva, nem as brancas margaridas
percebo nessa andança definida
pelo destino, tirano torturante
que empurra, sem piedade, atropelante...

E o sol vai se pondo, sumindo na tarde
cansada, sozinha, sigo a jornada
suportando a triste sina, calada..

Passos quietos, em frente, sem alarde
De tudo, restou essa saudade danada
e a solidão a me acenar no fim da estrada...
(ania)