domingo, 30 de setembro de 2018

No paleolítico

Medo primordial do homem, foi do escuro,
era onde espreitava uma real ameaça;
porquanto o Homo, com sua defesa escassa,
entre tanto perigo, não via futuro.

Se não se precavesse talvez a desgraça,
cercou-se de armas pra sentir-se seguro;
então evitar falecimento prematuro,
para dar seguimento à humana raça.

Tudo lhe era novo, como fosse um ensaio,
dependia dele aquela sobrevivência,
futuro do homem estava a sua mercê.

Apenas que não lhe caísse nenhum raio,
porque logo, lhe vinha ajuda da ciência,
a qual lhe responderia tudo e porquê.

sábado, 29 de setembro de 2018

Cultura

Não me pergunte o que é essa tal cultura,
a qual varia em conteúdo e também nome;
e que toneladas de neurônios consome,
contudo, que pela nossa existência dura.

Esse ente quase sempre objeto de procura,
e, quando encontrada, tal coisa jamais some;
independe de verbo, adjetivo e pronome,
traduz em nossa existência toda ventura.

Dizemos, frascos menores, grandes venenos,
mas a cultura, sequer ocupa espaço,
porém importa saber mais ou saber menos.

Que distingue homem culto de homem crasso,
uns, próceres, outros de saberes pequenos,
os quais passarão e sequer deixarão traço.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Gentes diferentes

Há os rebeldes e os que aceitam a sua sina,
estes, genuflexos, entregam alma ao santo;
crendo conquistar plena remissão divina,
mas vão se penitenciando por enquanto.

Já os primeiros, fazem da vida oficina,
de construção dum irresistível encanto;
que, quando surge, todo ambiente ilumina,
mesmerizando as consciências, um tanto.

Parece não importar tanta diferença,
aquele histriônico e este tão mais sério,
e possivelmente aquilo que cada um pensa.

Imaginar que neles há algum mistério,
o que acaba valendo será uma sentença:
“Porquanto, ambos vão parar no cemitério”.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Futuro do homem

Ser humano, primata de muitas vaidades,
que  se vê  como  verdadeiro  sal da  terra;
supra  sumo   da  sabedoria,  nunca   erra,
diz-se  vero criador das próprias verdades.

Pois  sua mente  ápice da criação  encerra,
sua  inserção no  Panteon  das potestades;
com intenção de conquistar as divindades,
mas, no fundo, profícuo fazedor de guerra.

Nadando de braçadas na sua arrogância,
este  energúmeno  vai  se  achando  o  tal,
e  nunca  esconde, maldade nem ganância.

E  sequer  pensa  como  vai  ser  seu final,
perdido  em  júbilos  nesta  fria  jactância,
porém, no futuro este asno vai se dar mal.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O Homem no Planeta

O Planeta verá seu fim um belo dia,
morto pela ganância sem qualquer apelo;
pois o homem transformou-o num pesadelo,
em nome de alguma coisa que não se via.

Se há mal latente, o homem irá fazê-lo,
deixa o seu lixo diário onde não havia;
pois aquece atmosfera que antes fora fria,
já transforma-se em líquido o antártico gelo.

Não! Não tenhamos medo dalgum cataclismo,
como terremoto, tsunami ou furacão,
pois será o homem que nos levará ao abismo.

Porque esse energúmeno sem qualquer noção,
primata repleto de presunção e egoísmo,
é animal perverso como os demais não o são.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Homo perversus

Triste, com certeza, nos mostrou inferno, Dante,
então, lá dentro, colocou aqueles que quis;
mas, para alguns homens, inferno não é bastante,
porque, seu mister é fazer o mundo infeliz.

O que se tira de Dante: o mal não é distante,
está ao redor, acima e abaixo, ele nos diz;
mal silencioso, esconso, ou mesmo gritante,
mais das vezes, na frente do nosso nariz.

Porquanto, no Planeta o mal é soberano,
robusto, completo, também irrevogável,
e a grande porte dos homens causa prazer.

Porque é um escroto esse tal de ser humano,
que vai tornar a vida no mundo inviável,
e, como apedeuta, ele mesmo vai sofrer.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Meus versos

Nas nuanças deste vernáculo me enfronho,
sem medo de construir mero bestiário;
deslindando a plenitude do imaginário,
espero, no fim, um resultado não bisonho.

Muitas vezes, termos novos deixam o armário,
e, com eles, minhas besteiradas deponho;
no meu mundo, entre a realidade e o sonho,
poema nem bom nem ruim, pelo contrário.

Só que, a paisagem de minha janela é imensa,
além do horizonte, bem maior que o mundo,
sem pragmatismo alcançando certa utopia.

Livre de superstições, e longe da crença,
explorando um vocabulário mui fecundo,
compondo aquilo que no verso caberia.

domingo, 23 de setembro de 2018

Superstição

Vende, a religião, passe pra vida eterna,
fala que arrependimento a todos redime;
que o universo, uma força divina governa,
e que estamos a mercê de seu regime.

Contudo, consequente a existência moderna,
o homem desprezando o divino e sublime;
grande extravagância material externa,
afirmando que riqueza e prazer não é crime,

Portanto, hedonismo e fé entram em conflito,
ao homem dissoluto o céu não lhe interessa,
mesmo porque não acredita no infinito.

E lhe parece que tudo é falsa promessa,
a qual advém de culto a um antigo mito:
que após da morte nossa vida recomeça.

sábado, 22 de setembro de 2018

Boca calada!

Há hora de falar e de ficar calado,
contudo, mais diz o homem silencioso;
se falar é bom, silêncio é precioso,
já que nalgum ponto, assunto é esgotado.

E não falar é comunicar-se figurado,
enquanto um falante pode ser belicoso;
se estiver num destravamento copioso,
pode ficar então, chovendo no molhado.

E perde-se o mais das vezes, quem fala muito,
porque, são tantas as minúcias que detalha,
que acaba não dizendo nada que lhe valha.

Porquanto o silêncio deve ser um intuito,
falando pouco, tem qualidade de vida,
pois, ouça mais, terá existência divertida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Dia da árvore

Ilustração da internet

Eis que, tenho formato  duma rasa taça,
a minha carne  aos viventes dá  dinheiro,
a floresta  sem eu não tem  alguma graça,
porém sou derrubada sempre por primeiro.

Ser árvore mais formosa de toda praça,
não me liberta do  lenhador intrigueiro;
ao contrário, todo  madeireiro  me caça,
abatida por   madeira no mundo inteiro.

Dessa maneira agora passei a ser escassa,
transformada na lenha para  tal fogueiro,
vítima   duma  sanha   que  jamais  passa.

Acossam-me na mata através de sendeiro,
pra  fazer  papel  me  diluem  na  potassa,
portanto sabem agora, sou o bom Pinheiro.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Japas assassinos!

Um cetáceo no mar, uma potestade,
impondo-se majestático meio as vagas;
mas, na verdade não lhe falta humildade,
e sequer pretende ser ator de sagas.

No oceano impera a baleia na verdade,
que homem idiota, se puder, estraga;
por muito que a baleia se debata e brade,
Homo sapiens a caça como fosse praga.

Os reclamos desta caça caem no olvido,
do primata feroz de cérebro miúdo,
que o equilíbrio da natureza tem ferido.

O Japão mata as baleias só para “estudo”,
afirmação que muitos, e eu também, duvido,
enquanto o Planeta inteiro parece mudo.


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Mecânica cosmológica

No seu eixo de rotação o Planeta se inclina,
translada o sol em elipse quase redonda;
imerso no cosmos, suposto mar sem onda,
rodando com graça de leve bailarina.

E no centro do sistema, astro-rei domina,
pairando sobre todos como mãe bondosa;
que protege planetas da feia nebulosa,
fazendo sempre sua imutável rotina.

Mudas, ao longe, certas galáxias fulgentes,
pedras angulares daquela arquitetura,
que cometas e aglomerados encerra.

Asteróides pétreos em fluxos torrentes,
este universo regido por lei mais pura,
a mesma que nos mantêm colados na Terra.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Civilização

Com frio, o homem construiu o primeiro teto,
tornou o lobo selvagem, verdadeiro amigo;
e deslindou ciclo do tempo, antes discreto,
cultivou adequadamente plantas de trigo.

Forjando alguns metais, tornou-se arquiteto,
o que o concitou a formatar robusto abrigo;
mais tarde, supriu a falta de algum alfabeto,
empunhou galhos feito armas, contra inimigo.

De fibras vegetais confeccionou algum pano,
o fogo que descobriu permitiu a pira,
em seguida torna-se bom usando engano.

Porquanto não lhe faltam astúcia e mentira,
pois afinal, é um bicho somente humano,
que põe fogo em Roma e sai tocando lira!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

História da vida

Imagine que a vida corre como rio,
fluindo indolor, mas dos óbices se esquiva;
e guarda seus segredos em expectativa,
no fundo de seu coração esconso e frio.

As vezes remansoso, outras em rodopio,
nesse curso se comporta tal coisa viva;
mas, o tempo certo dia dela nos priva,
daí então nosso espírito adentra o vazio.

Caminhada que vamos, um tanto espinhosa,
e nos picos, até haverá alguma glória,
que providencialmente o homem a goza.

Então tudo que acontece será história,
porém, submissa à natureza poderosa,
a qual é guardiã da coletiva memória.

domingo, 16 de setembro de 2018

Hedonismo

Pois independente do que executa a banda,
ou que prescreve letras miúdas da bula;
faça aquilo que vossa consciência manda,
eis o comportamento que vos estimula.

Porque, meu amigo, é como este mundo anda,
respeite a todos, vete o pecado da gula;
comendo somente o que estômago demanda,
e não lipídios que a propaganda estimula.

Então, fora junk food, venha só o que presta,
e, assim, desta vida acaba todo mistério,
quando todo o saudável portanto nos resta.

Resta daí, não levar a vida muito a sério,
meio que, todo dia encarar como festa,
pois o que dá prazer nunca é deletério.

sábado, 15 de setembro de 2018

Quase araras

Nos galhos altos, dezenas de cacatuas,
vão anunciando a vida  à sua maneira;
em seguida formam  pares duas a duas,
pra   continuar  assim   a  vida  inteira.

Aves    psitacídeas   de    cores   só   suas,
brancas, penachudas dadas a brincadeira;
adaptadas    às   cidades   em   suas   ruas,
fazem seus ninhos nos buracos da madeira.

E somente na Austrália são encontradas,
onde voejam em bandos sobre as estradas,
são onívoras,  jamais  passam fome então.

Também mantém modus vivendi seculares,
que  é  preservar  intimidade  de seus lares,
parecem   araras,   no   porte  e  no   jeitão.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Prisioneiro

Cada homem carrega segredo em seu peito,
custoso, pesado e perverso esse transporte;
e, para conduzi-lo, o homem se faz forte,
tenta demonstrar-se um ente perfeito.

Porém, quando, a noite, deitado no seu leito,
o homem reflete se realmente tem sorte;
se assim será até encontrar sua morte,
e mesmo se é correto isso que tem feito.

É porque, desse jeito vive duas vidas,
uma condição, no mínimo, bem estranha,
de consequências reais e desconhecidas.

É quando o mais miserável do seres se sente,
como a carregar nos ombros uma montanha,
sem defesa, pés atados: bola e corrente.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O Monstro

Vilão, falso e hipócrita? Sim, és humano!
que és inquilino deste Planeta esqueces;
e, desde a criação, muitas chances tivesses,
e outras tantas terá até descer o pano.

Porque de perversa soberda tu padeces,
e sequer cogitas em entrar pelo cano;
nesse vil egocentrismo bem freudiano,
tanto é, que concebes perversos estresses.

Óh, homem! poderias ter ações sublimes,
e ser arcabouço das melhores virtudes,
contudo, vós inventastes guerras e crimes.

Uma sanha de violência te devora,
prova teu discurso e tuas atitudes,
és monstro que ri na natureza que chora.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O sonetista

Assim é leitor, um sonetista fecundo,
explorando, com habilidade, as frestas;
pois evitando, por vez, soluções funestas,
consegue versejar com mérito, e a fundo.

Na busca permanente do verso rotundo,
de, talvez, definições sinceras, honestas;
haverá que ter gosto por aquelas ou estas,
então, sem receio, representar o mundo.

E encontrar maneiras de falar aos povos,
naquelas suas variedades tão imensas,
mesmo a custa de vários acordos novos.

É coisa muito mais fácil do que tu pensas,
basta ter cuidado, não descuidar dos ovos,
comentários do leitor, serão recompensas.