domingo, 31 de maio de 2015

Acróstico

Ao poeteiro

Quando versar certa rima me acode
Uma espécie de falso alumbramento
Realmente produzo uma simples ode
Então parecer um poeteiro aqui tento.

Respiro atmosfera dos veros poetas
Sigo escolhendo as palavras certeiras
Enquanto no caminho sigo as setas
Resolvido compor a minha maneira.

Poetas são criadores mais maneiros
Onde estiver a musa poetas lá estão
Eles sequer parecem com poeteiros
Tem neste vil mundo alguma missão.

E poeteiros somos imitadores apenas
Inclinados a querer serem iguais vates
Rimas e métricas deles são pequenas
Ou nunca conseguem bons arremates.

sábado, 30 de maio de 2015

A augusto do Anjos

Soneto-acróstico

Tal um fantasma que foge da luz
Na escuridão da noite escondido
E contrária mente insana conduz
Eu sou o zumbi da morgue saído.

Neste pós túmulo úmido e tão frio
Jaz meu corpo pútrido e fedorento
Portanto. de urubu faminto desvio
E lanço estas emanações ao vento.

Mas ninguém percebe a desgraça
Daquele que é assim tão repelente
Que chama atenção quando passa.

Levando nas costas dor que sente
Pois vou carregando podre carcaça
A qual me torna este horroroso ente.

Ao Morcego


Meia-noite, e eu no meu quarto insone
De repente, agarrado no teto, o morcego
Nada que minha coragem me abandone
Ou que viole o refúgio deste aconchego.

É quase ave que mama quando novo
É bicho voador bem prá lá de estranho
Voa, mas não tem penas nem bota ovo
Entretanto feio, causa espanto tamanho.

Num gesto libertário, abro minha janela
E olhar para escuridão lá fora eu o vejo
Uma vontade de cair na noite o atrela
Se vai esse avoante num último bocejo.

Animal sestroso, seu intento não revela
Invadir meu quarto foi somente gracejo.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pensar, é só pensar!


De onde vem ela, como se auto executa?
Vem de sinapses estranhas e misteriosas
Que revolutam em circuitos a força bruta,
Como dos botões desabrocham as rosas?

Vem de neurônios ativados para boa luta
Que formam vastíssimas redes nervosas,
Tremendas complicações iguais a volutas
Que liberam interveniências maravilhosas.

Vê-se que estou falando de algo fenomenal
A qual permite movimento e até verborreia
Sem a qual seríamos um primitivo animal.

Com Homo sapiens essa qualidade estreia
De repente inexiste no Planeta bicho igual
Estou falando do advento da icônica ideia.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Homo terrificus


Cutucando nos meus circuitos cerebrais
A interrogação que exige uma resposta,
Quando Homo sapiens, seres racionais
Ganharam de outros viventes a aposta?

Eu sei que somos todos apenas animais
O Homo se diz supra sumo, assim gosta
Realiza-se à custa mesmo de seus iguais
Esquece que muitas vezes é mero bosta.

Como que julgando-se dono do Planeta
Desconhecendo que é somente inquilino
Ele se diz liberto das amarras da grilheta.

Então comporta-se como filho do Divino
Então nada existe que com ele se meta
Com este que no planeta é clandestino.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Ao cão


Que fidelidade tu tens ao vil homem
Quando toda vida a esse ente aplica
Diante dele teus receios até somem
Mesmo quando Homo nada explica.

Esta subserviência que cães tomem
Que, parece, o cachorro até suplica
É incógnita como é o tal lobisomem
Que pra quase todos é apenas nica.

Cão! Alma superior só por estar aqui
Fiel e companheiro, assaz resignado
Esta a melhor maneira que consegui
Para dizer que bom é estar a teu lado.

Contudo se um dia evolução persegui
É pra tornar-me um cachorro adotado.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sismo em Lisboa

Soneto-acróstico

Foi naquela sexta feira dita santa
A santa Lisboa vivendo tranquila
Terremoto de uma absurdez tanta
Arrasou cais, cidade, arredores, vila.

Látego divino que pois se agiganta
Temeu cristão na sacristia, na fila
Estrondo, que todo povo espanta
Reduzindo tudo, e Lisboa aniquila.

Rio Tejo as mansas águas revolteia
Envolvendo os incautos ribeirinhos
Morrem afogados até na densa areia.

Ouça o céu, não estamos sozinhos!
Terror e perdão previdência semeia
Outra vez encontraremos caminhos.

domingo, 24 de maio de 2015

À morte


Morreu e, por seguinte apagou seu brilho
Desde sempre foi e será, portanto, assim
Foi-se, bem naturalmente, antes do filho
Servirá suas carnes aos vermes em festim

Por que falecer se essa vida não é ruim?
Por que abandonar antes o próprio trilho
E correr, amoque, para um inusitado fim
Onde não haverá algum lugar para idílio?

No esconso da morte a existência exalta
Como a viver onde qualquer vida não há
Onde um mínimo alento não existe, falta.

A morbidez humana cobrando da vida já
Tal tocador de Hamelin e sua maga flauta
Sabendo: quem morreu não voltou de lá.

sábado, 23 de maio de 2015

Às árvores


Digo, as árvores têm alma, querido filho!
Não as maltrate, não lhes tire o seu brilho
Cortá-las é como cortar seu próprio braço
Extingue-as aqueles que têm amor lasso.

Todas, do carvalho até mesmo o junquilho
Se as corto, a úbere natureza então pilho
Cometendo um lamentável engano crasso
Que reduz nicho de vida em curto espaço.

A natureza, a seu modo, tem vida rotativa
Não mate essa árvore, para que tudo viva!
Abandone seu machado e mortífera serra,

Não seja jamais esse tal lenhador bronco,
Não levante seu machado contra tal tronco
Lembre que as árvores são o sal da terra!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Ao mugil

Soneto acróstico

Açuladas pelo instinto de reprodução
Fazem excursão pelo catarina litoral
As ovadas tainhas surgem de roldão
Rasando aquelas praias onde dá vau.

Rápido, o pescador com seu arrastão
Atira-se à captura como um temporal
Direto vai lucro para bolso do tubarão
Assim o manézinho nada ganha afinal.

Tainha é alimentação na mesa porém
Ao pescador falta só senso de medida
Ilude-o uma falsa abundância também.

Nada restará deste peixe que traz vida
Haverá por certo, escassez mais além
A mesa do pescador não terá comida.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Falsa falsidade


Quando o poeta mentindo um tanto
Se sente assim tirando vantagem
Vai aí pela vida a mentir enquanto
O mentir não lhe tolde a imagem.

Mentiras sérias com fundamento
Mentia o vate pra sua querida vó
Pois para mentir ele tinha talento
Construía patranhas como ele só.

Hoje, adulto, a verdade confessa
Tornou-se para sempre mentiroso
No decorrer da vida mente à beça

E de suas petas sente-se vaidoso.
Portanto nunca mais sairá dessa
Porque mentira é um jogo vicioso.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Ao avião


Na vastidão do azul cerúleo vai fundo,
Sulcando o espaço, ignorando a terra,
Voando pelo ar e observando o mundo,
A aeronave que certo mistério encerra

Mostra esteira sem fim a qual não erra
Vai embalada solitária nessa amplidão
Fitando horizonte vence qualquer serra
Reta e obtusa é a trajetória deste avião.

Voa como se o Infinito então buscasse,
Esperando desvendar um mistério além
Talvez a magia eterna e sua ignota face.

Vai rápida, e nada deixa para ninguém
Embora o rastro fumígero pelo ar trace
Está integrada a esta vil terra também.

terça-feira, 19 de maio de 2015

À arte


Quanto desalento por essa arte ingrata
Que lágrimas e sangue do artista cobra
Quase sempre com desprezo ela o trata
Independente do quanto custa sua obra.

Contudo a tal arte ao artista nunca mata
Pois este submetido, o seu talento dobra
Como afirmando: aqui, respondo na lata!
No meu trabalho minha dedicação sobra.

Porquanto, não choro a derramada tinta
E cada vírgula, ponto, parágrafo ou traço
Que lavro, quero que toda a gente sinta.

Faço da arte, com humanidade meu laço
Embora as vezes pode parecer que minta
Minha arte como minha vida é o que faço.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Meu abecedário

Alguma coisa a poesia tem e merece
Basta olharmos com alguma atenção
Colhe palavras e compõe uma prece
Deixa porém ao leitor entender ou não.

Efêmera a poesia quase sempre será
Faz pensar contudo ilustra o universo
Grande ou pequena tal poesia não há
Há somente rimas, métricas e versos.

Imaginemos mundo de poesia carente
Jardim sem flores será essa existência
Limiar de deserto bem estéril e quente
Melhor a poética ceder lugar à ciência.

Nos mais sombrios sonhos do homem
O nosso mundo no escuro desaparece
Porquanto poeta e seus versos somem
Quando lirismo o ser humano esquece

Realmente, a poética está em questão.
Só há poesia porque toda gente precisa
Tanto da fantasia como da imaginação
Um vate assim traduz sua ideia concisa.

Vamos portanto com bastante emoção
Xingar aquele que pretere uma poetiza
Zelar para que vates vivam aqui então.

domingo, 17 de maio de 2015

Ao perigo de viver

Soneto-acróstico 

Viver amigo, uma arte que se ensina
Inventa-se a vida cada dia que passa
Vai se vivendo a cada dia como sina
Enquanto a existência não é escassa.

Representa o quê viver em segurança?
É uma opção escolhida num momento?
Parece que esperar estabilidade cansa
E bala perdida voa por aí como o vento.

Rigorosamente quem vive corre perigo
Ignorar a realidade em nada nos ajuda
Guarda-se, observando próprio umbigo
Ou é avestruzismo, ou mais nada muda.

Sem ser pessimista, o fim será o jazigo
Ou, oremos, e que o tal deus nos acuda.

sábado, 16 de maio de 2015

É o cara!

Soneto-acróstico

Fecundos silêncios naquelas entrelinhas
E Gullar não explica não se dá ao trabalho
Relata suas dúvidas como fossem minhas
Razoável supor que Gullar não usa atalho.

E o que mais aparece ali, alguma reflexão
Imponderável no entanto, até certo ponto
Reféns nos tornamos da genial colocação
Ali navegamos como fora em mero conto.

Gosto de como esse poeta nos faz pensar
Unindo seu mundo lírico com o intelectual
Logo levando-nos a um mais alto patamar.

Lídimo bardo pois acima do bem e do mal
Aclara acumpliciando o seu próprio poetar
Rindo por dentro com seu talento abissal.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

À saudade

Soneto-acróstico 

Em nossa existência haverá ocasião
Se alguém parte e outro alguém fica
Saudade vem pousando no coração
Assume que fere, mas nada explica.

Tanto faz permanecer, dizer que não
A saudade vem e tudo vira uma nica
Luta-se, porém saudade faz questão
Secar suas lágrimas e produzir futrica.

Assim aquele que parte leva consigo
Uma ou mais lembranças maninhas
Deixa o mundo como um elo perdido.

A tua ausência são as dores minhas
Daquele que fica, mas queria ter ido
E o que lhe falta são fortes gavinhas.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Soneto-acróstico


Do que não se explica, nada a esperar
Ouvir aquela canção e não saber onde
Improvável sensação de certo mal estar
Mexe com algo, que talvez se esconde.

Para que decifrar esse tal sentimento
Onde existe visível imprecisão da fala
Nada no imponderável, nenhum alento
Deixando rolar, todo o restante se cala.

E alguns lhe dão nome, por que não?
Razoável supor que prá tudo há razão
Átimo de bom senso, nesse perceber.

Vivenciando sem questionar essa vida
Estar pois na própria existência inserida
Logo, muito melhor vamos rosas colher.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Ao soneto

Soneto-acróstico

Sendo o soneto um verso enquadrado
Onde bem se espera estrofes perfeitas
Nada de muita invenção, tudo somado
Então caminha-se por sendas estreitas.

Tendo as regras que regem a seu lado
Assuma que estrofes devem ser feitas
Nenhum verso vai permanecer isolado
Desse modo, dissidências não aleitas.

O soneto porquanto acaba dando certo
Provando que quando fores persistente
Outro poema tu o fizeste muito esperto.

Retenha ímpeto e verseje mui contente
Apenas mantenha o pensamento aberto
Ínclito será este teu soneto a toda mente.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Feliz aniversário Adriano!

Acróstico

Seja mais feliz do que nunca meu filho
Escute dessa nova idade um conselho
Um mundo hostil nunca tirará teu brilho
A vida, das tuas escolhas é um espelho

Nunca abandone seu bem traçado trilho
Invista seu saber, sem ficar no vermelho
Vista-se bem, não pareça um maltrapilho
E agora tua idade não te faz um fedelho.

Ria sempre, e não seja pedante jamais
Seja amigo assaz e companheiro justo
Ávido de conhecimentos e buscar mais.

Rodeie-se de gente amiga a todo custo
Invista você e Megan, a serem bons pais
O seu casamento é investimento robusto.

Hoje é dia de Rock!


Sim havia o romantismo outrora
De amantes no fusca apertados
Amando à luz da lua até aurora
Sem importar os jeans rasgados.

E uma fita de Mamas and Papas
Tocando num cassete Motorádio,
Numa deserta praia fora do mapa
Pensando na paz e não no gládio.

Paz e amor era mote da moçada,
Que contestava qualquer guerra
Fumando orégano na madrugada.

“Queremos irmandade na Terra”
Gritavam em psicodélica parada
Pois o bom cabrito é o que berra.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A crosta

Soneto-acróstico 

Uma carapaça se assim lhe aprouver
Máscara que deixa todo mundo a parte
Até mesmo casca de árvore qualquer
Segunda pele uma espécie de baluarte.

Esse casulo abrigo todo mundo o tem
Garante privacidade e não custa nada
Uma casca que aqui garante também
Nadar de braçadas na mágica estrada.

Deixe-se chegar ao abismo, na beira
Assim você garante efetiva adrenalina
Pode torna-se o cara pela vez primeira.

Então fazendo a perfeita sintonia fina
Logo saberá tudo aquilo que o queira
E que o tempo tua caminhada ilumina.

domingo, 10 de maio de 2015

Ah! Esses gases!



Soneto-acróstico

Garante ciência que realmente os há
A família de gases nobres na tabela
Sendo que ninguém viu esses ares já
Em todo Planeta certa dúvida revela.

Será boa ficção ou um mágico patuá?
Nobreza fátua não cai nessa esparrela
Orgulhosa de seus flatos a realeza está
Bundas de princesas peidam sem trela.

Revela-se que ventos desses traseiros
Emanam somente de bundas solenes
São gases sem ruído e nenhum cheiro.

Só o fazem os fidalgos de bons genes
Impávidos, sangue azuis com dinheiro
Mas a cagar todo dia não são indenes.

sábado, 9 de maio de 2015

Réplica

Soneto-acróstico 

Revendo então meus chamados valores
Esperava encontrar um grande conteúdo
Supondo esconsas revelações e amores
Porém decepção: só achei talento miúdo.

Olhei com atenção um caco de espelho
Será que existe algo bem oculto aí atrás?
Tentei, mas apenas recebi um conselho:
Arreda pé daí, você nem sabe o que faz!

Devaneio doce foi o que ocorreu portanto
Estava enganado, descobri não ser profeta
Navego ouvindo das sereias mágico canto.

Ou pior, caminho sem encontrar uma meta
Vivo no escuro e me acompanha o pranto
Obcecado por algum dia me tornar poeta.