quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

2016

Que o ano tenha sido bom ou ruim
Uma ótima jornada a seguir venha
Ao menos se espera que seja assim
Nada a obstar que se faça resenha.

Dois e dois sendo quatro continuará
O que muda são nossas resoluções
A cada dia, um dia mais velho está
Contra o que nunca existirá opções.

Ah! Um ano tão cheio de esperança
Basta que com afinco então se lute
Assim não se deve desistir da dança
Resistindo ao medo, virá o desfrute.

O ano virá sim, independente de nós
Apenas façamos bem a nossa parte
Nada nos diz que estaremos a sós
O melhor que fique, o pior, descarte.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Insônia


Acordada e insone a noite se questiona:
Ninguém para apreciar estrelas comigo
Os grilos até encerraram sua maratona
Infeliz me sinto, nem mesmo um amigo.

Tenho que acordar o sol, mas não agora
Então para passar o tempo o que resta?
Fazer de orvalhos soníferos, um coquetel
Ou assumir que minha insônia é honesta?

Ironia é que até o girassol está dormindo
Deixando-me só com caixa de lápis de cor
Ouço o corvo negro bem devagar saindo
Recordo-me que existência é  sempre dor.

Meu abajur constrói aquele arco-íris lindo
Imperativo depois que esta Selene se por
Rápido me despeço; boa noite estou indo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Termo exótico

Rimar com rubicundo eu sempre quis
Por mais que esse termo seja estranho
Tal estranheza de grandeza e tamanho
Que pouco sei o que realmente ele diz.

Vamos ao Houaiss, por consequência,
Descobrir que quer dizer só vermelho
Senti-me então como impúbere fedelho
Que nem de poucas letras tem ciência.

Portando vamos lá com tal rubicundo
Tentando rimar de bem solta maneira
De tal modo que não precise ir a fundo.

E, vejam, passei evitando a vida inteira
Esperando que ao fazê-lo fosse fecundo
Acaba que agora só parece brincadeira.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Homo stultus

A natureza criou-se em harmonia,
Colocou o homem e outros seres
Tranquilos, em perfeita sintonia,
Mas, de acordo com seus saberes.

Portanto em suas vidas os bichos
Um aos outros não praticam o mal
E vivem em seus próprios nichos
Nem ao homem maltratam, afinal.

Contudo o homem foge às regras:
“Faça o que mando não o que faço
Porque a maldade muito me alegra”.

“Eu deixo marcas por onde passo,
Sei que natureza não me segrega
Pois eu com outros não tenho laço”.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sim à poesia

Porquanto um poeta em alumbramento
Ouve estrelas no firmamento, pois não!
Reconhece aquele feeling no momento
Que a poesia deste mundo é a salvação.

Um dom da natureza usado pelo mortal
Ela, a poesia, brinca com rimas e rosas
Apodera-se da imaginação em alto grau
Passeia pela literatura que não é prosa.

O poeta, a essência do homem recolhe
Em perfeita comunhão com o intangível
Se a poesia paixão e felicidade escolhe
Imagina, então cria universo impossível.

A poesia ilumina aqui e muito mais além
Refinando tudo em versos e mais avança
Ela todo o romance deste mundo contém
Declara amor à vida e também à criança.

Imagine um Planeta que poesia não tem
Menos arte e alguma estética que cansa
E, talvez, milhares tons de cinza também.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Ao machão

Sou rei da cocada preta, meu irmão!
E, por isso, somente eu tenho razão
Tenho ojeriza de gay e gente de cor
E pro comunista sou rolo compressor.

Mostro-me amigável pra obter ganho
Com esses tolos que por aí arrebanho
Uns têm wi-fi, outros fazem boca-livre
Tolos vocês são, eu sei como se vive!

E na calada, sinto falta dum amplexo
Me masturbo e na punheta me acabo
Mas no fundo prefiro heterodoxo sexo.

Então sonho que me tacam um nabo
Dói, rasga, mas tem sentido tem nexo
O sonho que realizo de dar esse rabo.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Christmas

O ano inteiro, de janeiro a novembro
Move-se o mundo em rítmico normal
E das festas finais sequer me lembro
Só que chega dezembro vem o natal.

Dia que toda a família, cada membro
Obedece aquela redenção comercial
E como que não havendo o setembro
Sai da conformidade a dar com o pau.

Tudo vira presente, tudo vira messe
Risos, comemorações e falsa alegria
E como dívida em janeiro não tivesse. 

Só que enquanto quase toda gente ria
Sob essa falsidade instala-se estresse

Então vale a pena gastar essa energia?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Ao poeta

Kantiano é esse eclético poeta
Lépido, o bardo bate um bolão
E se nega sua mente inquieta
Versejar somente o ramerrão.

Então, em todas o Kleves está
Segue produzindo bem seguro
Ganhando público aqui e acolá
Original, nunca parece obscuro.

Meu comprimento seja o patuá
Em que você encontre o futuro
Sendo que nada melhor não há.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Aves


A natureza na mais sábia fecundidade
Criou cada ser com sua própria feição
Onde não existe só beleza ou fealdade
Ridículo pensar que há algum padrão.

Uma coruja é ave sábia vive no buraco
Já a águia voa alto e enxerga distante
Ambas do Planeta possuem um naco
Então por isso, cada uma é importante.

A coruja para chamar seu par crocita
Águias piam pra chamar o seu filhote
Garante-se que elas estão bem na fita.

Um dia vão compartilhar um camarote
Indiferentes, pois, ao que a lenda dita
Assim nada há que um dia as derrote.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Professor


Quero compartilhar esse colorido
Desse por do sol encantado assim
Do mesmo céu quase sem sentido
Que busca refulgência de carmim.

Nem quando a tevê estiver ligada
E nela aparecer tão famoso herói
Saiba que não posso ensinar nada
E isso, no fundo, me magoa e dói.

De que vale aprender tudo então
E da vida sequer ser um professor
Repetir tão somente o ramerrão?

Ou, literalmente, aos amigos impor
Os ideais em completa imposição
Como se fôramos grotesco ditador?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sinistrose

A noite com aquele silêncio sinistro
Parece um caleidoscópio de medo
Existe fantasmas em mim, registro
Que só vão embora amanhã cedo.

Os fantasmas se revelam num grito
O qual confunde o silêncio de fora
Na minha cama permaneço contrito
Até que a fantasmagoria vá embora.

Minha noite é um verdadeiro horror
Porque, não sei, permaneço na cama
Sei que tenho demônios no interior.

Portanto esse é meu terrível drama
Que me acompanha seja onde for
Geralmente quando visto o pijama.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Fracasso? nem pensar!


A vida moderna é luta constante
Em que cada um disputa espaço
Onde todos buscam futuro adiante
E na corrida não admitem fracasso.

Apenas cobrança o seu dia-a-dia
Na lida de cobra comendo cobra
Vale tão somente gastar energia
Para realizar uma venerável obra.

Vai trabalhando para o progresso
Tudo que pode homem empalma
Arrasa pela frente como expresso
E jamais seu espírito se acalma.

Na implacável busca do sucesso
Ambicioso, homem vende a alma.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Trabalhar é nobre, mas cansa


Trabalho virou fazer o que se gosta
Porém nem sempre isso acontece
Se a gente nessa afirmativa aposta
Acaba fazendo o que nos apetece.

Mas há trabalhos e “trabalhos” por aí
Há quem labuta e quem se  encosta
Mas, trabalho por necessidade em si
Acaba se transformando numa bosta.

Contudo, dizem o trabalho é salutar
Mas eu contra todo labor solto o berro
Porquanto labuta só me faz cansar
Então minha vontade adrede encerro.

Já dizia Drummond: hora de trabalhar,
Pernas pro ar que ninguém é de ferro.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Diretiva


Poeta, por que tantos versos escreve,
Por que como outros essa vida não vê,
Então, rasgar pergaminhos se atreve,
Pensando que tudo no mundo é você?

Respondeu a fitar-me nos olhos, atento:
Pois para não chorar de tristeza, versejo
Então, minhas palavras se vão ao vento
De tal forma que nunca mais eu as vejo.

Sou aquele que por aqui passa apenas
Que, no fundo, somente fujo da morte
E minhas conquistas são tão pequenas.

Na verdade não tenho sequer um norte
E como eu pelo país existem dezenas
A fugir dos mistérios com alguma sorte.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O vate

Um velho poeta que maldito se diz,
Só o faz realmente da boca pra fora
Se você repara se convence na hora
Um poeta prolífero, sagaz e até feliz.

Por ser eu tão somente um aprendiz
Tento imitá-lo e permaneço, embora
Entendo perfeitamente porque chora
Veja que ele sabe onde mete o nariz.

Querendo conhece-lo, ele está aqui
Mas dizendo exatamente porque veio
Colocando sentimentos e dores em si.

Em poemas com fim, começo e meio
Desde que o leio jamais me arrependi
Sei que não está no mundo a passeio.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Poemar

Esta arte de escrever é mui estranha
Sem caneta, sem lápis cresce a obra
Tanto melhor quando ali talento sobra
E criação na cuca do autor se entranha.

Um teclado pejado de letras aqui basta
Na sua frente lesto iluminado monitor
Alguma experiência, talvez alguma dor
E certa concentração que ruído afasta.

Poesia não é matemática, meu querido
Nada tem a ver com qualquer teorema,
E mais trânsito tem num coração ferido.

Depois é tão somente seguir esquema,
Passar ao texto algo que tenha sentido
Então, do nada, talvez brote um poema.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

À luz do sol de raios fúlgidos

Uma tênue esperança que aqui existia
Moeda de troca que anunciava o futuro
Agora corroída pelo deboche/algaravia
Nada mais resta daquele porto seguro.

Ontem sorrisos, pois esperanças havia
Inclusive dissipava-se medonho escuro
Tudo, como Mariana, virou pornografia
E o vale que era Doce, tornou monturo.

E aquele molusco que era um proletário
Saiu-se muito bem nesta sua existência
Confundindo seguidores, já é milionário.

Um sol com seus raios de benemerência
Refulge somente em Brasília, seu otário
Aqui no mundo real, pobreza e violência.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Prá não dizer que não falei de Sampa

Metralhas de pinos soltam o berro
Luzes transidas e pejadas de calor
Lamurientos oceanos exalam odor
Unem-se sem pejo o fogo e o ferro.

De lixo e detritos o chão é coberto
E somem da vista as verdes matas
Porém o “progresso” assim as trata
Nada importa se errado ou se certo.

Avante!, metrópole impiedosa e vil
Que somente labuta tem como lema
Chamada locomotiva do trem Brasil.

Enquanto acabas com o ecossistema
E progride rapidamente a mais de mil
Caetano Veloso para ti fez um poema.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Libando vento

Ache uma poeta embriagada
E te mostro aquele momento
Que ela sóbria, cheia de nada,
Libou de vez um gole de vento.

Poeta é ser um tanto estranho
E diferente dos outros mortais,
Não se encaixa nesse rebanho
Dessas pessoas ditas normais.

Então viva as poetas criativas
Que engolem vento todo dia
Bem as queremos assim vivas
Para entretenimento e alegria.

E poetas ridentes, nossas divas
Bêbadas de vento fazem magia.

Asnice

Se mais economia cresce tudo  é sorriso
Tenho mais bens de consumo, portanto
Até sobra no fim de cada mês um quanto
Talvez ganhe pouco mais do que preciso.

Mas não entendo que tudo tem um preço
Se o meu bem estar numa urna coloquei
Devo entender que em casa ninguém é rei
E viver em prosperidade somente pareço.

Pois no futuro vai pagar a conta alguém
Um que tampouco veio ao mundo ainda
Que já ao nascer, o de comer ficará sem.

De que vale o progresso se a vida finda?
Se nada sobra para aqueles que aqui vêm
Onde toda a política é sempre malvinda?

sábado, 12 de dezembro de 2015

O pária

Se com estetoscópio e medicamento
Atua confortando e combatendo a dor
Com toda certeza verdadeira, é doutor
Que se dedica ao metiê cem por cento.

Existe aquele que vai desafiar o vento
Numa aeronave veloz com vário motor
Esperto e talentoso carrega esse andor
Às intempéries e nuvens sempre atento.

Outros entende-los eu aqui até consigo
Sequer apresentam uma imediata meta
Parecem do tipo: não estou ai, nem ligo.

Mas sua existência apenas se completa
Ao placidamente contemplar o umbigo,
Intencionalmente, pois se trata de poeta.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Estultice em mim


Eu não sei que saber dá ciência boa,
O que sei não vale um tostão furado,
Meu saber desliza para o nada a toa,
Sapiência é somente algo ali ao lado.

Talvez seja qualidade a minha burrice
Que carrego neste mundo aborrecido
Apedeuta, em mim profunda estultice
Que conspícua e humilhante tem sido.

Como mais aprender, não tenho ideia
De todos que conheço fico pois atrás
Nunca o palco, meu lugar é na plateia.

Essa burrice em mim é total, contumaz
Se algum dia, o saber em mim estreia
Nem imagino do que poderei ser capaz.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

À rosa


Porque disse o vate: uma rosa é uma rosa
Uma afirmação para sempre perfeita, pois
Na nossa vida real, nem assim tão airosa
Há muito mais coisas entre o já e o depois.

Assim aquela rosa que tão benvinda fora
Indicando que amor é sentimento especial
Saiu-se no fim tal como caixa de Pandora
Deixou perfume, adquiriu gume de punhal

E o que era sonho tornou-se um pesadelo
Recende a ódio a pétala antes perfumada
O que caloroso era esfriou a ponto de gelo.

Sozinho agora é tomar uma nova estrada
A fim de ser aquilo que não poderia sê-lo
Saindo no mundo sem querer mais nada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Poesia



Porquanto um poeta em alumbramento
Ouve estrelas no firmamento, pois não!
Reconhece aquele feeling no momento
Que a poesia deste mundo é a salvação.

Um dom da natureza usado pelo mortal
Ela, a poesia, brinca com rimas e rosas
Apodera-se da imaginação em alto grau
Passeia pela literatura que não é prosa.

O poeta, a essência do homem recolhe
Em perfeita comunhão com o intangível
Se a poesia paixão e felicidade escolhe
Imagina, então cria universo impossível.

A poesia ilumina aqui e muito mais além
Refinando tudo em versos e mais avança
Ela todo o romance deste mundo contém
Declara amor à vida e também à criança.

Imagine um Planeta que poesia não tem
Menos arte e alguma estética que cansa
E, talvez, milhares tons de cinza também.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Poemar



Por entre nuvens, pássaros e firmamento
Resta aquilo que o vate quer e necessita
Onde verdeja grama e sopra brando vento
Calha que ali um inspirado poema habita.

Um lindo por do sol ou sorriso de criança
Retém aquilo que o poeta realmente quer
Ele coloca dores e amores numa balança
Somando tudo ao sorriso de uma mulher.

O mais eloquente poema então lhe ocorre
Poeta inspirado consegue bolar sua rima
O que facilita verso que do teclado escorre.

E vai fluindo seu versar de baixo prá cima
Meando frutuoso que pro vate não morre
Assim, acaba o poeta de fazer obra prima.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Renovar


Se não estaciono, estou vivo portanto
Se sou pássaro que desistiu do canto
Pelo menos posso ainda no céu voar
E abro as asas onde considero um lar.

Se essa minha emoção é o recomeço
Continuo o mesmo, isso eu reconheço
Faço pois na vida, o mesmo mergulho
E se volto atrás eu sequer me orgulho.

Claro, se deste modo pareço o vento
Nem de longe sou eu esse elemento
Porque o mundo jamais assim o quis.

Então dia a dia renovo, me reinvento
Porquanto mero nada é meu alimento
Vou vivendo ou morrendo por um triz.