segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Que bicho sou eu?


Vistosa, não me incomoda ser admirada
Me dizem o bicho mais bonito do planeta
Voo é errático como não querendo nada
Sou frágil, peço que comigo não se meta.

Toda flor por mim gosta se de ser beijada
Na qual, para suga-la introduzo a lingueta
Então, no jardim jamais me sinto cansada
Desde que possa nas flores fazer chupeta.

Sou criatura voadora que não fica parada
As vezes, até me tacham de bicho xereta
Então isso me torna tristonha e magoada.

Se você por certo sabe essa minha faceta
Deve saber que sinto-me porém iluminada
Sou um agitado lepidóptero, sou borboleta.

domingo, 30 de agosto de 2015

Que bicho sou eu?


Sequer me acha bonito toda pessoa
Nem tampouco um bicho alto, guapo
Vivo tranquilo, sereno nalguma lagoa
E quando embraveço, inflo meu papo.

Se seca o lago meu mundo esboroa
Fico miserável, nem mosca eu papo
Não consigo viver fora d’água, a toa
Sinto-me perdido, verdadeiro trapo.

As vezes um menino mau me arpoa
Ser humano com espírito de gestapo
E minha esperança nos humanos voa.

Me entenda, sou belo, não um farrapo
E toda princesa me beija e me perdoa
Sou aquele anuro anfíbio, o belo sapo.

sábado, 29 de agosto de 2015

Que bicho sou eu?


De fato, boato sobre mim se espalha
Dizem-me uma criaturinha tão chata
Se me veem se escondendo na tralha
Um bicho asqueroso! mata ele, mata!

Quando esse assassinato então falha
Pode ser considerado simples errata
Pequena derrota nessa feroz batalha
E eu, pobre inseto, não canto bravata.

Mesmo humilde, jamais jogo a toalha
Preferindo portando manter-me pacata
Enquanto toda dona de casa me malha.

Como a bela cigarra não faço serenata
E sequer brigo por dá lá aquela palha
Porque sou a singela e discreta barata.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Guerra


Guerra é uma imbecilidade suprema
Uma dramatização burra e sangrenta
Que à consciência parece um dilema
Que se desenvolve em câmara lenta.

Onde matar e ser morto é mero lema
Que os conceitos humanos arrebenta
Dando assunto para filme de cinema
Para certa plateia eletrizada e atenta.

Ver sangue na tela vira uma obsessão
De espectadores de batalhas sedentos
Açulados por mortandade de multidão.

Essa natureza funesta de tais eventos
Introduz catarse carregada de emoção
Nos homens que cultuam sofrimentos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Violência é doença


O que distingue o homem civilizado
Certa violência dormente, separada
Porque se não contida fica provado
Que homem é uma fera mascarada.

O homem não mata pombos por aí,
Porque inibe sua maldosa impulsão.
O que porém nos compulsa concluir
Que nos instintos coloca um bridão.

Não há porque sentir culpa também
Se seus pés sentem ganas de chutar
Porquanto um cérebro o homem tem
O qual não lhe diz que deverá matar.

Para sua salvação portanto lhe vem
Uma consciência saudável, peculiar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Decano


Se idade é experiências se acumulando
Setenta anos, e sou um pouco mais eu
Porquanto mais saberes estou somando
Descontando tudo aquilo que se perdeu

É a soma de tudo aquele idoso homem
O qual foi existindo um dia de cada vez
Enquanto novas experiências se somem
Construindo um renovado homem talvez.

Mas o menino dentro de cada um existe
Que num remoto dia correu pela calçada,
E que era alegre embora hoje seja triste
Carregado por anos que lhe são maçada.

Contudo, mantenha seu sorriso em riste,
Tornar-se velho não será fim da estrada.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Noite, apenas


A noite murmura aos vates apenas
Mas ela sabe exatamente o que diz
Os poetas estendem suas antenas
Atentos e particularmente infantis.

Para gente comum a noite é muda
São indecifráveis as suas palavras
Contudo nenhum ouvinte se iluda
Belíssimos colóquios a noite lavra.

E nela os vaga lumes estrelas são
Porquanto aquelas no céu distante
Só fazem com a lua uma conexão.

Diz o vate que noite é dos amantes
Para os quais mais vale a escuridão
Então que ela seja menos brilhante.

Acróstico

Dia do Soldado

Um dia chega uma aprazada idade
Moços ainda meio de casa somem
Saem buscando aquela identidade
Onde qualquer garoto vira homem.

Lá no quartel na forçada disciplina
Deixam o ranço da casa materna
Antes de tudo dura faina da faxina
Dormem em beliches na caserna.

Os melhores irão para infantaria
Com mochila vergando as costas
Há no quartel um ditado que dizia
Acostume-se que então tu gostas.

Marchas, tiros, granadas, cansaço
Acampamentos e dureza todo dia
Dói pernas e ossos se corrida faço
Ou se encara tudo, ou é covardia.

Já no fim do exercício, tem jantar
Amanhã começa tudo novamente
Inda que aquilo não seja o meu lar
Registro que lá se vira combatente.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Tempo de meditação


O tempo passa por nós e nos ignora
Mesmo jovens e cheios de esperança
Se olharmos prá dentro e não prá fora
No fundo encontramos uma criança.

Se o tempo chega, depois vai embora
Dará sentido a nossa existência assim
Somos hoje mais do que fomos outrora
Mesmo numa vida meramente chinfrim

Cada dia é como apreciar nova aurora
Olhando futuro esquecendo o passado
Pois quem vive o dia-a-dia não chora.

E num passeio matinal mais renovado
É como não querer jamais ir embora
Mas vivendo somente o aqui e agora.

domingo, 23 de agosto de 2015

Às evas

Soneto-acróstico 

Não há estigma qualquer que as defina
Ou que nos diga que diferentes elas são
São seres cuja cabeça o mundo ilumina
Seja na ciência, na literatura, no condão.

A mulher, nosso bom senso nos ensina
Sapiente, engajada e eivada de emoção
Madurece melhor que nós desde menina
Ubérrima de ideias que para frente estão.

Logo, é incompreensível que na ciência
Haja essa espécie de tola discriminação
E da literatura não devem ter ausência.

Receio que o homem seja um fanfarrão
Esquecido que a mulher é em essência,
Seguramente, dos problemas a solução.

sábado, 22 de agosto de 2015

Não à violência


Pois sonho que um dia a sociedade,
Essa nossa que acha que sabe tudo,
No futuro encontrará pétrea verdade,
Que a transportará a um porto seguro!

Sonho que esse perverso pesadelo
Essa violência terrível que aí grassa
Será permeável a um racional apelo
Que essa praga esfume tal fumaça.

Sonho que haverá então um mundo
De compreensão e amor tão fecundo,
No qual toda a violência será banida.

Então quanto mais alto vou sonhando,
E por utopias efêmeras ando voando,
Eu muito, muito mais valor dou a vida.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Me engana que eu gosto!


Com o fim das secas estamos felizes
E das enchentes em nossas cidades
E dos males ignotos, se é como dizes
Os amenos verões trarão felicidade.

Com todos os meliantes aposentados
Com o término de maléficas doenças
Com a maldade com o fim anunciado
Fortalecem nossos deuses e crenças.

Os candidatos para tudo têm solução
Pois são exímios mágicos na verdade
Tudo que for do progresso obstrução
Eles resolvem com maior boa vontade.

Eles prometem no calor da discussão
Anular para sempre a lei da gravidade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Estação


Primavera que anuncia só amores,
Receptáculo de cintilações etéreas
Terra úbere e tu se conluiam flores
 Impregnando as correntes aéreas.

Espetaculiza o mundo teus fulgores,
Na tua luz imbricam nossos sonhos
Sequer pensamos em nossas dores
E nos tornamos então mais risonhos.

Contudo, tu és prenúncio do outono,
De dias que tornarão a ser tristonhos
Enquanto hás de dormir eterno sono,

E nós, animais já um tanto bisonhos,
Vamos nos sentir nesse vil abandono
Primavera, nos teus laços me ponho.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Às lágrimas

Soneto-acróstico 

Lembranças invadiram minhas entranhas
Álacres lágrimas cheias dum sentimento
Gritam teus olhos e minhalma tu ganhas
Rindo aquele riso que se perde no vento.

Inda com lágrimas meu coração apanhas
Menosprezando que te ofereço de alento
Apenas para mim são lágrimas estranhas
Sem as quais vivo sem nenhum tormento.

Deixe rolar essa cachoeira pelo seu rosto
E não a compartilhe jamais com ninguém
Agora sou tuas lágrimas bem a teu gosto.

Morre para sempre sorriso, como convém
Outro tempo, outra existência, isso posto
Riso e nenhuma lágrima, um dia ele vem.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Besteirol

Soneto-acróstico

Por poeteiro pretendo pois passar
Obter ótimos ósculos obnubilados
E especialmente entre eles estar
Tendo todos os talentosos tocados.

Assim altruísta atávico e altaneiro
Nadar nas nuvens nítidas naturais
Devendo destinar durável dinheiro
Ovacionar opúsculos óbvios ovais.

Verbalizar a vil vontade verdadeira
Enquanto estiver esperando então
Realizar razia robusta na ratoeira

Sem sinistrose nem sob submissão
Ouvir outro obreiro ou outra obreira
Só se seus sistemas sísmicos são.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Bucolismo


Sol a pino, na campina o arroio canta
Estradeiro neste oásis pois descansa
Enquanto certo vento a poeira levanta
A mata farfalhante folhagem balança.

Do alto, sol deita sua luminosa manta
Como resposta, natureza então lança
Cores de uma aquarela que encanta
Enquanto o dia radioso lento avança.

O córrego cristalino continua dolente
E as flores vão florindo com convém
Tudo que encanta pois está presente.

O passante se vê envolvido também
As flores, a mata, as cores, a corrente
Que feitiço e encantamento contém.

domingo, 16 de agosto de 2015

Mar

O mar é esconso como um mistério,
Com sua profundidade tão obscura
As ondas soando num labor etéreo
Criando espuma de vítrea brancura.

Então do ponto de observação aéreo
O oceano compõe uma sinfonia pura
Embora de cenho carrancudo, sério
Tudo nele será perene porque dura.

E quando desvanece a densa bruma
Resplandece o mar em brilho radioso
Então parece que mistério se esfuma.

Refletindo o sol no mar puro e airoso
E nuvens se vão abrindo uma a uma
Como a despir esse mar espetaculoso.

sábado, 15 de agosto de 2015

O pântano


Podemos olhar esse pântano estranho
De grandioso mistério quase absoluto
Onde nem mesmo meus pés eu banho
Mas no qual a voz da natureza escuto,

Nele, animálculos de pequeno tamanho
Que podem deixar uma família em luto
Mesmo dizimar pra sempre um rebanho
Tal o seu veneno peçonhento e bruto.

Contudo não existe reparo que se faça,
A natureza compõe certas coisas assim:
Há a vítima incauta e predador que laça.

Portanto, jamais vou teme-lo por mim
Porque natureza morta não tem graça
Pois sem vida o universo seria chinfrim.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Destino


Era uma vez certo poeta tresloucado,
Que pela morte se tornou apaixonado
Vivia, mas lhe pesava muito sua vida
Então queria uma passagem só de ida.

Ele a espiar o que havia do outro lado
Continuava seu viver tão amargurado
Sonhando que morte leva à doce lida
Ele então pensava abreviar sua partida.

Mas o destino outro caminho lhe traça
Obrigando-o a viver até bem velhinho
Que existir seria portanto a sua graça.

Ele agora permanece quieto no ninho
Mas ao ver mundo ao redor que passa
Fica a remoer-se de dor tão sozinho.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Saudade


Saudade é adaga que peito apunhala,
E ferimento que produz chaga imensa,
Escurece a visão e até emudece a fala
Faz um crente acreditar na descrença.

O dia escurece enquanto a noite cala
Na alma que não suporta tanta ofensa
Enquanto a existência lá longe estala
E o universo em seu pesar não pensa.

Porque coração magoado fica estreito
Emoldurado numa tristonha escuridão
Enquanto dor não se vai não tem jeito.

Se existe saudade é melhor dizer não
Melhor colocar um cadeado no peito,
Ou se conformar com nefasta solidão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A causa


Com espada rutilante segue o guerreiro,
E às suas mãos destino do mundo toma
Entretanto não se vê igual um carniceiro
Que a custa do acúleo aço inimigo doma.

Mas será no entanto o voluntário primeiro
Que ao nascer da guerra, batalha assoma
E quando vai à luta não lhe cai prisioneiro
Não lhe importando feridas ou hematoma.

Seu ardor de lutar dá o clima nas arenas
Sem nada temer vai brandindo sua espada
No jogo de vida e morte, um peão apenas.

Enfim na batalha final dele não resta nada
Finou-se com o sorriso nas faces serenas
É mais uma estrela no céu de madrugada.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Câncer


Meu amigo, que maléfica doença é essa
Que tortura, traz sofrimento depois mata
Fazendo toda a ciência pesquisar à beça
Em busca de medida que a torne pacata?

Um mal que destrói depois que começa
Seja o paciente mendigo ou até magnata
Seu desenvolver seja lento ou depressa
Haverá que entender que a morte acata.

Porém, se ninguém nasceu prá semente
Não existe como comandar esse destino,
Será apenas viver e morrer simplesmente.

Até não se entregar a qualquer desatino
Prevendo o que certamente virá pela frente
Como a dizer: com morte eu não combino!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Sem Musa


Como não tenho Musa que invente motivo
Que me facilite construir pois alguma rima
Em vão vou colhendo por aí enquanto vivo
Palavra solta que do lirismo me aproxima.

E quando encontro termo exatamente certo
O que fazer com o termo não tenho certeza
Então escrevo mantendo o cérebro aberto
Para quando descobrir onde existe beleza.

Sei que a musa os talentosos feliz acolhe
De maneira que em poetas os transforme
Porém para tantos como eu, apenas tolhe.

E como jamais acalenta aquele que dorme
Minha pouca inspiração sem Musa encolhe
Acaba me incomodando frustração enorme.

domingo, 9 de agosto de 2015

Olhos


Meus olhos enxergam melhor quando eu pisco
Porque vislumbram as coisas que adiante estão
Porquanto não haja em meus olhos algum cisco,
Afirmo categoricamente: tenho uma ótima visão.

Entretanto, se for uma noite atrozmente escura
Mesmo que meus limpos olhos estejam abertos
Ficarei em vão tateando, inutilmente na procura
Tento encontrar algo com gestos nada espertos.

Com estes olhos que um dia a terra há de comer
Perscruto este  mundo velho apenas à luz do dia,
Mas tudo que enxergo, neste olhos hão de caber

Estes velhos olhos são instrumentos para alegria
E não poderia ser diferente, assim tinha que ser
Eles me permitem da bela natureza fazer elegia.

sábado, 8 de agosto de 2015

Eis-me aqui


Schrödinger's cat, agora sei, sou eu
Morto estou e ao mesmo tempo vivo
Pois a vida à cruel morte antecedeu
Entre as duas sou apenas conectivo.

Como vida, morte não têm definição
Apenas se vive se morto não estiver
Tem só uma resposta essa equação
É como se diz: é homem ou é mulher.

Porém o ente que adentra a poesia
Viverá somente por algum momento
Está plenamente vivo enquanto cria
Mas morto se lhe falta alumbramento.

Sou simplesmente gato que não mia
Morro e vivo sem dor nem sofrimento.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

À boca

Soneto-acróstico 

E todos os bichos que existem na terra
Receberam essa dádiva de grande valor
Através dela se comunica, come e berra
Une opostos congregando seja onde for.

Mulheres utilizam como arma de guerra
Assim como professam as juras de amor
Valorizam que falar bem, jamais se erra
E é instrumento útil na saúde ou na dor.

Zanga-se o ser humano e diz impropério
As vezes também a usa para tecer elogio,
Banalidades, fofocas e até assunto sério.

Outras vezes escorre palavras como rio
Colocação oclusa que envolve mistério
Ainda essa tal boca serve para assobio.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

À nave que vai

Soneto-acróstico

Se aquele é vento soprando quente
Infenso à calmaria da desesperança
Navega o barco no mar inclemente
Ganhando ares enquanto destrança.

Recolhe sua âncora no mar assente
Algum pretérito no cais que se lança
Nas velas em chamas então somente
Debanda viagem numa maré mansa.

O que faz a gaivota sem o seu bando
Mesmo que sardinhas não coma mais
A nave vai veloz, contudo até quando?

Receio que apenas em outros arraiais
Esse barco continue assim navegando
Seja Almirante igual entre seus iguais.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Transformação

Soneto-acróstico

Um belo dia a crisálida se transforma
Meio que já esperava por tal evento
Assim assume sua derradeira forma
Mostrando nova vida eivada de talento.

E não há o que dizer, essa é a norma
Totalmente, completa, cem por cento
Agora àquela vida tudo se conforma
Mesmo que se torne poeira ao vento.

Ora metamorfose é destino que se vê
Revolução que atinge outro patamar
Fora forma anterior que não há porquê.

O andar da carruagem é transformar
Ser o mesmo e outro dentro de você
Enquanto não vier a terra prá passear.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Rio

Soneto-acróstico

Enquanto o Criador ônus e bônus distribuía
Concomitante à sua suprema obra criativa
Ordenando bondade e maldade Ele se via
Nalguns sítios muita feiura na matéria viva.

Talvez a má distribuição gerasse anomalia
Inserida em lugar bisonho ou nação festiva
Nem tudo eram flores, pois fealdade existia
Um local porém, ultrapassou a expectativa.

Aí no Rio de Janeiro tudo é mais que lindo
Logo não entendo porque não há espinho?
Interrogas, não continues portanto sorrindo!

No Rio de Janeiro a beleza construiu ninho
Deixei contudo, o último mal ir distribuindo
O que ali viver é o mais pernóstico povinho.

A Manuel Bandeira


Porquanto Manuel faz os versos sem peias
Versos de desamor, versos de desencanto,
Mas se dor e lirismo lhe corre pelas veias
Nem tudo é desespero, nem tudo é pranto.

Embora verso de sangue, amor ele semeia
Tristeza presente, porém diluída um quanto
Dói-me essa dor desmedida, dói-me, creia
Porque dor de Manuel é minha dor, garanto.

Mas, nestes versos de angústia existe vida
Uma vida que não abandona essa alegria
A qual está a nossa volta, as vezes diluída.

Ele faz os versos amargosos com ousadia
Com a consciência de quem está de partida
E que como Midas, tudo que faz vira poesia.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Férias molhadas

Soneto-acróstico 

Camping que abre as férias escolares
Haverá de ser a melhor programação
Uma barraca e reunir-se os familiares
Vincular-se aos desafios tal como são.

Assim se águas semelhantes a mares
Precipitarem-se molhando o seu chão
Acate tranquilo sem sequer indagares:
Rebela-se o tempo, nos leva de roldão?

Amigo campista, seja então submisso
Toda chuva que vem será boa pra você
O fito dela é nas plantas manter o viço.

Deixe-se molhar sem perguntar porquê
O seu dia está livre, sem compromisso
Seja feliz com esse resfriado que prevê.