quarta-feira, 5 de abril de 2017

Aí vem o futuro


Minha esperança me obriga olhar adiante
Para avaliar se existe esperança à frente
Entretanto, parece, nada enxerga e sente
Que seja especialmente bom e flagrante.

Como agora, o futuro terá mal abundante
Cada humano potencial escroto demente
Cobrando o olho por olho dente por dente
Em alucinada sortida pelo mundo errante.

Como filme de ficção sem nenhuma ironia
Vivendo no mundo sinistro, absurdo, atroz
Que roubou a bondade, e deixou alma fria.

Ao perceber essa decrepitude perco a voz
Como pode um futuro sem alguma poesia?
Onde cada um, entre bilhões, estará a sós?

2 comentários:

  1. Meu caro poeta Jair, até parece que nós, poetas, somos os últimos sonhadores, porque necessitamos de poesia para viver, e nada é mais angustiante que imaginar um mundo (desértico e habitado pela maldade) onde poesia já não tenha razão de ser.
    Um abraço. Tenhas um bom dia.

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  2. Seus mais belos poemas são nesse tema: o tempo! O nosso tempo. É que isso nos faz pensar com certa agonia. Nunca entendi se aniversário é para comemorar mais tempo vivido, ou menos tempo para viver?
    Engraçado isso...

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