terça-feira, 16 de maio de 2017

Envelhecendo

Articulações fracas, dores na coluna
E impossibilidade até sonhar façanhas
Na musculação, umas contrações estranhas
É velhice, que à memória traz lacuna.

Não há como que a ação ao pensar una
Os dedos das mãos tal como lerdas aranhas
Só longínquas lembranças de velhas campanhas
E tem mais, cama macia, sempre oportuna.

Para fazer xixi em cascata, evento dúbio
Ali em baixo, um ser moribundo apenas
Que até já esqueceu o que seria conúbio.

Por outro lado, expectativas tão pequenas
E sequer em pensar de conhecer o Danúbio
No máximo esquina de casa, a duras penas.

2 comentários:

  1. Tão triste seu soneto... mas o espírito, seja de que idade for tem lá suas alegrias! Podemos perder a juventude, mas adquirimos outras façanhas próprias da maturidade, e suficiente para tocarmos a vida, sermos felizes com o que temos... Acho que estar vivo, aceitar certas coisas, tem lá seus momentos bons. Rir de si mesmo é uma delas...

    (também tenho meus momentos mórbidos, mas escrevo rindo e perguntando... como posso escrever isso?)
    Abraço, meu amigo!

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  2. Meu caro amigo poeta Jair, são as limitações que a idade oferece, que, às vezes, pensando com meus botões, suspiro ao lembrar das façanhas que a gente era capaz no passado; coisas normais, inerentes a juventude e a meia idade, mas agora parece-nos lendas uma gama enorme de coisas inexecutáveis, as quais a gente praticava com pouco esforço. Necessário aceitar as limitações proporcionadas pelo tempo, digo, pela duração da nossa jornada e nos adaptarmos, na medida do viável, ao andar da carruagem.
    Um abração. Tenhas uma boa noite.

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