segunda-feira, 15 de junho de 2015

Pastiche de obra de Augusto dos Anjos


Tarde, arroio canta sob mata umbrosa
Àquele sol suas viçosas águas alvejam
Brilha como cristal, corrente  suspirosa
Agitando os nenúfares que ali vicejam.

Há porém, presságio de noite luminosa
Enquanto lá no alto os astros rumorejam
Apaixonados por corrente tão charmosa,
Borbulhante, sem feiuras que se vejam.

Chora o ribeiro bem preguiçoso e dolente
E de inveja a noite escura também chora
Mesmo a flor noturna de tal beleza ciente,
Perde sua bela pétala que o veio descora.

E a pétala bóia no pranto dessa corrente
Que a tal rosa, ao luar, chorando enflora.

4 comentários:

  1. Caro amigo poeta Jair, quando pus olhos no primeiro poema do "EU" do Augusto, fiquei arrepiado, mas tive de ler todo o livro de sopetão, pois os termos ali empregados me assustavam e me atraiam. Mas a linguagem ficou melhor sob a tua batuta, ficou perfeita, ficou atual; atualíssima.
    Um abração. Tenhas uma ótima semana.

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  2. Oi Jair
    Trouxe para encantar uma linda e forte poesia
    Gostei demais
    Beijos

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  3. (...)
    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo,amigo, é a véspera do escarro.
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.

    Se alguém causa ainda pena a tua chaga,
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!

    Um dos mais belos poemas de Augusto dos Anjos, certamente o precursor da moderna poesia brasileira, poesia que daria seu voo somente em 1922, na Semana da Arte Moderna.

    Bela tua postagem!

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