quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Luto

Àquele sonho quase concretizado:
Chapecó, se projetando no mundo
Há tristeza de povo mesmerizado
Ah! terrível sofrimento profundo.

Parou uma escalada de campeões
Em que aquele bom futebol serrano
Conquistou, não obstante alguns senões
O quase mais alto cume do ano.

E o destino parece, assim desejava
Não é que, não se sustentou o avião
Sem meios na tempestade brava
Estatelou-se em pedaços no chão.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Fidel

Depois de escravizar Cuba, Fidel morria
Porquanto por dez anos esteve prostrado
Um tempo que seu povo estupidificado
Resguardava a hora de mostrar alegria.

Foram décadas de ditadura sombria
Que cidadão não podia soltar seu brado
Enquanto carregava o peso mais pesado.
Contudo, agora o futuro enfim se alumia!

Suas existências de privações tremendas
Onde falta pão, feijão, quase tudo enfim
Sem liberdade, com ameaças horrendas
Qualidade dos duráveis também ruim.

E Partido Comunista pregando lendas:
Dizendo que Cuba é bem melhor assim.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Vós, os poetas

Nosso verso qualquer que seja a cor
Traz em seu bojo virtual mensagem
Que a intimidade desnuda o autor
E para outros constrói uma imagem.

Não importa que seja verso branco
E que também despreze meras rimas
Desde que o vate seja leal, franco
Enquanto compõe num lírico clima.

Versadores corretos sejam pois
Com versos amarelos ou vermelhos
Como sou, tu és, eles são e vós sois
Ousados, prolíferos tal coelhos.

Não ponham carros à frente dos bois
Escutem dos mais velhos os conselhos.

domingo, 27 de novembro de 2016

Repentista

E saibam que por certo não me entrista
Fico feliz se me julgam um repentista
Que tem reposta pra tudo na hora
Contudo, não joga conversa fora.

Repentista suas rimas constrói
Não importa se aquilo que diz dói
Mestre de resposta contundente
Que abala confiança dessa gente.

Aos poucos vou fazendo minhas rimas
Sem métrica, sem nexo, sem noção
E sei que não serão como obras primas,
Mas elas lhes transmitem emoção.

Meus versos dos amigos me aproxima
Talvez lhes fazendo uma conexão.
.

sábado, 26 de novembro de 2016

Arte viva


Bruno Walpoth é super hiperrealista
Executa belas expressivas esculturas
Pois madeira nas mãos desse artista
É pessoa que sair para vida procura.

Quase mágica aquela sensibilidade
Que traz da madeira tanta expressão
Gente que estava presa de verdade
Agora saiu livre para nosso mundão.

Só encontra algum limite a escultura
Quando atinge essa total perfeição
Em que vivem realmente as figuras.

Árvores doadoras de madeira estão
Felizes com resultado a essa altura,
Todas querem doar sua carne então.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A perereca e flor


Apenas sossego a perereca queria
Pousada modestamente numa flor
Que a chamasse de rela, rã ou jia
Nunca lhe causaria a mínima dor.

Na mata entre os galhos ela vivia
Entre batráquios a menor rãzinha
A qual vive à noite e dorme de dia
Que vaidosa nunca perde a linha.

Porém se um grande anuro seria
Nem sequer havia pensado nisso
O negócio é manter-se na alegria
Para nunca desvanecer seu viço.

E se conseguir ser tema de poesia
Não há motivo para cair no sumiço.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Noite, apenas

A noite murmura aos vates apenas
Mas ela sabe exatamente o que diz
Os poetas estendem suas antenas
Atentos e particularmente infantis.

Para gente comum a noite é muda
São indecifráveis as suas palavras
Contudo nenhum ouvinte se iluda
Belíssimos colóquios a noite lavra.

E nela, os vaga-lumes, estrelas são
Porquanto aquelas no céu distante
Só fazem com a lua uma conexão.

Diz o vate que noite é dos amantes
Para os quais mais vale a escuridão
Então que ela seja menos brilhante.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O fim é o início


É moto contínuo o movimento social,
Cobra mordendo o rabo exatamente,
Onde termina começa, sem um final,
E, de roldão vai carregando a gente.

Não há começo e não haverá um fim
Enquanto o mundo continuar girando
Porque existência terá que ser assim
Sem um porém, um tanto, um quando.

Então vamos nessa minha gente boa
Pois quando acaba começa de novo
Aquilo que para sempre então ecoa
Causando desesperança neste povo

A essa gente a qual vou tecendo loa
Ao invés da galinha o início foi o ovo.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Também


Os flamboyants no verão da lagoa
Flambando a primavera pelo chão
Falam ao mundo, estão numa boa
E que muitas mais árvores verão.

Envolvendo tudo aquele denso ar
Que toca o corpo e todo o entorno
Não há portanto do que reclamar
Se não é quente ou frio, é morno.

Existe então abelhas aos montes
Que voejam com garras meladas
Em busca do néctar em sua fonte.

Os sons se encontram na estrada
Que vai se perdendo até horizonte
Ligando coisa nenhuma ao nada.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Não rio do rio


Quando do rio, as águas passadas
Deixa um vazio na fonte que chora
Será como acordar e não ver nada
Será como ter tempo sem ter hora.

Porque rios que vão dar ao oceano
São como olhos chorosos de amor
Que lembram o recente desengano
E que dão azo ao virtuoso rimador.

Contudo, vejo águas do rio correndo
Só então permito meus olhos secar
Para apreciar os poentes morrendo.

Todos os rios vão para algum lugar
Onde por certo acabam nascendo
 Não mais chora, volta então cantar.

domingo, 20 de novembro de 2016

Chove chuva


Recolher da aurora alguns pedaços
E unir com fragmentos de pura luz
Depois verificar que não há traços
De vivaz relâmpago que nos seduz.

Se eu chovo a ninguém interessa
Minha chuva molha o espantalho
Chover como chovo é bom à beça
Depois me recolho ao meu galho.

Vejo os relâmpagos nessa vidraça
Mesmerizado com tanta ousadia
Não há qualquer coisa que eu faça
Pra diminuir esta cruel melancolia.

Linhas imaginárias a chuva traça
As quais vou percorrer algum dia.

sábado, 19 de novembro de 2016

Genocídio


Na Maldita Guerra da tríplice aliança
Forças formidáveis em terrível duelo
Engendram uma asquerosa matança
Na tão louvada Batalha do Riachuelo.

Há quem acredite, como Chiavenato,
Que foi um genocídio, não foi guerra
Forças brasileiras, comprovado fato
Mataram inocentes, arrasaram a terra.

Os guaranis, mulheres e até crianças
Mortas na ponta da brasileira espada
Conde D’Eu em variadas lambanças,
Dizimou Paraguai até não restar nada.

Dom Pedro monarca fazia cobranças
Para o Brasil consumar a cachorrada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Mundo interno


Um mundo habita dentro de mim,
pois sinto a presença a cada passada;
sinceramente, não sei se era assim,
quando não me dava conta de nada.

E se isso é bom, ou mesmo ruim,
não me cabe julgar essa parada;
porquanto não vou gastar meu latim.
enquanto percorro minha jornada.

Não é fácil viver entre os insanos,
erra, quem presumir que sabe tudo,
pois, havendo mais erros há mais danos.

Então me recuso pois ficar mudo,
calado, por conta de meus enganos,
pois vou andando para frente contudo.

A Manoel de Barros

Mas Manoel, como no Gêneses fez o criador
Amassava o barro e dele seus versos fazia
Naturalmente com maestria conduzia andor
Ordenhando da natureza o maná da poesia.

Ele era vate que bebia diretamente na fonte
Longe desses modismos que por aí estão
Deitado a contemplar a fímbria do horizonte
Em cada bicho ou árvore achava inspiração.

Bedel da harmonia e da beleza pantaneira
Amava o despretensioso e a simplicidade
Receptivo ao descomplexo à sua maneira.

Renhido poeta, não desdenhava a verdade
Observador atento nunca escrevia besteira
Sua obra assaz prenhe de espontaneidade.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Soneto utopia

Um homem bom

Por toda sua vida viveu muito bem
Aos outros se doava mais que tudo
E para problemas solução ele tem
Sua inteligência o mais fiel escudo.

Fidelidade aos amigos ele mantém
Numa vocação que lembra um anjo
Retidão de caráter lhe acode também
Num insofismável benéfico arranjo

Contrário aos políticos nada promete
Entretanto mesmo sem prometer faz
É fidelíssimo e confiável esse valete.

Avesso à violência é homem de paz
E atos abomináveis jamais comete
Sua ilibada conduta ao mundo apraz.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Às abelhas


Esse tal homem, gigolô de inseto
Um verdadeiro rei dos convênios
De mordomias e regalias repleto
Vivendo na boa vida há milênios,

Sem vergonha, a abelha explora
Faz desse bichinho seu escravo
Como sempre fez desde outrora
Sem sofrer porém, algum agravo.

Mas abelhas morrem por incúria
Do mesmo Homo sapiens erudito
Inocentes vítimas são de sua fúria.

E então engolfado por tal conflito
A civilização entrará em penúria
E será o fim desse tirano maldito.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Devagar chegamos lá

Outrora nossa vida rodava mais lenta
Se andávamos a pé havia o que olhar.
Indiferentes nessa roda vida cruenta
Nossa pressa impede modo devagar.

De dia é participar de uma disparada
Intensa, pressurosa até, daqui para lá
Fingindo-nos antenados sem ver nada
Resistindo a reparar no maduro araçá.

Raramente desfrutamos a paisagem
Estamos pois “cuidando de nossa vida”.
Nada mais tolo, essa vida é miragem.

Talvez se paramos para apreciar Frida
E pensar que esta existência é viagem
Saibamos refrear essa doida corrida.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Ao avião


Na vastidão do azul cerúleo vai fundo,
Sulcando o espaço, ignorando a terra,
Voando pelo ar e observando o mundo,
Aeronave que certo mistério encerra

Mostra esteira sem fim a qual não erra
Vai embalada solitária nessa amplidão
Fitando horizonte vence qualquer serra
Reta e obtusa é a trajetória deste avião.

Voa como se o Infinito então buscasse,
Esperando desvendar um mistério além
Talvez a magia eterna e sua ignota face.

Vai rápida, e nada deixa para ninguém
Embora o rastro fumígeno pelo ar trace
Está integrada a esta vil terra também.

domingo, 13 de novembro de 2016

Amor impossível

A noite, em geral mensageira
Luminosidade do sol anuncia
Para ela, simples brincadeira
Sair de cena dar a vez ao dia

Pois o dia sempre agradecido
Faz o mesmo à sua maneira
Torna horizonte todo colorido
Acordando noite com fogueira

E quando um vem outra já era
Um somente a outra vislumbra
Se um chega outra não espera.

Há entre eles opaca penumbra.
Namoro entre os dois é quimera
Nem por isso menos deslumbra.

sábado, 12 de novembro de 2016

Par romântico

internet - entrecontos.com


Tinham acordo vento com cortina
Enquanto ele sopra a cortina acena
Porque em perfeita sintonia fina
Estão em mancomunação terrena.

Entretanto, quando o vento se cansa
Fica esta cortina sem fazer nada
Como uma garota esperando dança
Com brilho nos olhos, enamorada.

Um par romântico, cortina e vento
Cada qual sozinho não tem sentido
Tal como coração sem sentimento.

Contudo com um vento bem nutrido
Balança a cortina com movimento
Que, sem nem pensar, emite estalido.