terça-feira, 31 de maio de 2016

Sapiência


Há quem diga que conhecimento
É a mesma coisa que sabedoria.
Mas pensando por um momento,
Não se mantém em pé tal ousadia.

Sábio sabe de onde sopra o vento
Conhecimento é somente teoria
Sapiência é permanecer atento
Ao que a muito o homem sabia.

Pois saber é colar com cimento
Tudo que sabe, vê, verá ou veria.
Conhecer, apenas acontecimento.

Se então você  está em sintonia
E enxerga no mundo um alento
Com certeza não é cabeça vazia.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A merda continua

De Brasília emana formidável cheiro,
Lá onde o maldito caldeirão cozinha,
Não se sabe se da privada ele vinha,
Entretanto, embostece o país inteiro.

Tornou-se esta nação fedido bosteiro,
Que duma fatal catástrofe se avizinha
Entre merda e o político não há linha,
Mas um entrelaçamento verdadeiro.

Brazucas no exterior envergonhados,
Aos estrangeiros não têm explicação,
Por essa cagada em todos os lados.

Se bosta fosse bala e político canhão,
Garanto-lhes, eleitores acomodados,
A bem da pátria faríamos a revolução.

domingo, 29 de maio de 2016

Até quando?

Triste este Brasil de triste semblante
Onde todo político mama no Estado
Apenas em seu proveito empenhado,
Fazendo a lide do povão entediante.

Seu mandato é ocupação mercante,
Que pelas asnas urnas lhe foi dado,
Em votos que custaram um trocado,
Facultando-lhe ladrar erário adiante.

Então, numa roubalheira excelente
Delinquentes comeram a Petrobras
E todo político ficou rico de repente.

Neste Brasil a cega justiça nada faz
Porquanto com rico é complacente
Mas com pobre é agente tão capaz.

sábado, 28 de maio de 2016

A grande maracutaia

Continua no Pindorama terrível enredo
Que aos corruptos deveria meter medo
Entretanto, negaceadas é o que se vê
Como pra receio não houvesse porquê.

A Polícia Federal acordando bem cedo
Intimida o marginal, que parece quedo
Mas essa tal justiça um tanto demodê
Continua lenta demais, imagine você.

O meliante com o bolso cheio de grana
A todos que acusam pensa que engana
Mesmo que o estejam vaiando em coro.

Rindo da polícia e da justiça, o sacana
Ao Sistema Judiciário dá uma banana
Esquece que logo ali está Sérgio Moro.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Já sem melenas*


Nesta cabeça já não vejo cabelo
Sei que este momento chegaria
Tal bola de bilhar esperava sê-lo
Pista de mosquito escorregadia.

Cabelos sempre caem, sem apelo
Pois manter-se cabeludo é utopia
Este fato é real e é normal sabê-lo
E sinta-se feliz pelo pêlo que havia.

Imagine cabeludo o seu cotovelo
A cabeça precisando de terapia
Guardado por dentro o cerebelo

Aquela anomalia não entenderia
E este fato deixando entristecê-lo
Expulsando da vida toda alegria.

* Ainda tenho meus cabelos, este soneto foi composto para um amigo meu desprovido de cobertura pilosa.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Calha que é assim


A verdade é que esta vida é batalha
Inicia ao nascermos e não tem fim
Por derradeiro vestimos a mortalha
E para todo o sempre vai ser assim

Enquanto o ruído da vida farfalha
Dizendo pra que a este mundo vim
Não importa se nobre ou gentalha
Lutar pela vida não deve ser ruim.

Faça grandes atos ou seja chinfrim                          
Entretanto jamais uma vil escumalha
Energúmeno digno de comer capim.

Lembre-se que tudo que você valha
Bem aparecerá através de seu latim
De maneira que fama você amealha.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Autocrítica

Julga ter talento de sobra
Assim faz só o que gosta
Infelizmente a sua obra
Realmente é uma bosta.

Caminhaço


O meu caminho somente eu traço,
Moderado, não vou fazer façanha.
Posso querer passar por um Paço,
Ou mesmo escalar uma montanha.

Se andar para frente insisto e abraço
E a transpiração no rosto me banha
Não importa tenho régua e compasso
E me incentiva uma formidável sanha.

Com determinação e vontade de aço
Obstáculo piramidal não me estranha
Continuo obstinado nesse meu traço

Como ataca nas águas uma piranha
Em momento algum me torno lasso
Vou até o final de minha campanha.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Vivendo


Não quero ser aquilo que nunca fui
Ser o que agora sou, então me basta
Esta vida com ela é, suavemente flui
Tentar ser outra coisa me desgasta.

Pois, como se viver é feito de escolhas
Quando nós estamos na encruzilhada.
Não é como no outono caem as folhas
Quem vêm ao chão sem atinarem nada.

Escolho sozinho a senda na qual ando
Então muitas vezes em seguida falho
Tento me levantar e não fico chorando

Não sou jaca madura que cai do galho.
Nesta vida melhor é não seguir o bando
E abrir espaços com esforço e trabalho.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

O mundo é teu quintal


Porque nenhum homem é uma ilha
Faça da natureza tua mãe, tua filha
Integre-se completo a esse espaço
Mas não faça da vida mau pedaço

O mar, a nuvem, a floresta integre
Caminhe assim descolado e alegre
Sinta cada movimento dos passos
Abarque com amplitude dos braços.

Não seja sobre a Terra um estranho
Porque para você não haverá ganho
Pois esse Planeta é casa do teu pai

Na qual você é convidado, inquilino
Onde permanece desde pequenino
E de onde mudar-se nunca mais vai.

domingo, 22 de maio de 2016

É o caminho

Poesia é gasolina e vate é o motor
Ambos caminham juntos até na dor
Nas terríveis insones madrugadas
O poeta sequer respeita as paradas.

Continua alumbrado, vivaz, fluente
Fixando versos que saem da mente
Até quando a luz do dia amanhece
E aurora da vigília os dedos aquece.

E assim se repete todo santo dia
Pois poesia não tem hora marcada
Há que poetar na tristeza e alegria

Sem contar com condão da sua fada.
Vai poeta, seque sozinho e sem guia,
Como se dores da alma fossem nada!

sábado, 21 de maio de 2016

Homo stultus


A vida é igual ao que fazemos dela
E se ela nos oprime e desconforta
É porque pusemos bunda na janela
A vida que temos entrou pela porta.

Criamos nós a tal pirâmide social
Na qual todos ocupamos um lugar
Que é a chamada civilização, afinal
Onde cada um tem direito de berrar.

Mas esse rolo compressor é a liça
Que põe Homo stultus no caminho,
Eivado este de trampas e injustiça,

A cada esquina a cada escaninho.
Onde não poderá haver preguiça
Onde se luta quase sempre sozinho.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Feliz aniversário, vovó!


Bela avó de mais de sessenta talvez
Recordo que sempre fora bem bonita
Agora no dia vinte deste quinto mês
Nada em felicidade, está bem na fita
Diga-se, tão feliz como se fosse três
Inclusive, apenas faz o que acredita
Nem pensar nos senões ou porquês
Assim, as suas próprias regras dita.

Longe, no estado da estrela solitária
Onde viu nascer seu segundo netinho
Passa para nova idade cantando ária
Então, nós a saudamos com carinho
Sabendo que é uma avó necessária.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nova infância

De novo era aquele menino
De novo falava com bichos
Não fazia nenhum desatino
Havia encontrado seu nicho

No rosto não lhe faltava riso
Cantar como badalar de sino
De quem agora perdeu o siso
Impossível? Não, era destino.

Sem medo de cair no abismo
No pé de manga agora subia
No mundo não havia sismo

Ele sempre alegre se sentia
Sem medo sem pessimismo
Viver assim era o que queria.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Jardinar

Confesso, tenho olhos de jardim
No qual nasce flor e voa inseto
Borboletas aqui pousam em mim
Sem se importar com meu veto.

Flores ingênuas são tão prosas
Como gerânios e lindas rosas
Em meus olhos como moldura
Fazem deles gloriosas pinturas.

E aqui também há erva daninha
Que é vivo ônus que se instala
Onde há plantas ela se aninha.

E se deixar até jardim ela abala
E diz, essa plantação é minha,
Quando quero o pássaro se cala.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Palavras

Porque toda palavra tem quentura
A qual nos sai pela boca ou dedos
Pois palavra representa uma figura
E traduz em sons os nossos medos.

Nasce a palavra numa zona escura
Onde antes de sair, a luz não via
Transforma-se em suave ou dura
De acordo com portador que a cria.

Porém palavra alguma sentido tem
Se não lhe dermos uma conotação
Palavra existe que está tudo bem,

Outra exprime grande indignação.
Na verdade uma palavra outra vem
Grande, pequenina e até palavrão.

Reflexo

Há um átimo, um mero instante
Que o tempo não se completa
Não é largo ou longo o bastante
Para alcançar a desejada meta.

Há que ficar então numa espera
Daquele fatídico fugaz momento
Que perdido, para sempre já era
Pois pra longe terá ido ao vento.

Que amor existente entre bocas
Não definhe infeliz e silencioso
Como fora entre existência ocas.

E que seja um romance curioso
De envolvimento e paixão loucas
Animado de um futuro venturoso.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Caminhando ao vento


Durante aquela cruel ventania
Uma firme mão a filha conduzia
Manhã vinha serena clareando
Juntas mãe e filha caminhando.

Feliz e descontraída a menina
O que para mãe era feliz sina
Iam indiferentes àquele vento
Apreciando unidas o momento.

As alegres sombras alongadas
Mostravam esguias silhuetas
Horizontais na rua pousadas.

Como fora longas ampulhetas
De mãe e filha mancomunadas
A fim de parecerem estatuetas.



domingo, 15 de maio de 2016

Despertando

Sonhos que vem à ponta dos dedos
São aqueles que dissipam os medos
Porque existem sonhos para sonhar
E outros que apenas ocupam lugar

Sonho bom é quando você desperta
E abre os olhos tal qual descoberta
De um mundo desconhecido então
Mas que agora está cheio de razão.

Por isso, louvemos perene onirismo
Que nos ativa o cérebro noite e dia
Nos sacode com força de um sismo

E obriga sairmos do sedentarismo.
E acaba-se vendo o que não se via
Para não cair no esconso do abismo.

sábado, 14 de maio de 2016

Umbigo

Ah! esse meu onipresente umbigo
Desde sempre colado aqui comigo
Todo o Universo gira ao seu jeito
Um pouquinho abaixo de meu peito

Contrariado, todo travo ali começa
Porque umbigo é sensível à beça
Toda vez que sinto uma falta de ar
Repercute  naquele esconso lugar

Pois umbigo é centro de atenção
Que tudo avisa ao seu portador
Se ele diz sim, não lhe diga não 

Porquanto seja lá o que ele for
Nunca estará na sua contramão
E te acolherá como bom cobertor.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Cantarolando

Naquele canto canta o bem-te-vi
E espanta as cinzas o seu canto
Canta o canto lá como fosse aqui
E o cinza que espanta, espanto.

Sonho com seu canto porquanto
Como é, como fosse, como tanto
Pássaro que espanta o cinzento
Também abole mau pensamento

Então bem-te-vi bem-vindo seja
E tanto quanto quiser aqui cante
Enquanto tomo minha cerveja

Talvez meus males eu espante
E nunca mais cantando te veja
Mas tudo que ouvi é o bastante.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Questão de ordem!


Ia a presidente bem feliz
Flanando pelas estradas
Quando alguém, alto diz:
Olha as suas pedaladas!

O Parlamento disse então:
Vamos retirar-lhe o capelo
Ela não atende ao povão!
Foi aí que ruiu seu castelo.

Montada nesta bicicleta-
Diz ela- saio toda manhã
Mesmo não sendo atleta
Quero corpo e mente sã.

De nada adiantou porém
Apearam essa presidente
Como apearam também
Sua cúpula incompetente.

E termina o reinado assim
Porque quebrou este país
Continua arrogante enfim
E chora: que foi que eu fiz?

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Calendário hebdomadário


Segunda-feira é um dia de carranca
Como domingo foi de descontração
E a terça será hora de botar banca
Para o trabalho com fome de leão.

Daí chega quarta, meio da semana
Apenas mais dois dias de trabalho
E uma esperança de ócio emana
Para fim de semana achar atalho.

Cada dia no seu quadrado então
São dias especiais sexta e quinta
Os quais quase fazem conexão
Com a folga de sábado que pinta.

Portanto vale manter a animação
A existência passa logo, consinta.

Gelado

Daqui nada enxergo lá na praça
Não por causa de certa miopia
É o frio que embaçou a vidraça
De modo que nada mais se via.

O frio me atravessa a espinha
Enregelando todos, arrogante
Que nessa madrugada tinha
Um gelar terrível, deselegante

Minha mente se sentiu gelada
Com calor tão distante assim
Um raio de sol é apenas nada

Que não aquece o meio e fim
E permaneço na noite calada
Que não está nem aí pra mim.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Gota tinha


A gota resvala livre sobre a linha
Nada importa se é tua ou minha
Quer ter uma vida própria a gota
Nem que seja uma vida marota

Parece está dizendo ao deslizar
Que quanto faz não te interessa
Porquanto estará naquele lugar
E quanto a sair não tem pressa

Efêmera é existência da gotinha
Que ela aproveita simplesmente
Seja de onde for que ela vinha.

Sabe, não vai viver eternamente
E que na vida é apenas notinha
Fixa no rodapé da nossa mente.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Doutores?

Veja, sou doutor tenho no dedo anel
Na faculdade por três anos fiz direito
Na parede tenho pendurado o papel
Que me dá poderes de prócer eleito.

Então estou acima de simples gente
Que rasteja na vida da vala comum
Diploma e anel me tornam inteligente
Enquanto meu vizinho é só mais um.

Quero que todos me façam mesura
Quando majestoso pelas ruas ando
Alardeando toda minha investidura.

Sou escolhido pra exercer comando
Se me autua comedor de rapadura
Digo, sabe com quem está falando?