quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico A 2015


Seja você mesmo neste próximo ano
Encare sua existência de peito aberto
Mais das vezes este mundo é insano
Mude pois o que não lhe pareça certo.

Em vez de ficar parado mude direção
Deixe para trás o que parecer errado
Ou passe ao largo donde óbices estão
Durma tranquilo sono descomplicado.

Então terás um ano digno de lembrar
Muito mais daquilo que você espera
Um novo ano de qualidade patibular.

De repente surgirá a nova primavera
Ainda que pelo inverno deva passar
Rapidamente ano que passou já era.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico 2015


U5U4L, 53M QU4LQU3R M0N070N14
M3LH0R QU3 0U7R0 3553 4N0 53J4
F3L1C1D4D3 R0ND3 4 5U4 M0R4D14
3NQU4NT0 V0C3 B3B3 B04 C3RV3J4.

L4VR3 05 73N705 N0 J090 D4 V1D4
1NCLU51V3 94NH3 MU170 D1NH31R0
Z4P313 N4 1N73RN37 3 7R4N29R1DA
45 R39R45 D3553 M310 B470731R0.

N0V0 4N0 P015, N0V45 C0NQU15745
0LH4ND0 0B571N4D0 50’ PR4 FR3N73
N˜40 P3RD3ND0 0BJ371V0 D3 V1574.

0U 53 3NC4R4 0 MUND0 CON73N73
V04ND0 B41X0 PR4 V3NC3R 4 P1574
0U 53 4C4B4 47R4'5 D3 70D4 93N73.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Uns e outros

Assim como omissas avestruzes
Dizendo que não leu e não gosta
O prócer cultural com suas luzes
Tem os ouvidos pejados de bosta.

A poesia alternativa não tem vez
Só os luminares tem lugar ao sol
Mas há porém, ou um dia talvez
Que o vate marginal entre no rol.

Então vamos olhar com carinho
Porquanto existe muita gente boa
Enquanto um criador comezinho
Não receberá bênçãos nem loas.

Mas não o ponham no pelourinho,
Porque Quintana a todos perdoa.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico

Ausência é aquele cruel sentimento
Sem que o possamos acusar de fato
Dói na alma em qualquer momento
Ofende corpo como pedra no sapato.

Real ou virtual essa tenaz ausência
Estraga o dia como estraga a vida
Sendo impossível sua convivência
Deixa quando passa a maior ferida.

Outra nossa vida seria sem essa dor
Muito mais animada e até divertida
Uma vez que mais leve nosso andor.

Na existência não existe uma saída
Do que traga ausência seja onde for
O melhor é não ter uma despedida.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Ver-se

As vezes na vida há um momento
Que em nós assume a coragem,
Aquilo que se traduz num alento
Que nos permite ver outra imagem.

Como que límpida sem aspereza
Acende-nos um brilho no quelho
Passamos a perceber toda beleza
De reconhecermo-nos no espelho.

O ego, do imo profundo ascende
E vemos o que somos realmente
Tal como se fôramos um duende
Que o mundo o cerca ele sente.

E daí nossa consciência entende
Que de tudo mais somos diferentes.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico Rio de estrelas

Ondas leves baloiçavam a canoa
Rio que borbulha de tais estrelas
Indiferente a corrente segue a toa
O vate segue poetando ao vê-las.

Desse rio portanto tudo se espera
Ele espelha silenciosa imensidão
Entre aves e peixes voa quimera
Solvendo sonho, fazendo canção.

Talvez o poeta esteja enganado
Rios não têm constância no leito
Eles são somente  pau mandado.

Logo isso apenas não tenha jeito
Assim como pescador e pescado
Se conjugam no mais que perfeito.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Saudade

Se há saudade é sentimento confuso
Porque objeto da lembrança não está
E no entanto na mente é um intruso
Como se sempre houvesse vivido lá.

Esse sentimento oprime a liberdade
Porque nos suprime toda a energia
Não é de tempo que tenho saudade
Mas é de quando o tempo não havia.

Se concordarmos que saudade existe
Conviveremos com sua consequência
Porque se esse imenso vazio consiste
É porque haverá persistente ausência.

Então pergunto, para que ficar triste,
Se saudade faz parte da existência?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Pastichando Gullar

Porque toda coisa tem seu peso,
Somente essa verdade patibular
É que mantém o universo coeso
E nos permite o contínuo sonhar.

Sendo pois uma coisa o poema,
O qual contém nada por dentro
A não ser um mui vago esquema
E uma vozinha íntima no centro.

Essa voz no entanto é um sonido
De sonoridade tímida nada atroz
Mas que se impõe algum sentido
É particular tal uma possante voz.

Mesmo que parecendo só ruído
Essa improvável voz somos nós.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Cigarras & cigarros

Ao ouvir os acordes da cigarra
Naquela tarde azulada veranal
É como longe soasse fanfarra
Que diverte e conquista afinal.

O sol e seus raios amarelados
Espicaçando impiedoso o chão
Desabrocha girassóis cansados
Enquanto brancas nuvens são.

Mas até os caracóis alienados
Se inserem na alegre sinfonia
De atores tão indeterminados
Que atuam e compõe poesia.

Ah, esses cigarros queimados
Na solene hora da Ave Maria!

Ano o quê?


Um incômodo e pertinaz ruído
Me torturando todo dia e noite
Atracou dentro de meu ouvido
Aonde semelha-se um açoite.

Não existe como dele se livrar
Ou, ao menos, diminuir efeitos
Sentindo-o ao invés de escutar.
Ouço somente sons imperfeitos.

Gostaria de ouvir com limpidez
Nitidez e clareza em alto grau
Ou ter ouvido absoluto talvez.

Sabemos que o sintoma é real
Imagino o que o zumbido me fez.
Anosognosia é esse o meu mal.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico

Dias há que nos tocam profundamente
Em que assistimos como fita de cinema
Sobretudo alguma coisa no ar se sente  
Logo, surge inspiração para um poema.

Um momento assim é algo deveras raro
Mas é uma delícia quando nos acomete
Brilha melhor o sol num dia muito claro
Realiza um lindo sonho que não repete.

Assim caminha as idas e vindas do dia
Melhor que seja pois monotonia finda
E tudo que era triste então vira alegria.

Nós porém não podemos fazê-lo ainda
Temos os pés no chão, falta epifania
Ou talvez de inspiração não prescinda.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico Ao Natal

Alguém é sempre mais pobre que nós
Se reduzirmos nossos gastos natalinos
Olharmos para aqueles sem vez e voz
Logo poderemos mudar seus destinos.

Indo além de nosso espírito beneficiar
Dar digno natal a uma pessoa carente
Alguma revolução estaremos a encetar
Realizando desejo dessa pobre gente.

Invés de realizar desmedida gastança,
Enviar alimentos a uma pobre família
Dar brinquedos e doces a uma criança.

Assim ordenemos nossa férrea cartilha
Dando aos que quase não têm bonança
E do pouco que temos fazendo partilha.


À hipócrates

Medicina tem história comprida
É do tempo de bruxos e magos
Desde lá melhor torna a vida.
Incute a esperança com afago.

Contudo médicos somos todos
Onde existe doença haverá cura
Só porque não somos bobos
Então achar o que se procura.

Logo de bruxo temos um pouco
Ou nos achamos curandeiros
Uns tantos se tornam loucos.

Coitados dos velhos pioneiros
Ouviam com órgãos moucos
Só lhes atendiam os barbeiros.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Pois é


Medicina nunca foi ciência exata
É matéria que não afirma na lata
Dispõe método de tratar a saúde
Indica, receita, medica, até ilude.

Contudo com todos os recursos
Outros ditames, outros percursos
Então pode algum louco cientista
Metamorfosear-se à nossa vista.

Ouvir a voz do seu inconsciente
Num monstro transformar então
Subitamente ao invés de gente.

Tanto é que Roger Abdelmassih
Refinado médico inconsequente
Ousado monstro que atuou aqui.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Sim à anarquia

Vou às urnas com meu voto aberto
Ouso ao público portanto me expor
Tudo neste pobre país rola tão certo
O pior é permanecer tanto despudor.

Não acredito nessa tal democracia
Onde só manda o poder do dinheiro
Antes portanto optar pela anarquia
Na qual não se vê  poder corriqueiro.

Assim voto com minha consciência
Receando desses dois candidatos
Que provoca minha santa paciência
Um de cada jeito ignorando os fatos.

Imagino como seria este Pindorama
Sem essa politicalha que aqui grassa
Muito tranquilo sem toda essa lama
Onde não há fogo tampouco fumaça.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

É a vida?


Ainda que nos falte um ou dois pedaços
Nada indica que não estejamos inteiros
Porquanto se dentro nós existem laços
Vivemos só nossos valores verdadeiros.

Minha fortaleza é meu próprio sustento
Embora essa força esteja quase esvaída
E tudo mais a minha volta apenas vento
Onde posso pressentir qualquer saída.

A respeito do restante então fico mudo
Se não diz respeito à minha triste vida
E o universo não está nem aí, contudo.

E o lamento sendo de minha alma ferida
Então se resume a um resmungo miúdo
De corpo dorido sobre uma alma sentida.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico, Aos mortos


Outros, os que passaram pela terra
Deixaram a vida, amigos e parentes
Imóveis mas as mentes os encerra
Aqui querem imagina-los contentes.

Dois de novembro então é data sua
Onde são lembrados, ganham flores
Sabendo-se que esta vida continua
Foram-se, e deixaram seus amores.

Impossível existência multissecular
Nós que aqui estamos, aguardamos
A sua vinda quando o tempo findar.

Da vida vivida pelos seres humanos
O mais das vezes é comum, regular
Só morte é compulsória sem engano.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sobre vida e morte


Pois se fosse simples viver sem poesia
Poetas, vates e os demais sonhadores
Estariam no ostracismo e ninguém teria
Inspiração pra falar de perdidos amores.

Sem falar que também a prosa escrita
Não mais estaria por aí diuturnamente
E escritor não estaria nada bem na fita
Estaria ociosa sua tanto criativa mente.

Suicídio assistido ou de qualquer porte
No mundo não estaria na ordem do dia
Todos esperariam a mais natural morte.

E nosso viver bem mais doce se tornaria
Deixando falecimento à sua própria sorte
Para quando se extinguisse toda energia.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Acróstico


Onde houver uns segredos ordinários
Seja obviamente em qualquer lugar
Esqueletos estarão nalguns armários
Sem que tenha direito de sequer julgar.

Quando lembrarmos nosso passado
Umas coisas não bem digeridas virão
Logo vira mistério tão bem guardado
Entre trastes bem velhos e outros não.

Todos temos porém alguns mistérios
Ou nos livramos deles os revelando
Senão habitarão conosco o cemitério
Nada resolvemos deixando de lado.

O agora passado, então já foi presente
Assim está no baú de ossos guardado
Receamos que um dia venha à mente
Mexendo com aquilo que foi abafado.

Átimos de eventos formam lembrança
Recordamos sem nos comprometer
Investigando fundo tempo de criança
Ouvimos o que não queremos saber.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico


Com você o sol mudará até de cor
Onde houver vulcões mudará tudo
Nem extinguirá seu jardim onde for
Haverá miríades girassóis contudo.

As estrofes desses meus poemas
Que nada representam para mim
Uma vez muito fracas e pequenas
Encontrarão guardanapos enfim.

Basta dessas lágrimas misturadas
Em que parece nos darmos bem
Bom para quando se espera nada.

Inda que acenda cigarras também
Doutro lado do Tejo, outra parada
O realejo balbuciando pra ninguém.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Soneto-acróstico Ajamu


Algo acima da sua compreensão
Justiça um evento muito distante
Ajamu encerrado na atroz prisão
Morrendo sozinho a cada instante.

Um dia fora um animado garoto.
Contra qualquer simples previsão
Hoje é desesperado detento roto
Onde marginais e bandidos estão.

Roubaram-lhe força e a juventude
Ousou, porém, dizer-se inocente
Um testemunho agora talvez mude.

Sai Ajamu de sua cela finalmente
Indignado porém crente na virtude.
Mas jamais vai chorar novamente.

Tempo


Pois é, o tempo carrega o calendário
Incólume vai riscando meses e dias
Enquanto o poeta sofre o seu fadário
Nas escuras esquinas de ruas e vias.

Até mesmo o bravo cuco vem avisar
Que tarde se foi e agora está escuro
Nada de novo no front tudo é milenar
Somente a aurora é um porto seguro.

O relógio soluça e o tempo temporiza
Porém exatamente como fora outrora
Passa o tempo passamos nós tal brisa.

Mas, o tempo nos permite nossa hora
Então quando for necessário nos avisa
E percebemos que devemos ir embora.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Acróstico - Ostras


Juntas, aninhadas umas às outras
Assim como irmãzinhas siamesas
Reúnem-se essas gregárias ostras
De modo a tornarem-se fortalezas.

Importa-lhes a vida em comunidade
Mais próximas também mais felizes
Dividindo suas agruras e felicidade
Ainda assim mantendo suas raízes.

Somente com ostra nada se pareça
Ostra é quase inviável ser marinho
Sem braços, sem pés e sem cabeça
Também produz pérola no seu ninho.

Receia talvez que um dia não cresça
Ah! Mas o seu mundo é tão miudinho.
Sabendo que jamais será abadessa.