Ao relento, molhado, numa noite fria,
pelo sereno que lentamente ressuma;
o cão abandonado não tem fantasia,
sente-se acolhido somente pela bruma.
Só lhe vem esperança que esta noite
suma,
lembrando do calor que no lombo
ardia;
do jardim de hortênsias que o vento
perfuma,
o qual definha toda tristeza do dia.
Viver não é preciso, pois futuro é
incerto,
tudo conspira pra que não tenha
ilusão,
o céu está distante e o frio está bem
perto.
Porquanto vai levando esta vida, pois
não!
as vezes, abrigado, no mais, a céu
aberto,
afinal, tudo bem! Que se espera dum
cão?