terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O casal

Um casal resolveu comprar cortina
Para isso, revolveu terras e mares
Numa busca insana, quase divina
E nos mais longínquos lugares.

Haveria de ser a coisa mais fina
E passível de constar em altares
Porém estava logo ali na esquina
Pronta para evitar os caminhares.

Vem então diferença entre os sexos
Ela, pesquisadora aprofundada
Faz um peripatetismo sem nexo
Ele prefere comprar numa tacada.

Por isso este conjunto é complexo
Cada qual tem em comum quase nada.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Poesia e rotina

Eu não desejo versos fulgurantes
Os quais brilhem em falsos esplendores
De multicolores luzes faiscantes
E que no fundo ocultem minhas dores.

Portanto, nada de sonhos distantes
Onde caminha-se junto as flores
Onde o presente é melhor que antes
E até estrume não exala odores.

Meus versos não referem à cascata
Não parecem conter nem ouro e prata
Muito menos, metais e gases nobres.

Quando muito exaltam brilho da aurora
Quando muitos dormem e já é hora
Da triste alvorada das gentes pobres.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Essa força


A estrada a vida, o motor a poesia
Que ora rápido e ora lentamente
Por sendas escuras na noite fria
Seguramente vai levando a gente

Pela floresta de pedra sombria
Tortuosa, opressora, talvez ingente
Com ruídos em estranha sinfonia
Poesia, porto seguro da mente.

A força de Érato por aí se estende
Nos tais entornos, então nos prende
Porquanto enxergamos seus clarões.

Como que nos mostrando o caminho
Claramente: “Não estarás sozinho”
Vai desmanchando todos os senões.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Hostes do mal

modaenlahistoria.blogspot.com

Átila e seus seguidores malvados
Após feias batalhas triunfantes
Exato como tinham feito antes
Decapitam guerreiros derrotados.

E sem nenhum orgulho de soldados
Roubam ouro e pedras de diamantes
E todas as riquezas importantes
Deixando os imóveis depredados.

Tropas ao se retirarem sem dores
Mesmerizadas e em comemoração
Deixam para trás circo de horrores.

Porque propósito é destruição
Da maldade os hunos são vetores
E a qualquer bondade dizem não.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Nós nos ares

Metiê há muitos, e aeronautas
Que, dizem, homens corajosos são
Porque se cometem algumas faltas
Das alturas colidem com o chão.

Contudo algumas pessoas incautas
E que nada entendem de avião
Vão pensando em elevações altas
E do medo que essas alturas dão.

Quanto mais alto o avião parece
Muito mais lentamente ele desce
E tripulantes não curtem paixões.

Aeronauta não é sábio nem louco
Ou açodado e festivo, tampouco
Dos problemas sabe as soluções.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Homenagem ao Poeta





Luiz Alfredo, menestrel do pôr-do-sol
Inspirado, quase todo dia amanhece
Ouvindo o suave canto do rouxinol
Canto bem vindo como fora uma prece.

Poeta antenado, mesmo meio doente
Aproveita para compor belo soneto
O qual doa de mão beijada para gente
Que, por certo, curti-lo demais eu prometo.

Vai Luiz, versejar, esta é sua sina
Pois para tanto você nasceu destinado
E ser poeta como és, ninguém ensina.

Porque bardo mesmo um tanto adoentado
Tem, certamente, uma inspiração muito fina
Porquanto jamais deixa Érato de lado.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Bandido algemado


Há, neste nobre país, surto de justiça
Caça implacável ao ladrão, ao marginal
Pois a República parou de ser submissa
E resolveu levar facínoras pro pau.

Os promotores justos, entram na liça
Com força da nossa legislação total
Pararam com tal enchimento de linguiça
E prenderam o ladravaz Sérgio Cabral.

O qual estava gozando de mordomia
Num presídio, daquele tão belo Estado
Que o tal Pezão a respeito nada dizia.

Já no Paraná deixou de ser engraçado
Parece que o bandido entrou numa fria
Foi pra tosca cela, desta vez algemado.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

No manguezal

Imagem da internet

O caranguejo com suas tenazes
Vivendo neste ambiente aquoso
Onde sobrevivem os mais capazes
Terá que ser crustáceo vigoroso.

Esse bicho de vários tons lilases
Naquele ambiente tão paludoso
Muitas vezes vítima dos tetrazes
É um animal deveras cuidadoso.

Na maré baixa, mangue é seu jardim
Comendo folhas, vive bem assim
Onde vive teme apenas o homem.

Na lama cava profundo buraco
Onde se esconde do ente velhaco
Quando este chega, os bichos somem.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Não chore por mim

Neste mundo a pessoa se ressente
Da falta que faz um pouco de alegria
E que atinja grande parte da gente
Que triste vive, em triste porfia.

Todo mundo, do incréu ao temente
Que, em tempos outros, dançava e ria
Hoje? Vai cada um pasmo e ausente
Não há piada, tirada, nem ironia.

Este mundo entristeceu, nos parece
Porquanto nenhum riso nos aquece
E, no caminho, há humor escasso.

Ao invés de rir gostamos de chorar
Choro nos sabe melhor ao paladar
Porque choro é nosso melhor traço.

domingo, 21 de janeiro de 2018

bucolismo

Manhã opaca, plena de nevoeiro
Que tudo impregna, então se espalha
Nenhum galho mexe, nada farfalha
Sequer tímido raio solar primeiro.

Longe, ouço canto dum agoureiro
Como a replicar tagarela gralha
Que, no seu galho mais altaneiro
Grasna, e vai aceitando tal batalha.

Mas, neste marasmo, nada acontece
Tudo parado como fotografia
Enquanto aranha sua teia tece.

Nem mesmo nuvem no céu se mexia
Aos ventos a discretíssima prece
Subindo triste da triste abadia.

sábado, 20 de janeiro de 2018

A Thalassos

Ó mar de ondas, marolas e vagas
Que rolas tuas águas ano a ano
E, nas ressacas, as praias alagas
Assustando o imbecil ser humano.

És orgulhoso e se sabe soberano
Estendido por mais extensas plagas
Só não entendemos qual é seu plano
Porque todos os teus rastos apagas.

Ó mar, estás acima do meu letrismo
Mereces o mais subido lirismo
Porque és extremamente demais.

Segredos são muitos nas águas tuas
De naus piratas a nereidas nuas
De enigmas, mistérios e que tais.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

E la mente va...

A mente do bardo, não satisfeita
Deseja ampla visão planeta a fora
Para tanto está sempre a espreita
Em qualquer época, a qualquer hora.

Se vê algo novo, faz sua colheita
Assim, desde a noite até a  aurora
E, com o que descobre, se deleita
Seja num longo prazo, seja agora.

A mente do bardo a garimpar ouro
Não julga, sequer enxerga desdouro
Nos tantos eventos vis deste mundo.

Em si, nada considera surpresa
Seguidor radical da natureza
Tudo lhe é normal e muito fecundo.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Palavras

Há palavra nobre, que é erudita
Cheia de circunlóquios e axioma
A qual, prá falar precisa diploma
Senão fica-se bem mauzão na fita.

Há palavra tosca e outra bonita
E aquela que, de repente, assoma
Com certos dengues e, talvez, aroma
E que sempre será bem escrita.

Mas existe alguma que até satura
E, sinceramente, sem ressonância
Melindrosa e repleta de frescura.

Então não a uso com constância
Pois no meu texto ela pouco dura
Além disso, não confere elegância.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Terrae Brasilis unida

as, então o sul não é o meu país
E isso mudou, sei, muito tempo atrás
m território só, a constituição o diz
ortanto, este país não se desfaz.

ssim, se cada um quiser o seu naco
Í nfimos pedaços vão-se esfarelar
erá um caos, tudo bem ruim, opaco
É a balbúrdia, cada querendo seu lugar!

O tempo é professor, nos ensina
uito melhor se formos cidadãos
nidos num planeta sem esquina
ada de seccionismo de emoção.

e que serve uma terra pequenina
nde só pode viver se for anão?

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A viagem

Há vates atentos na madrugada
Em busca duma inspiração fresca
Em procura de tudo ou de nada
Pode tornar-se, as vezes, dantesca.

Para o poeta, autêntica estrada
Nem sempre prefeita, mas pitoresca
Seja plana e lisa ou esburacada
Seja mui pequena ou gigantesca.

Mas, ainda assim, vai até quando?
Se é que um dia acaba a viagem
Enquanto esse tempo vai rolando.

Contudo, dizem, no fim a mensagem:
Não importa o que você está pensando
O que no fim interessa: a paisagem.


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Dia

A noite taciturna deu as caras
Com fisionomia bastante fria
E suas intenções não estão claras
Ante esse quadro tudo se admitia.

Poucas estrelas, na verdade raras.
Mesmo a lua grande esforço fazia
Para alumiar distantes searas
Encoberta trás de nuvem sombria.

E quando o sol desfez esta agonia
O dia nascente veio se abrindo
Então fez-se luz, o mundo existia!

Era o renascer de um dia lindo
Que com a noite terçara porfia
E pela humanidade tão bem vindo.

domingo, 14 de janeiro de 2018

A estrada

No caminho desta vida vou a passos
Respeitando a direção da estrada
Sinto que com tudo não tenho laços
Andando de coisa nenhuma ao nada.

Nômade de trote vazio de abraços
Começo a jornada com alvorada
Tentando conquistar novos espaços
Em cada trilha quando começada.

De passo a passo vencendo um tanto
O mal desta vida perde o encanto
Caminhar é seguir com esperança.

Neste mundo de enorme desafio
Subir montanha, atravessar o rio
Com atitude que jamais se cansa.

sábado, 13 de janeiro de 2018

O Sétimo Mandamento

Um passo para frente, então, dois para trás
Este nosso Patropi se conduz sempre assim
Eis que a classe mandante, certo nada faz
Porque eles estão entretidos com o butim.

O sétimo mandamento, não roubarás
Certamente, para eles parece ruim
Mas cada prócer daqueles é bem capaz
De roubar, então dizer-se um querubim.

O destino desta nação não lhes importa
Desde que eles afanem infinitamente
Pois, para os ladrões, Inês já está morta
E quem mete a mão na bolada nada sente.

Eis que, todos são marginais de vida torta
Cuja estada no Parlamento é um presente.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Uma mente livre...


Deixe a mente totalmente aberta
Que, certamente, virá a faísca
Porque criar não tem uma hora certa
E a idéia genial pode ser arisca.

As vezes, um evento te desperta
Pois um brilho na mente corisca
Então a cabeça que estava deserta
Em novos patamares se arrisca.

Pode ser um pássaro gorjeando
Sobre o galho, maviosas canções
Como a cortejar o seu próprio bando.

E pode lhe advir algumas questões
Que suas sinapses vão baralhando
Pra alcançar almejadas soluções.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Elegia à decepção

Esperança: partido dos trabalhadores
Neles temos toda fé, quem vota não erra
Assim, acabamos com circo de horrores
O petê, está provado, é o sal da terra!

Finalmente vão-se acabar as nossas dores
Eleger Lula, enorme batalha encerra
Será a maior redenção dos eleitores
Só quando o trabalhador vencer esta guerra.

Contudo, ao invés de revolucionários
O que vimos foi um monte de trapalhões
Que diziam fazer em nome de operários.

Afirmavam fazer as grandes inclusões
E acabar com governo de mandatários
Que se viu? Apenas um bando de ladrões!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Guerrear é humano

Nós não formamos rebanho de ovelhas
Que andam pela campina balando
Temendo até olhares de esguelhas
Protegidas no volume do bando.

Também não somos família de abelhas,
De flor em flor pelo jardim voando
Mas que agitadas como centelhas
Atacam pessoas de vez em quando.

Os humanos são seres racionais
Contudo, essa humanidade erra
Tal como quaisquer outros animais.

O humano diz ser o sal da terra
Mas todos homens ditos bem normais
Cedo ou tarde partem para uma guerra.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

La vita va...

A vida é cornucópia fremente
Que deseja despejar seu domínio
Então toda a natureza consente
Porque a existência tem tirocínio.

Sob esta batuta é terra fulgente
Contudo, não de curso retilíneo
Semelha mais deslocar da serpente
Apenas com certo furor sangüíneo,

Vida move a foca e perfuma a rosa
Pode ser medonha ou bem airosa
Anda cada espécie no seu caminho.

A  vida faz sua própria história
Podendo ser na lama ou na glória
Porém nenhum vivente vai sozinho.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Um dia qualquer

Quando de manhã acordo
E sinto aroma das flores
Percebo que estou a bordo
Desta nave de candores.

Agradeço o mundo ledo
De florestas e de ninhos
Que nunca guarda  segredo
Do canto dos passarinhos

Pois enxergo só candura
No voo da passarada
Que sobe àquela altura.

Sou errante da estrada
E sem alguma frescura
Que fere o ar com risada.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Esclarecendo

Quando traço certas linhas 
De quase nenhum mistério
Eu evito as abobrinhas
Para ser assunto sério.

Não uso palavras raras
E procuro ser preciso
Daí apenas frases claras
Pra ficar esclarecido.

Não escrevo pras elites
Ou tema que tu evites
Pra não parecer hermético.

As vezes não digo nada
Tipo, vasta macarronada
Pra ser apenas fonético.