segunda-feira, 30 de abril de 2018

A palvra diz

Não sou vate dalgum estilo fido,
e prefiro meu escrito derramado;
sobretudo, me sinto convertido,
a um livre pensar ajumentado.

Não quero deixar termo escondido,
e nenhum claro sentido chanfrado;
o que é hoje, antes já teria sido,
segundo o entendimento a mim dado.

Creio nesta verdade plenamente,
porque não desejo luta ou porfia,
portanto faço minha obra prudente.

Transmito, da palavra, a tirania,
aquela palavra de ordem ardente,
que no ardor do bardo é água fria.

domingo, 29 de abril de 2018

Kafkando

No momento que acabo de acordar,
noto que mudei, para pior até;
não sou mais eu, mas algo singular,
e sequer consigo ficar em pé.

Na parede, Kafka está me olhando,
compreensivo, como tendo dó;
a mim parece pensar: até quando?
Gregor Sansom enfim não está só.

Sem espelho, mas sei que sou barata,
metamorfose de Kafka é arte,
porém, tal literatura me mata.

A barata pensa: por que destarte?
então por que Kafka me maltrata,
pois eu, Gregor Sansom, não vou matar-te.

sábado, 28 de abril de 2018

Kafka interior

Hoje acordei Jair Gregor Sansom,
num terror que nada explica a parada;
não existe redenção, nem algo bom,
na figura dessa traça ou do nada.

Neste conto eu, Jair, nojenta traça,
a qual se impõe poderosa, enigmática;
enquanto, na vida não há o que faça,
um non sense virtual, nessa prática.

E, metafórico, monto equação,
a qual queima pestanas do leitor,
deixando-a sem qualquer solução.

Nos lega vero teatro de horror.
Kafka em enigmática criação,
pra sublimar demônio interior.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Decepção

E, muitas vezes, eu fico imaginando,
se um lugar no mundo o homem merece;
ou se ele é tão asno como parece,
pois está neste Planeta sobrando.

O Homo sapiens, aqui é inquilino,
mas, como dono fosse se comporta;
talvez cereja em cima da torta,
mesmo um orgulhoso ente divino.

Homem, tenho vergonha de você,
porque só da fortuna corre atrás,
e o Planeta maltratado não vê.

Enquanto tudo morre, é falaz,
enchente e seca, não sabe porquê,
indiferente, pro bem nada faz.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Filosofando

Um filósofo em busca da verdade,
passa uma vida a natureza arguindo;
e, independente da sua vontade,
à existência continua sorrindo.

E o tal filósofo, ancho de vaidade,
e diz àqueles mistérios benvindo;
como fosse trágica potestade,
o qual desvendou criptograma lindo.

Não é verdade que a verdade exista,
mas pros pensadores, é ganha pão;
perseguem-na numa mínima pista,
como fosse a única salvação.

A verdade jamais sai de sua lista,
mesmo onde não tem, filósofos vão.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Tributo a Gregório de Matos


Me  ponho  a  estabelecer estudo,
que para mim resolva esta parada;
um nada  é alguma coisa, contudo,
tudo e nada, coisa indeterminada.

Porém, tal como me acho abelhudo,
eu  caminho  firme  nesta jornada;
então  sabendo-me  nada sortudo,
tudo deixa minha mente animada.

Nada, por  certo,  terá  conteúdo,
se alma de alguém  estiver ocada,
ao contrário, se corpo for bojudo.

Por fim, a  coisa desembaralhada:
a  soma de muitos  nadas dá tudo,
subtraindo nadas de tudo dá nada.


terça-feira, 24 de abril de 2018

No Éden


Que o inocente Adão tenha pecado,
por tão somente estar ele despido;
deve  ser  dedução  dalgum tarado,
talvez  um  mentiroso   desmedido.

Então, do Éden foi expulso, o coitado,
humilde  saiu,  sem  qualquer  gemido;
porém,  sentia -se  um    desarvorado
e, no fundo da  alma,   bem, ofendido,

Mas o criador, também de Eva cobra,
por que  pelo Éden  fica andando nua?
Eva: - Mas senhor foi a bendita cobra!

Você e Adão praticaram falcatrua!
não estou satisfeito com sua obra,
então, você também  está  na rua!

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Ser perquirente

Bem adiante, por trás daquele monte,
um outro mundo existe, com certeza;
porém,  como está além do horizonte,
mantém   nossa   expectativa   acesa.

Talvez  alguma  verdade  nos  conte,
daquele  mundo imerso em surpresa;
então  construamos   aquela   ponte,
que nos mostrará sua grande beleza.

E  fico  aqui  pensando sobre tal fato,
pois queremos o que existe mais além,
se  for  negado  então.  Nosso barato!

Porque tudo, algum mistério  contém,
mesmo que seja um evento insensato,
e no qual  sequer vamos nos dar bem.

domingo, 22 de abril de 2018

M3U R0M4NC3 3M NÚM3R05

4M4-L4  D3M415  FOR4  53MPR3 M3U D353J0,
QU4ND0 4 V14  P4554ND0  P3L4   M1NH4 RU4;
3 D35D3 4QU3L3 T3MP0 1M4G1N0 QU3 4 V3J0,
P0R  B41XO  D0  V3571D0,  7074LM3N73  NU4.

M45,N4`0 M3 JULGU3 P3RV3RTID0, P0R F4VOR
P015  VOC3^ 5UBV3R73 4 M1NH4 C4P4C1D4D3;
3U 50U 35CR4V0  QU3 S3QU3R 73M 0ND3 P0R
3S73 CRU3L 53N71M3NT0 QU3 4 M1M 1NV4D3.

315 QU3 P4R4 C0NQU1574-L4 4 1570 R3C0RR0,
F423ND0 V3R505  C0M  NÚM3R05 B3M R3415,
74LV32  C0M0  51MPL35 P3D1D0 D3 50C0RR0.

C0M0  NÚM3R05  POD3M S3R M3NOS 0U M415,
53 V0C3^ D35PR32A-L0S P0D3 53R QU3 M0RR0,
P0R3M 35P3R0 QU3 35CU735 35735 M3U5 415.

sábado, 21 de abril de 2018

O Astro rei

O Astro rei, este mensageiro do dia,
manda pras calendas a noite escura;
dos  noctívagos,  lhes tira a  alegria,
mas para  os diurnais  é  festa pura.

Porém, ao Sol, lhe faltará picardia, 
porquanto  sua  luz tão pouco dura?
ou  ele,  talvez,  na  beleza  confia,
por  ser tão  bonita  a clara figura?

Mas no Sol grassa grande confiança,
porquanto ali está a milhões de anos,
e se consagra por não fazer lambança.

Na noite o sol está detrás dos panos,
contudo, a luz  sua, a selene alcança,
a que não  o deixa  cometer enganos.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Mar, meu desafeto

Da minha janela avisto o oceano,
hoje duma cor pálida, enfermiça;
que me parece eivado de preguiça,
mas que noutros dias já foi tirano.

Mar é estranho, sou homem urbano,
porém vê-lo, minha atenção atiça;
matas tanta gente, valha-te missa!
mar perigoso, ao longo de todo ano.

Tens tempestades convulsas, malsãs,
talvez, carregadas de pestilências,
as quais arrepiam as minhas cãs.

Pescadores dedicam reverências,
às tuas ondas que são como irmãs,
pois a ti explicam suas carências.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Aqui no Patropi

Neste Brasil, um paraíso de quem rapa,
lugar que, vale muito aquele que tem mais;
ladrões de alto coturno se acham os tais,
cada velhaco, da justiça sempre escapa.

Marginal não precisa viver a socapa,
então pode ser até famoso demais;
porque ter dinheiro enobrece marginais,
quando quiser recebe benção do papa.

Mas como pode existir um país assim,
em que muito se rouba e fica numa boa,
enquanto os miseráveis só comem capim?

Este um Patropi que meliante ri a toa,
todo político, mesmo ladrão chinfrim,
na sociedade, é uma figura de proa.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Inspiração

Se e quando a inspiração te espete,
pegue-lhe firme pelo braço no ato;
ponha pra funcionar seu fosfato,
então crie, componha, pinte o sete.

Mesmo sem rei, madame ou valete,
nunca deixe esse o certame barato;
à obra que virá, dê seu melhor trato,
pois onde há talento, ousar promete.

Nada impede de fazer que queira,
quando este alumbramento te chama;
portanto o faça! E siga adiante.

Caminhando conforme você beira,
não busque reconhecimento ou fama,
lembre, no mundo você é estudante.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Soneto definitivo?

Por um  soneto  extremado me babo,
um que contenha a palavra certeira;
levando o  pensamento  na  esteira,
sendo  especial  ao  fim e ao  cabo.

Não poema que um outro torça o rabo,
mas  algo  intrigante  à  sua maneira;
que da mente do que lê abra porteira,
então   flagele  a   bunda  do  diabo.

Mas  fazer,  sinceramente,  não sei,
trilhando os caminhos ditos normais,
e  imagino  que  se  pudesse  era rei.

Ditando ao mundo minha própria lei,
porquanto   seria   um   vate  demais,
mas, por enquanto, isto anpenas sonhei.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Face Book



F iz uma aposta nessa rede social
A qual a todos supostamente une
C aindo eu num vórtice descomunal
E scuro, onde ninguém fica impune.

U m buraco negro de feição do mal
M edonho, onde as hordas reúne
A li não posso navegar minha nau
L ogo, saio enquanto estou imune.

O Facebook não foi feito pra mim
U tópico universo só de sabichões
C aio fora, meu cabedal é chinfrim.

U ns radicais, não admitem senões
R azia todos eles cometem assim
A qui vou ficando com meus botões.

domingo, 15 de abril de 2018

Diplopia

Imagem real, e outra nem tanto, no lado,
viver  nessa   atra   duplicidade,  pareço;
diplopia,  disse  o  médico   consultado,
que é visão dupla, pela qual pago um preço.

Eis que, morar neste universo duplicado,
é como entender as coisas pelo seu avesso;
andando  na  rua   fico  meio   abobado,
pois tropeço na calçada se subo ou desço.

Do   médico  estulto  não tenho solução,
nada propõe, nem alguma receita indica,
pois não consta no Vade mecum uma ação.

Portanto, já tomei até infusão de arnica,
chá de jurubeba e alho poró, por que não!
enquanto essa tal medicina nada explica.

sábado, 14 de abril de 2018

Arte de nada dizer

Bunda de fora ou calça de veludo,
é   mui   indefensável   dicotomia;         
a qual determina se nada ou tudo,      
desprezando   qualquer   alegoria.      

E diga-se que assim seja, contudo,
dito, é  preto  no  branco  todavia;
sendo melhor dizer que ficar mudo,     
e  torcer  para  que  certo  seria.
                                                        
É melhor errado do que agrafia,      
porque se sou filólogo arquiteto,     
afirmo-o,  não  recorro  à porfia.        

Pois então neste soneto completo,
não vou externar alguma ousadia,
na verdade quero ser só discreto.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Conluio

Já pensam  em  como soltar  o marginal,
esse  escroto  que  dilapidou  este  país;
mancomunados  com  o bandido afinal,
o qual afanou e roubou como bem o quis.

O tribunal vai reunir-se na sexta-feira,
numa   infame  e  melancólica  reunião;
para com argumento sem eira nem beira,
livrar sem vergonha a cara do vil ladrão.

Se você  for pobre, este país lhe é triste.
porém, se  rico ou famoso, é um paraíso,
pois um valhacouto de bandidos consiste.

Do homem de bem afanou-se seu sorriso,
portanto não há esperança que se aviste,
vejo que, talvez abandona-lo eu preciso.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Religião

Apenas poder puro e simples tendo em vista,
tal   pernóstico   amargou   com   este   país;
hoje  todo  povo  enganado  mais se entrista,
porquanto, no  comando, fez tudo o que quis.

Semeou  tristeza   dizendo-se:  - Sou  deus!
eis   que, tudo posso porque  tenho  o poder;
pouco importa se meus seguidores são ateus,
porque  o povo  isso não  deve  nunca  saber.

Pois,  trago nova seita em forma de partido,
militam   numa   nova   e   ampla   religião,
aos  pés  deste  pinguço por si mesmo ungido.

E  à  honestidade  todos  nós  dizemos  não,
eu sou   deus, o que jamais alguém tinha sido,
quero  apenas  que  cada  adepto  seja  ladrão.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Borra-botas

Eis que, acabou o reinado do maior bandido.
merda  que,  travestido  de  bom  presidente;
transformou-se naquilo que não havia sido,
de modo que  hoje, muito  este  Brasil  sente.

Levar  este Brasil  ao  brejo o  seu objetivo;
enquanto seus filhos  ladrões ficavam ricos;
construtores   em   conluio   cujo   objetivo,
mancomunaram-se  com  biltres  políticos.

Com ele, formaram rapinantes quadrilhas,
cuja  vítima   primeira   foi  a    Petrobras;
grana suja em malas, mochilas ou em pilhas,
tanta  grana  que  levar  ninguém  é capaz.

O Verme, apê no Guarujá e sítio de luxo,
mas sempre dizendo que não sabe de nada,
e burro nunca foi, gosta de encher o bucho.

Agora  enfrenta essa  duríssima  parada,
achando que na arma ainda tem cartucho,
na  verdade  está com  calça toda cagada.