segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Poesia morre?


Em alumbramento, o vate morre
Então seu corpo inerte vai pra essa
E nada neste mundo já o socorre
Apenas sua obra a nós interessa.

Passou a vida fazendo poesia
Tratou de romance, existência, luar
Agora cobre-lhe o corpo a laje fria
E sualma estará em outro lugar.

E do seu acervo que trato agora
Morre com ele toda a produção?
Ou apenas o poeta se foi embora?

Na cova profunda, na escuridão
O poeta lembrando tudo, chora
Pois só poesia lhe trazia tesão.





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domingo, 29 de outubro de 2017

Do livro

Homenagem ao poeta Cruz e Souza

Da forma e do conteúdo
Do espírito e da ciência
De ter bastante tenência
Deste livro que trata tudo.

De assuntos mais suaves
De lúcidos pensamentos
De mui claros argumentos
Do explicar sem entraves.

Das dúvidas aclaradas
De palavras não caladas
De vasculhar escombros.

De dizer como são feitos
De conduzir por estreitos
De despertar assombros.

sábado, 28 de outubro de 2017

Esquerdismo

Então, qual é desse pseudo esquerdismo
Que a custa dos pobres, a uns enriquece
E fora de suas hostes prega o niilismo
Mas que solução alguma oferece?

Sofrem, pois, de memória seletiva
Ou não conhecem história recente
Da experiência russa negativa
Que massacrou toda aquela gente?

Têm cérebro esses tais esquerdopatas?
Ou apenas um cerebelo bolorento
O qual dá amparo a suas bravatas?

Quebrou o país esse poder nojento
Esses bandidos pior que piratas
Cuja existência eu muito lamento.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Evolucionismo

Surgem diferenças por mutações
Um desvio genético que se fez
Anomalia, simples erro, talvez
Novas espécies, novas variações.

Sequer existem tais predisposições
E se faz com extrema placidez
Lentamente, não em dia, ano ou mês
Mas em muitos séculos, talvez milhões.

A evolução acontece assim
Então, os pais transmitem ao filho
Cópia idêntica, tintim por tintim.

Cumprindo escrito, andando no trilho
Numa corrente que nunca tem fim
Cuja perfeição não perde o brilho.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Vida

Vida não é ontem ou amanhã, é agora
Eivada desses tempos invernosos
Vivamos animados ou nervosos
Pois todo dia tem uma nova aurora.

Não se deixe levar por medo antigo
De algum desmotivante inverno frio
Lembre que sempre à frente corre o rio
E nosso caminho é livre, lhe digo.

Não somos prisioneiros numa gaiola
Tampouco, esperemos da vida esmola
Porque o fim é uma sepultura fria.

Onde se acabam todas as aflições
Onde se responderão os senões
E haverá paz onde houvera agonia.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Infinito

Minha mente no infinito resvala
Se apequena frente tal coisa ingente
Porque maravilhada então se sente
Eu como qualquer ser vivo perco a fala.

Infinito, algo que sai da escala
Sob qualquer ângulo, bem excedente
E sequer é alguma coisa aparente
Então as nossas certezas abala.

No infinito nada se descortina
E sobre ele nossa mente não atua
É um enigma coberto de neblina.

Uma coisa que sempre continua
Etéreo, transparente, névoa fina
Resistente ao pensamento e à pua

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Homem no universo

O universo com seus vastos espaços
Que nossa imaginação aos céus guia
Dá lugar ao sonho e à fantasia
Pois nossos conhecimentos são escassos.

Nesse negro breu seu brilho resplende
Mesmerizando lúbricos olhares
Encantados pelos sóis singulares
E que o mortal comum não compreende.

Apesar de tudo, o cosmos eu adoro
Leio uma mensagem no meteoro
Que dizem, vocês não estão sozinhos.

Será que da vida somos só traços?
Neste Planeta perdidos sem laços
Em busca de verdadeiros caminhos?

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O inseto e a noite

Marca com lampejos o vaga-lume
A noite escura, esta ou aquela
Sua luz piscante eterna, revela
Que noite, das estrelas tem ciúme.

Brilha a luz pelos campos, pelo cume
Que a enxergo aqui de minha janela
Então me dou conta que a noite é bela!
Pois que, não seja assim que se costume.

Porquanto a noite nega a aquarela
E que nenhuma cor mostra e resume
Porque todo brilho esconde e vela.

E vive apenas do pequeno lume
Do pequeno inseto que cuida dela
Este inseto que nasce no estrume.

domingo, 22 de outubro de 2017

À morte

Esta vida frágil, que pouco dura
É caminho reto em direção a morte
De fato, nos fornece passaporte
Para viagem a uma prisão escura.

A última morada, a tal sepultura
Ideia que não há quem a suporte
Então não será nem questão de sorte
É o preço final da vida aventura.

Descemos então ao sepulcro gelado
Após nosso derradeiro suspiro
Com o velho coração já parado.

E ao negror terrível eu me refiro
Àquele que a ninguém será negado
A não ser ao corpo de algum vampiro.

sábado, 21 de outubro de 2017

Nosso tango

Tango que funciona como adaga
Algo de todo modo muito ruim
Nado ancho onde você naufraga
Gosto destes oceanos sem fim.

Onde navego nesta minha saga
Até que implores: voltes para mim!
Soluçando então, vertendo em bagas.
Sabe que entre nós deve ser assim.

Até nos imolarmos em chamas
Sem vibrar as cordas do violino
Silenciosos, quedos, sem proclamas.

Irrelevante pra mim os teus dramas
Neste morrer, neste teu desatino
O que quero, é tê-la nua nesta cama.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O mar

O avesso de Augusto dos Anjos

O mar é alegre sob qualquer critério;
Cada cor abrandada revela a doçura,
Da coberta de espuma sua brancura
Até pontuais marés e seu gesto sério.

Ah! dirão, e a profundeza de mistério,
Cujo fundo se encontra àquela lonjura
De amplidão imensurável e tão escura
Do tamanho de um inteiro hemisfério?

Quando à mente tais questões tragas,
Pense na água, não apenas nas fragas,
De modo que qualquer dúvida se esvai.

Refletindo a luz do avermelhado poente
O poeta transcende pelo que vê e sente,
Então chora quando a sua ficha lhe cai.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Essa tal de vida...

Existe uma força descomunal
A qual, por si, cria e destrói igualmente
Está presente em qualquer animal
Como em plantas, da raíz à semente.

Tudo ela corrompe até seu final
Pois vai seguindo amoque e tudo sente
Sendo indiferente ao bem e ao mal
É dinâmica, sempre indo pra frente.

Quem a tem, acha-se um ente de sorte
Mesmo sendo caminho só de ida
E que as vezes nosso sonho aborte.

Podendo ser ela curta ou comprida
Ainda que achem que se trata de morte
Saibam! seu nome de batismo é vida.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Velhice

As vezes me sinto velho e cansado
E sento-me, a lamber minhas feridas
Então me vêm dores indefinidas
Que maltratam este corpo fatigado.

Sinceramente? Sou gente “no estado”
Que já viveu, talvez, múltiplas vidas
E que anda sobre estas pernas tremidas
Vive de teimoso, como o ditado.

Acompanha-me constante fadiga
Que portanto já se tornou amiga
Então minha autonomia governa.

Veja, ser um velho me deixa farto
Mesmo sabendo que bem logo parto
Para que a desgraça não seja eterna.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Nossos grilhões

Corpo livre, mas sua mente escrava
Essa sociedade nos põe grilhões
Só somos livres com nossos botões
Tevê, buraco nas mentes escava.

Porque a lida do dia-a-dia é brava
Cheias de tretas, muitas decepções
Pois em nós predominam os senões
Eis que tudo que é sólido, deprava.

Não mais existe pensamento puro
E não há nenhum caminho seguro
Existir? evento eivado de liças.

Vítimas e algozes da natureza
Esta que nos põe alimento na mesa
E que demanda nossas preguiças.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Morte

Por mais que conquistemos nesta vida
Marchamos em direção à sepultura
Malcheirosa, esconsa, também escura
Recôndito de carne apodrecida.

Porém a morte será fim da lida,
Dessa existência que se fez ventura
Fornecida pra cada criatura
Numa senda medonha desmedida.

E a morte será o único evento
Completo, final e definitivo
Que não admite sequer complemento.

Ela alcança todo e qualquer ser vivo
Pois não contempla nenhum sentimento
E também não explica se tem motivo.

domingo, 15 de outubro de 2017

15/10 - Dia do Professor

Quero compartilhar com os leitores esta homenagem à minha primeira professora de português, Maria Jamur.

Das profissões esta é a mais nobre
Início da primeira real noção
Assim, que o aluno na aula descobre
Dalguma dúvida a explicação.

O professor nos mostra, descobre
Põe sabedoria em cada questão
Repete, explica e nada encobre
Obtendo assim toda nossa atenção.

Feliz dia! Ó mestre desprezado!
Este Patropi nem lhe dá valor
Suor e desprestígio é seu legado.

Seja, por sequência, lá onde for
O meu mais sincero muito obrigado
Reconheço: do saber és portador.

sábado, 14 de outubro de 2017

No STF

Soneto-acróstico escrito quando da assunção de Carmen Lúcia à presidência do STF

e vocês imaginavam diferente
ludidos que as coisas iam mudar
inistra Carmen Lúcia, dlz pra gente:
É nóis na fita, com Lula no altar!

osso petê continuará na frente
Ó bices são feitos para contornar
nventamos saídas continuamente
aímos do poder só se nos fartar!

ão alimentem esperança, portanto
gora este Tribunal eu o presido
aremos da justiça piada, um tanto.

ncólume como o Lula tem sido
eremos no Tribunal mais um canto
coitando o político bandido.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Caminhando

Peripatético: caminhas a pensar
Enquanto margarida no caminho vês
Razão terias, namorando um limiar
Indo adiante, encarando seus porquês.

Pois isso é a vida, no seu vago andar
Assim tu, teu ego e você, todos os três
Tentam com o mundo se reconciliar
Encontram inverso do contrário, invês.

Também, vate, este universo tem graça
Isto é, se tu quiseres que seja assim
Seja um mundo onde felicidade grassa.

Mas aproveite as margaridas no jardim
Ontem eram muitas, hoje talvez escassas
Sobretudo porque lá longe há um fim.