terça-feira, 23 de outubro de 2018

Dia do Aviador


Boeing 707

Tu sulcas o ar com esse rastro perceptível,
com ronco de  motores  que nos tantaliza;
mantendo-se  numa reta  pois, quase lisa,
na alta  troposfera, assim  em  alto  nível.

Saber que de aviões não és o mais moderno,
por  certo,  de  voar  não  nos  tira  o  tesão;
pois,  de boas intenção, cheio está o inferno,
a  idiossincrasias  suas  não   dizemos   não.

Tu foste sempre uma aeronave a mais viril,
da Boeing, talvez,  a aeronave mais antiga,
robusta  mas  confiável,  tal  nunca  se  viu.

Nau, que singra os ares e mantêm-se amiga,
sempre elegante  no  teu voo a  mais  de mil,
não   existe  aviador que  para  ti  não  liga.

O incognicível

Harmoniosamente na amplidão do espaço,
onde nenhum humano jamais deixou traço;
movimenta-se o chamado planeta Terra,
numa órbita quase circular que nunca erra.

Nas profundezas deste tenebroso breu.
onde até mesmo a luz ao longe se perdeu;
desaparece distinção entre mal e virtude,
e nada indica que este paradigma mude.

Embora pareça oco, o espaço é cheio,
bilhões de astros giram naquele meio,
uns pedras menores, outros rochas robustas.

Numa roda viva, cada um as suas custas,
existe de tudo, desde gelo até chamas,
contudo, todos eivados de sombrios dramas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Desmedida ambição

Quando seu único objetivo é subir na vida,
e não poupando outros de maldade e tormento;
tenha cuidado, não suba até o firmamento,
porque lhe será muito mais dura a descida.

Um homem de altas ambições sempre olvida,
que a riqueza será um etéreo monumento;
passível que o desfaça um mui suave vento,
restando no final, purulenta ferida.

Toda desmedida ambição terá castigo,
pois dinheiro é meio, não pode ser um fim,
a virtude é: Essa tal de riqueza? nem ligo!

Mas se Homo sapiens jamais pensa assim,
sinceramente! esse animal não vale um figo,
porquanto sua postura é muito chinfrim.

domingo, 21 de outubro de 2018

Vida eterna?

Homo sapiens, parece criatura insana,
na sua busca amoque pela vida eterna;
falível obstinação que o leva e governa,
contudo, talvez, não passe duma chicana.

É paradoxo, o homem de per si se engana,
temeroso, laivos de caridade externa;
como buscar salvação com uma lanterna,
cujo único objetivo é chegar ao nirvana.

Segue, que acabou criando a religião,
que nos templos esse vivente reza e chora,
pecando fora, lá dentro pede perdão.

O Livro lhe diz que quando chegar sua hora,
deverá, a seus tantos pecados, dizer não,
porque a labareda do inferno não demora.

sábado, 20 de outubro de 2018

Caminhar é viver

Quando, enfim, os óbices da vida tu aceitas,
pois então, teu curso traçado abandonas;
tenderás percorrer sendas menos perfeitas,
aventurando-se por estranhas zonas.

Novas paisagens e caminhos aproveitas,
visões magníficas, então te emocionas;
teus olhos como fazendo boas colheitas,
em longas caminhadas iguais maratonas.

Seja vencendo campos ou subindo ao cume,
tudo que fizeres ganharás o teu dia,
porquanto viver a caminhar se resume.

Repare, tudo que vês é somente poesia,
o que ouves é música, e sentes o perfume,
agora essa vida jamais será vazia.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Aroma que vem de você

Tenho nítida impressão que cheira a jacinto,
aquele mágico perfume que tu exalas;
pois quando você adentra, na hora eu o sinto,
antes de qualquer coisa, até das tuas falas.

Uma sedução de altíssimo grau não minto,
às claras, fascinando pessoas nas salas;
como fora certa dependência de absinto,
e cabeça, corpo e pensamentos embalas.

Se falarmos de aromas, tu és um jardim,
mixado dos eflúvios das flores mais belas,
rosas, azaleias, cravos, dália e jasmim.

Tanto olem estas, como perfumam aquelas,
numa exalação jamais antes vista assim,
um coquetel que desarma minhas cautelas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A cruz de cada um

E depois de tanto tempo ainda vou a frente,
talvez porquanto não se desfez o meu sonho;
e o vou seguindo, mesmerizado, mudamente,
mesmo que, muitas vezes, um tanto tristonho.

Sabendo que nada acontece de repente,
ater meu destino nas mãos, então me ponho;
com ferocidade, de modo assaz ardente,
na esperança dum certo futuro risonho,

O escopo da nossa vida não é ser feliz?
pois então, vamos a procura dessa luz,
pois quem procura sempre alcança, assim se diz,

Então, cada dia essa busca me conduz,
e talvez, um dia eu me encontre em Paris,
porquanto, cada qual carrega sua cruz.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Comportamento

Às vezes, quando obstáculo me supera,
neste tão determinado caminho que ando;
e sem saber para onde vou, nem mesmo quando,
vivo cada estação, menos a primavera.

E no entanto, indiferente, continuo andando,
supondo que cada curva a frente é sincera;
e que posso voltar atrás, se assim quisera,
porquanto, minha vida está sob meu mando.

Sinto que desse modo foi na juventude,
porém, muito diferente é nesta velhice,
embora, seja vida eivada de virtude.

Bom é que, velho eu cometo menos tolice,
porque na mocidade, já fiz o que pude,
pois os anos nos acalmam, alguém me disse.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Ócio criativo

Na minha vida pós-trabalho quero calma,
e, sem angústia, explorar, a veia de artista;
a qual um modesto talento sei que empalma,
e uma certa inquietação em mim exista.

Pois expectativa de versejar me acalma,
e, portanto, vou persistir nessa conquista;
na qual vou manifestar meu corpo e minhalma,
e deixar todos meus sentimentos à vista.

Porquanto nos dizem, versejar é remédio,
o qual cura saudade e nos dá esperança
além de mandar para as calendas, o tédio.

Na vida de ócio que produz, não há corrida,
quando sonho desta existência a gente alcança,
e, então, justifica o escopo de nossa vida.

   

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Esse tal de cero mano

A humanidade segue, apesar dos pesares,
pois não existe no mundo, animal tão estulto;
o tal Homo sapiens que causa tumulto,
mono que dominou as terras e mares.

Único vivente que faz guerra a seus pares,
arrogante, se diz inteligente e culto;
na verdade não passa de verme insepulto,
que vem praticando más ações aos milhares.

E não há no Planeta abrigo que te esconda,
ou, neste universo, qualquer porta que se abra,
és um risível energúmeno nato.

E teu fim trágico certamente te ronda,
expectante tenaz, numa dança macabra,
é a ceifadeira que findará teu mandato.

domingo, 14 de outubro de 2018

O tal cero mano

S endo médico e monstro o ser humano;
E ntão, parece, é tão bom quanto mau;
R ealmente,  as  vezes carrega o  piano;
H á  atos que a lei de Gérson é  normal;
U m  vivente  que   causa  muito  dano;
M as que,  por  vezes, ajuda  seu  igual;
A ssim,  o  homem  as  vezes  é  “mano”;
N outras  se  mostra  sórdido  e  imoral;
O que denota que este ser  é um insano! 

sábado, 13 de outubro de 2018

Poetando por aí

Cumpre o poeta sua obsessão pela rua,
e não lhe cai bem permanecer no aconchego;
porquanto seu grilo dalgum desassossego,
é moto que no tal alumbramento atua.

Mas, justifica, o vate, esse formal apego?
sem que, através dele, seu poema construa?
preto no branco, uma verdade nua e crua,
sem obscuras partes, como fora um morcego?

Compor, para o vate, não pode ser suplício,
tampouco certo feito que a todos agrade,
poema, não se constrói, não é um edifício.

Poemar é sair em busca da verdade,
se possível, com pureza, sem artifício,
porque a fórmula estará na simplicidade.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Em busca do paraíso

Viver para, no fim, receber recompensa,
é menor distância para o céu, sem atalho;
mas há custo: manter uma vida suspensa,
eternamente perguntando: quanto valho?

O Crédulo, não há óbice que não vença,
nas paredes ícones, ou apelos ao alho;
tudo, dependendo desta ou daquela crença,
orações em família, afinco no trabalho.

Mereço paraíso porquanto sou pobre!
uma vida modesta e devota fabrico,
e pago todo dízimo que a igreja cobre.

Nos meus rogos os santos e deus glorifico,
porém tenho consciência que não sou nobre,
contudo de devoção e fé sei que sou rico.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Os sertões



Desnudo agreste, mandacarus, sol a pino,
paisagem parada, sem tiquinho de vento;
uma canícula sem desculpa nem argumento,
tórrido calor que sela qualquer destino.

Não serve de explicação, o poder divino,
uma alma atormentada num corpo sedento;
sonho ou delírio com um refresco opulento,
sol forte, paisagem ampla, homem pequenino.

Assim se apresentam os tórridos sertões,
sem advertências, sem quaisquer explicações,
dando motivos para escritor sertanista.

Porém, homem que ali vive, dizem, é um forte,
triscando engenhoso, sequer temendo a morte,
o sertanejo herói, um perpétuo arrivista.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Da Vinci


Transparece certo sorriso de ironia,
daquele que tem algum sarcasmo na veia;
e que, enquanto pintava, solerte sorria,
como fez quando reproduziu a santa ceia.

Assim, Leonardo da Vinci, avô da utopia,
na sua Mona Lisa, algum mistério enleia;
ao invés duma tela cartesiana e fria,
preferiu eternizar sorriso da sereia.

Este Florentino nunca fora indeciso,
porque fez renascer a cultura primeva,
sem essas bobagens de inferno e paraíso.

Ele, portanto, ignorou a obscurantismo, a treva,
e fixou na Gioconda esse tal sorriso,
que talvez nos remeta a uma possível Eva.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Ceticismo


Diz-se, pois: Deus ajuda quem levanta cedo,
porém, pergunto: E se este permanecer quedo?
ficar inerte dominado pelo medo?
neste caso fica o tal dito por não dito?

E nunca haverá certeza nesse ditado,
porque supõe que ele não esteja cansado;
e também seja trabalhador dedicado,
por certo sem algum trauma e mesmo conflito.

Vai daí, que sobre tal ditado fico cético,
levantar cedo e trabalhar mais é patético,
e, sinceramente, este mundo não é assim.

Levantar cedo pra ficar sem fazer nada,
é que ocorre com grande parte da cambada,
que encosta-se no barranco para ver o fim.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Saudade de Palmeira




Que mais quero, que aqueles bosques sombrios,
que tais descampados verdes e deslumbrantes;
ou que colinas transformadas em mirantes,
e florestas frescas com aves e bugios?

Pinheirais fechados, refúgios dos amantes,
vacas à sombra ruminando seus fastios;
marulhar de simples corredeiras nos rios,
e tudo exatamente como fora dantes?

Pois é a Palmeira que me visita no sono,
onde de ingênuo menino me fiz homem,
e nunca me senti rei, nem ocupei trono.

Lá não existe ouro, diamantes ou jade,
contudo, vida de qualidade lá tem,
e para mim só permanece uma saudade.

sábado, 6 de outubro de 2018

Go Back to Austrália

Volto a Austrália pra rever meus netos um dia,
país onde todas as paisagens são mais belas;
e as vidas sem complicações são tão singelas,
então, não há quem ao lá chegar não sorria.

Além disso, é um país tropical, quem diria!
muito organizado e bem longe de mazelas;
mulheres exultam com os direitos delas,
enquanto todos trabalham, não há apatia

Nação pacífica, de paisagens serenas,
queen Elizabeth ainda é sua majestade,
dizem, por uma questão de tradição apenas.

Na Austrália existe poucas grandes cidades,
sendo que a maioria são vilas pequenas,
e a Fauna é desfile de curiosidades.