terça-feira, 31 de março de 2015

Vingança é um prato que se faz em versos

Ao poetar

Todo poeta tem trabalho a fazer
E quando não o fizer ele dança
Um deixa marca outro quer ser
Porém todos deixam lembrança.

Poetas! Exalta-se a sociedade
Esses seres destituídos de glória
Loucos, vivem longe da verdade
Morrem, vai com eles sua história.

A vates neste mundo não há lugar
Até àquele que ao poder se lança
E que assim atingiu um patamar
E de tão alto pode fazer cobrança.

Então vai poeta, faça seu poetar
Com intuito apenas de vingança.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Timidez

Na dura vida no palco não me vejo
Sequer sei se aqui tenho um papel
Luzes dessa ribalta eu não almejo
Nem rodopiar amoque no carrossel.

Existe uma certa inquietude mim
Que não se transforma em paixão
Aliás, aqui vivo muito bem assim
De acordo com a minha dimensão

Escrevo o que quero dizer, então
Aquilo que me passa pela cabeça
Registros escritos surgindo vão
Antes que minha mente esqueça.

Talvez tudo que faço seja em vão
E o silêncio de túmulo eu mereça.

sábado, 28 de março de 2015

Estação

Quando reparo num dia de verão
Assim mais claro, belo e ameno
E vento espalha folhas pelo chão
Sei que o homem é tão pequeno.

Principalmente quando o sol brilha
Espantando para mui longe o frio
Enquanto o Planeta segue a trilha
E a natureza parece entrar no cio.

Mas o verão não é eterno porém,
Então um belo dia vai-se embora
E com ele se vai o calor também.

Contudo a natureza em boa hora
Faz exatamente o que lhe convém
Muda para amarela a cor da flora.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Ai, meu nariz!

Hoje se liquefez minha cabeça
Viraram água os pensamentos
Mas não é coisa que aconteça
Para os que são homens lentos.

A água escorre-me pelo nariz
Como fosse cascata pequena
Não imagino o que o povo diz
Dessa besta tão ridícula cena.

De tão triste nem mesmo lenço
Consegue parar essa enxurrada
Diante disso eu somente penso
Que o melhor é não fazer nada.

Porém sei que esse mal venço
Mesmo que seja só na porrada.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Soneto-acróstico

Ao concretista

Depois dele, concretismo ou le deluge
É assim que Érato transcendental o vê
Como Luiz XV, se, não, a vaca muge
Intenso, imenso, consenso, veja você!

Otimizou a linguagem da nossa poesia
Principalmente subverteu a passividade
Ignorou as gramaticâncias como queria
Grande poeta autor de imensa atividade.

Nenhuma pedra sobre outra logo após
A lírica brasileira tornou-se subvertida
Todas as linhas, os textos, todos os nós.

Assim Décio Pignatari viveu a sua vida
Resistindo ao gramaticismo tão atroz
Inventando a cada dia uma nova saída.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Vivendo e aprendendo


Se um homem desfruta de fortuna
Só pode ser por um desses motivos:
Ou ele é o exemplo da sua comuna
Ou dos batalhadores é o mais ativo.

Normalmente se orgulha da bonança
Então sobre isso é sempre afirmativo
Prega a todos que existe esperança
Enquanto no Planeta estamos vivos.

Em geral ele não carrega amargura,
Prega aos ventos que está bem feliz,
E que tudo que faz é uma aventura.

Desse homem vale ser um aprendiz
E imitá-lo nas escolhas a essa altura
Ouvir com atenção tudo que ele diz.

Que merda!

Que a todos nós alcança a idade
Ulterior e trágica constatação é
Acima de tudo essa crua verdade
Não se trata mera questão de fé.

De repente dóem todas as juntas
Ontem eu era um jovem sestroso
Chega porém hora de perguntas
Hoje sou somente um ser idoso?

Em algum ponto perdi esse bonde
Ganhando quilos e perdendo vida
Aquilo que eu tinha estará aonde?
Aquém, talvez além dessa avenida.

Viver muito ou é um prêmio ou peso
Em resposta de como alguém viveu
Longe da tristeza com vigor aceso
Homem sente que o mundo é seu

Idade seja portanto tu bem vinda
Com tudo que este velho aprendeu
Encantado com esse existir ainda
É como se uma vez mais nasceu.

Finalmente uma coisa ruim também
Ontem praticar sexo quase todo dia
Deitado, em pé, até dizendo amém
Agora para trepar me falta energia.

terça-feira, 24 de março de 2015

Aqui no Patropi

Ontem vivíamos só de esperança
Brasileiros sonsos amesquinhados
Realmente tratados como crianças
Apenas em campanhas lembrados.

Somente silêncio, da urna emana
Implacável, silêncio de abastança
Logo que eleito, político dá banana
Povo elege à espera de mudança.

República de faz de conta isto sim
Exemplo de país das maracutaias
Condena-se pobre a comer capim
Ignorando, homem público, as vaias.

Salve, salve esse lindo Pindorama
Aonde a Lei de Gérson é adotada
Menos vale realização que a fama
Uns se locupletam e a outros nada.

Dizem-nos que isso muda um dia
Até cremos tal como quem herda
Ricos, felizes e cheios de alegria
Porém continuamos nessa merda.

Assim caminha nossa triste vida,
Rico roubando a comida do pobre
Animado porque ele sabe a saída
Vestindo manto que tudo encobre.

Insisto em dizer, esperança não há
Vejo à nossa frente futuro nenhum
Esperar portanto para ver o que dá
Resulta em volatizar igual ao pum.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Há hora de falar e de calar

De nada mais vale dizer o que já dizia
Bater na surrada tecla de dizer jamais
O que vale ou não vale, mais que tais
Tanto falar como calar constitui razia.

Não vale vociferar aqui o que não cria,
Como a discursar que está nos jornais,
Calando, tu acabas dizendo muito mais.
Como a dizer, bom pinto é que não pia.

Vale calar, o silêncio valorizar portanto
Se falas, e falando, o outro não escuta
Perdes oportunidade de calar um tanto.

E as regras sequer cabem nesta minuta
Mas, consequências te levam ao pranto
Eu afirmo: quando calas és filho da puta.

domingo, 22 de março de 2015

Tributo a Guimarães Rosa

Diabo existe ou é apenas abstração
Incutida na própria mente de Riobaldo
Acode-lhe a permanente indagação
Diadorim homem, mulher ou rescaldo?

Outro é o mundo de Guimarães Rosa
Repleto de grandes veredas de sertões
Incluindo essa tal obra prima em prosa
Máxima obra entre todas as criações.

sábado, 21 de março de 2015

Soneto-acróstico À Maria Juana

Hemp alegre viagem te proporciona
Átimos de versões bem aquareladas
Colore, alegrando brinca e emociona
Incluindo as mais atrativas estradas.

Ganha uma via luzente de alto brilho
Acode-lhe enxergar bem mais além
Representa novo guia pro andarilho
Refeito das dores e reveses também.

O cigarro de hemp sofre preconceito
Alguns o dizem venenoso e viciante
Sobretudo se não preparado direito.

Sim à maconha, nos vamos adiante!
Insistindo que a tudo se dá um jeito
Mais vale fumar que ser um farsante.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Nem lasanha nem piranha


Noite calada, uma rascância estranha
De vagarinho minha atenção apanha
E medo sutil meu pensamento ganha
Será perigoso ou somente patranha?

Como a escalar a íngreme montanha
Sobe de intensidade aquela manha
E meu temor essa subida acompanha
Estou receoso pois não gesto façanha.

Trêmulo, aquele calafrio na entranha
Será um avantesma cheio de sanha?
Ou algo inocente fazendo artimanha?

Mas enfim uma esperança me banha
Apenas um bicho fazendo campanha
Quem faz o bulício? a inócua aranha!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Web trampa

Redes sociais, trampa planetal
Que a todos acolhe nos braços
É monstruoso universo virtual
Da loucura à frente uns passos.

“Amigos” poderão ter um milhão
Ao seu livre gosto, sua escolha
Porém existe sempre um senão
Isso tudo é apenas uma bolha.

Ainda que navegar você goste
De na rede sentir-se integrado
Na seriedade da web não aposte

A verdade tem mais de um lado
Que talvez não interesse à hoste
Pois você é somente mero gado.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Soneto-acróstico

A Alencar

Autor prolífico nascido em Messejana
José de Alencar nos disse a que veio
Outra talvez seria velha alma humana
Sem Alencar a influenciar nosso meio.

É pai de Iracema, ela de lábios de  mel
Deixou-nos A pata da Gazela também
Em tudo que fez saboreia-se um pitéu
Além disso tudo, sempre escrevia bem.

Lá se vão tempos de ídolos escritores
Eles que no vernáculo verteram obras
Nunca mais o mundo com tantas cores.

Com tais próceres onde talento sobra
A boa literatura mesclou-se de flores
Restando a nós aplaudir esses cobras.

terça-feira, 17 de março de 2015

Soneto-acróstico À sogra

À sogra

Se tu és casado e não é órfã tua mulher
Oh meu amigo! sinto muito, estás fodido
Goste ou não, se mude para onde puder
Recusando informar até no qual sentido.

A vida é pra dois apenas, e não pra três
É um núcleo dual íntimo tal qual uma ilha
Já se a sogra corre a habitar com vocês
Aguente essa deturpação de sua família.

Realmente, é a sogra serpente jararaca
Aonde ela anda o veneno vai destilando
Reverta isso ou não valerás uma pataca.

Ao menos é legal, sogra não reúne bando
Cada uma somente o seus genros ataca
Assim cada infeliz a seu jeito vai levando.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Acróstico

Quando o povão vai à rua em massa
Uma lição pode ser, então aprendida
Em que não pode existir menor graça
Povo na avenida, gestor puto da vida.

Aqui no Patropi, político caga e anda
Íntimos do poder não ligam prá clamor
São eles os mandões, povo se manda
É a república de bananas onde há dor.

E assim essa democracia vai rolando
Sem que cesse a bandidagem jamais
Se você crera, agora está aí chorando
E se há soluções, sequer sabe quais.
?


Soneto-acróstico

Ao conto

Conta-se que uma vez em algum recanto
Apenas num lugar qualquer sem encanto
Nasceu ali na mente de um escritor pronto
Tesouro literário no belo formato de conto.

Advento, um dos mais notáveis, portanto
Nas suas linhas talento deitava o manto
De onde fluíam como fosse contraponto
Ousados temas sem qualquer desconto.

Onde ao encará-lo nunca nem desmonto
Contrário, cá é fonte de prazer e espanto
Onde conta um conto aumenta um ponto.

Não que precise comentar por enquanto
Tenho que admitir, não existe confronto
O mais da vezes muito gosto no entanto.

sábado, 14 de março de 2015

Dia do PI


Ao lado da memorização, existe outra atividade lúdica que consiste e traduzir os números para linguagem escrita usando o valor dos dígitos para número de letras das palavras. A essa técnica deu-se o nome de escrita restrita e para o dígito zero costuma-se escrever palavras de dez letras. O mais ambicioso projeto nesse sentido é um poema de Mike Keith que usou 3835 dígitos de Pi. Para não ficar só contemplando, sem pretensão alguma, rascunhei um texto baseado em 63 dígitos desse número mágico. A pontuação visa fornecer algum sentido ao texto:

  3,   1   4    1    5       9          2       6       5      3      5       8
Sim, o arco é fator divisível, Pi  figura nessa tal curva circular
        9                7              9      3   2    3         8           4        6      
verdadeira.  Divisão algébrica sai do seu diâmetro. Raio saindo
 2      6       4      3     3        8            3    2       7               9          5   
do centro indo até uma tangente. Nós só podemos aproximar valor
      0          2        8              8           4    1       9               7         1     6
imperfeito da dimensão absoluta. Essa é tentativa extrair o número
       9          3          9             9           3         7         5      1     
magnífico dos diâmetros perfeitos. Não podemos achar a
        0             5          8       2           0                 9           7        4  
quantidade certa, calcular só aproximado. Geometria virtual para
        9           4       4        5          9        2
resolução como meio ótimo encontrar Pi. 

JAIR, Floripa, 14/03/15.

Emburrecendo


Naturalmente não se pode dar trela
Praquele que reclama da qualidade
Da tevê. se seu passatempo é novela
Que distribui muito amor e felicidade.

Toda vez que alguém assim eu vejo
A dizer que a televisão não presta.
Bem no fundo se esconde o desejo
De dizer: tua estultice assim atesta!

Porém o que realmente me assusta
É que nunca se manca essa pessoa
Que desligar seu aparelho não custa
E muito melhor é permanecer à toa.

Então se sua inteligência não susta
Amigo, vá ler um livro que é uma boa!

Soneto-acróstico

Aos vocábulos

Amigo, as palavras nunca foram fiéis
Se você em destaque não as coloca
Perde os dedos, muito mais os anéis
Assim, as domina aquele que se toca.

Lutar contra a vontade dos cognatos
Atribuir-lhes qualquer incerto sentido
Vilipendiar suas conquistas seus atos
Resulta num texto morto e desabrido.

Apenas o que querem dizer, respeite
Seja para elas um mero instrumento
Verterá então texto que é um deleite.

Onde você lhes fala que são fomento
A fim de não chorar o derramado leite
Morre das ditas a empáfia sem alento.