Envelheço, vejo à frente a sepultura
Atrás, bastante lá atrás, a mocidade,
E que era certamente a melhor idade
Sequer apercebida naquela lonjura!
Então. agora vida assemelha agrura
Repleta deste sentimento de saudade
Embora aos céus pedindo paz brade
Falta-me porém tolerância e doçura.
Creiam-me, é toruosa esta travessia
Diferente de tudo que na infância vivia
Sou agora tal uma casa abandonada.
Lentidão onde não passam as horas
Silêncio prostração e cinzas auroras,
E afora isto, eu já nem sei mais nada!
Fui brindado com este excelente soneto da Ania:
Caminho só de ida...
Fui brindado com este excelente soneto da Ania:
Caminho só de ida...
Andar vacilante,
sigo pela vida
o tempo é curto, e
a estrada, só de ida
passos
trôpegos...fantasma claudicante
num caminho que
termina logo adiante...
Nem a relva, nem
as brancas margaridas
percebo nessa
andança definida
pelo destino,
tirano torturante
que empurra, sem
piedade, atropelante...
E o sol vai se
pondo, sumindo na tarde
cansada, sozinha,
sigo a jornada
suportando a
triste sina, calada..
Passos quietos, em
frente, sem alarde
De tudo, restou
essa saudade danada
e a solidão a me
acenar no fim da estrada...
(ania)