sábado, 30 de junho de 2018

Minha floresta


Ah! minha floresta ombrófila, tão sombria,
que, por partes, sucumbiu ao maldito machado;
sem que se ouvisse nenhum reclamo, um brado,
que nós a percorríamos quase em ramaria.

Catávamos os pinhões da araucária sadia,
na floresta que orlava nosso povoado;
sob aquele dossel refrescante e fechado,
enquanto cada árvore para nós sorria.

Agora já não és como fora: sonora,
porquanto sumiram todos os passarinhos,
então tornou-se muito triste a tua aurora.

Lembro dos filhotes piando em seus ninhos,
aquele canto que melodioso de outrora,
que, por certo seguiram por outros caminhos.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

E assim caminha a humanidade

E quando falece um talento verdadeiro,
não há neste planeta o merecido preito;
nada que lhe faça merecido respeito,
ou que lhe seja moralmente lisonjeiro.

Neste país onde o medíocre faceiro,
na manchete do jornal causa tanto efeito;
e nas rodas intelectuais é tão aceito,
um ser talentoso nunca será primeiro.

Enquanto o néscio o planeta todo festeja,
e vê com maus olhos o ente intelectual,
este, com vontade briga aquela peleja.

E pouco lhes diz se aquele homem é mau,
e que péssimo cidadão ele então seja,
eles vão sempre lhe dedicar um festival.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Viagem no tempo

Planeta girava enquanto o mundo dormia,
porquanto é assim que acontece mormente;
e continua assim em plena luz do dia,
enquanto quem vive aqui, nada, nada sente.

Mesmo que seja aquele homem consciente,
um homem que não ligado em fantasia;
não fará a conexão exata, pertinente,
que o informe o que este universo faria.

Pois Einstein nos propõe um cosmos encurvado,
assim perfurado por furos de minhoca,
que futura viagem no tempo permite.

Portanto, se a viagem for o nosso fado,
homem do futuro por certo se desloca,
sem nem ao menos esperar algum convite.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O sentido

Busco somente a palavra mais pura,
que  não  agrida um sensível ouvido;
mas  que  traduza o  evento  sofrido,
e  existência  depois  da  desventura.

Tendo desse jeito o texto acolhido,
sem   nenhuma   proposição  escura;
sem  menção  a  barbárie e loucura,
com  conteúdo  e bastante  sentido.

Não   busco  uma  descrição  infinita,
que define tanto o céu como inferno.
porém,  aquela  que a  exatidão  dita.

Fugindo do etéreo e também do eterno,
não  tropeça,  não  geme e sequer grita,
mas   traduz  certo   sentido  hodierno.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Avenida dos sonhos

Talvez o sonho morasse naquela via,
aquela avenida de luar impregnada;
a qual assim bem suavemente subia,
como suave resoluta e longa escada.

Talvez todo  sonho lá fosse apenas nada,
fosse  somente  aquilo  que  a rua  vestia;
para mostrar-se brilhantemente dourada,
bastante    feérica   que   a   vista   feria.

Há que admitir que parecia bem formosa,
e   tantas    ilusões   desfilavam  por  ela,
brilhos frementes  naquela luz vaporosa.

Que no  fundo  era apenas uma passarela,
contudo,   vestida  de  maneira  enganosa,
a qual aos onirismos a nossa mente atrela.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

A tormenta

Um campo florido de cores deslumbrantes,
bom sol em céu límpido resplandecendo;
bucolismo básico como não se viu antes,
e surge no horizonte um vendaval horrendo.

Os pequenos bichos se recolhem as grutas,
aves que piavam, escondem suas vozes;
sons que se ouviam fazem parada abrupta,
estático, um esquilo que guardava nozes.

Agora a campina tal um verde deserto,
cerra seus movimentos como quem dorme,
porquanto tal tormenta virá, mais que certo.

E tudo nos mostra um desmantelo enorme,
de modo que ninguém quer ficar por perto,
porque tudo no campo ficará disforme.

domingo, 24 de junho de 2018

Em alto mar

Marinheiros encantados pela sereia,
navegam cegos pelo nevoeiro denso;
se toparem com esconso banco de areia,
podem encalhar no feio do mar imenso.

Sobre suas cabeças, apenas o céu,
de nuvens pesadas, densa escuridão;
à sua frente quase impenetrável véu,
duma brancura alvacenta como algodão

Ainda que mui temerosos dessa bruma,
a nave incólume na turva água flutua,
como navegar sempre à frente costuma.

Cada marujo agarra-se à crença sua,
desfiando contas do rosário, uma a uma,
esperando que pelo menos, surja a lua.

sábado, 23 de junho de 2018

Insanidade

Mistério! no esconso onde os sonhos são reais,
lugar em que circunstâncias são muito vagas;
há que ter em mente situações abismais,
que nos ameaçam como fossem adagas.

Há mistério, onde até a solidão se sepulta,
e a fímbria do universo não está mui além;
envolta em volutas do tempo esta se oculta,
porquanto dorme um sono eterno ali também.

Ninguém ali vive, na beira do penhasco,
tremendo de pavor daquela escuridão,
grandes medos servidos em pequeno frasco.

a névoa, o terror, verdadeira escrotidão,
como estar frente a frente com carrasco,
que ao pedido de perdão diz somente não.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Sobre minha cabeça

Contemplo a abóbada desta praia escura,
enquanto a Selene seus véus de nuvens veste;
e meus olhos estão simplesmente a procura,
de algum imenso aglomerado celeste.

Deste firmamento estou, portanto, aqui a seus pés,
como todos os entes submissos ao seu poder;
a mercê de possível e telúrico revés,
sobre o qual, nós nada poderemos fazer.

O cosmos é dominante nesta tardia hora,
impondo-se de maneira a nos esmagar,
imensidão de hoje como desde outrora.

Então esse espaço de imensidão estelar,
detém toda verdade do que há lá fora,
e, dele, só temos visão rudimentar.


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Eles e nós

Como entender este mundo mais que insensato,
no  qual  quem  maior  meliante  é,  mais  brilha;
enquanto o  povão  vai  sempre  pagando o pato,
sem  nenhum  futuro,  sem  sequer  uma  trilha?

Senador,   é   versão    moderna   de   rato,
que  constrói  sua toca/morada  em Brasília;
onde  ganha  dinheiro  sem  gastar  fosfato,
e, as vezes, apenas com seus pares partilha.

Querem, os mesmos, que seja somente assim
o  povão  se  ferra   e   o   deputado   devora:
- "Para  o povo merda, para nós, farto butim!" 

- "Eu  gosto  do  povo  só  numa  certa  hora,
quando vai  às  urnas e dá seu voto pra mim,
no mais, eu no ar condicionado, eles lá fora!" 

quarta-feira, 20 de junho de 2018

A vida

Talvez não nos caiba questionar a existência,
a respeito dela emitir um grito sequer;
porquanto a vida na sua real essência,
é tão somente o que a natureza nos der.

O existir da vida não explica a ciência,
talvez porque não é um fenômeno qualquer;
e não se pode ter alguma deferência,
que no Éden criou-se o homem e a mulher.

Nem de longe a vida é criação do poeta,
a vida é um evento a ser levado a sério,
esteja fervilhando, ou num canto quieta.

Claro, que sua origem constitui mistério,
que a totalidade das criaturas afeta,
e que só terminará no ermo cemitério.

terça-feira, 19 de junho de 2018

A fúria

Em   pleno  oceano  o  tufão  desencadeia,
muita água e ventos tonitruantes a uivar;
varre a  tona  como a vassoura varre areia,
com   potência   letal,   e   vigor   singular.

Trata-se   do   maior   desconforto  do  mar,
revoltado, ruidoso, acordando quem dorme;
e tampouco   de   nada   adianta   reclamar,
pois,  o furacão  causa  transtorno  enorme.

Mais estrago quando adentra terra, suponho,
onde   o   ser   humano   suas  casas  constrói,
então   dá   largueza  a  cada   melhor  sonho.

Agora que a fúria dos elementos  mais  dói,
estrago que vai se tornando mais medonho,
e a   segurança   do   homem   então   corrói.


segunda-feira, 18 de junho de 2018

Na Rússia

Brasucas  e  suíços  prontos  pra batalha,
muito preparados para  aquela  dura  liça;
e cada qual crendo que na hora não falha,
jogando  com  força  tenaz e sem preguiça.

Então, com eles nenhuma  jogada encalha,
pois sabem que não estão assistindo missa;
que   chutando  no  gol  a  rede farfalha,
e quem marca mais golos, vence por justiça.

Eis que, quando naquela rede a bola malha
fortes  paixões  das  torcidas por certo atiça
então,  esperança  nos  torcedores se espalha.

Porque todo  mundo aquela taça  cobiça,
ganha quem não pensa em pedir a toalha,
e acaba que  Brasil não carcou na Suíça,

domingo, 17 de junho de 2018

E assim caminha a humanidade...

Pra sobreviver, o Homo em esforços ingentes,
contra intempéries formidáveis, inclementes;
unindo com inteligência os homens todos,
independentes das origens ou apodos.

Quem os chama daquela pobre gente inculta,
certamente a rica história deles insulta;
então dá as costas à própria sociedade,
a qual foi construída pela antiguidade.

O Homo sapiens nunca foi fraco e inerme,
e, supostamente, se o fosse era um verme,
porém hoje, este homem não rasteja, voa.

Então, a tese que o denigre se esboroa,
e esta criatura do pó de estrelas, vence,
embora, as vezes, com certo jeitão non sense.

sábado, 16 de junho de 2018

Palavras

Vale apenas o que uma palavra determina,
conceito universal, valendo aqui ou na China;
o vate, as vezes, explora outra conotação,
pois é criador, como tantos outros são.

E uma palavra expressada jamais se cala.
pelo contrário, serve também como bengala,
se quisermos significado mais profundo;
para explorar certas nuanças deste mundo.

Uma estrutura de vogais e consoantes,
palavras não são mudas são altissonantes,
mesmo, que as vezes, carregadas pelo vento.

Contudo, só expressam o nosso pensamento,
e se espalham pelo Planeta, em todo canto,
definindo tudo, de horrores a encanto.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Homo sapiens

Por milênios, no planeta o Homo foi forte,
ocupar cada vez mais espaço se atreve;
então nessa existência ainda tão breve,
fez-se presente do sul, ao centro, ao norte.

Foi ocupando obstinado, num passo bem leve,
enfrentando perigos de lesão até morte;
então por sequer ter um elevado porte,
aprendeu a viver do sol tropical à neve.

Daí inventou tudo, da agulha ao navio,
teve, mesmo que subjugar pavor e medo,
inventar indumentos prá combater frio.

Para sobreviver levantar muito cedo,
e habitar sempre bem próximo a um rio,
porém nunca permanecer parado, quedo.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

A noite e o poeta

Deslumbrado, a noite calma, o vate cultua,
fazendo seus versos esperando mais dela;
nas rimas, um profundo desvelo revela,
quedo, pensando e triste no meio da rua.

Tendo como única testemunha aquela lua,
refletindo na vidraça alta da janela;
a Selene tem completa noção que é bela,
enquanto no firmamento etérea flutua.

O vate assume as belezas como poderosas,
simplesmente todas, até as nebulosas,
que dominam firmamento em toda amplidão.

E, mesmo, ali está invadido pelo luar,
que, mesmerizante, obriga-o a versejar,
então chora, humilhado pela imposição.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

O Universo

Se o maravilhoso universo te arrebata,
preenche de visões tua mente sedenta;
transformando suas convicções em tormenta,
sejas bem vindo! fazes parte duma nata.

Porquanto o cosmos nosso cérebro retrata,
reprodução é, mas assim mais violenta;
é natureza negra nos tons de magenta,
as vezes clara, argêntea como prata.

Entenda, sobre o cosmos não temos ação,
ele somente nos contém e nos carrega,
mas, deixa-nos livres na nossa presunção.

E mais, seus segredos ele jamais entrega,
pois estes, as estrelas os carregarão,
e cada estrela falar conosco se nega.