segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cantotanto

Bastante seja por tudo mais enquanto
Nada se veja em frente aparentemente
Bem mais amigo se levante um canto
O qual seja antigo e que nunca mente

Que seja bom enquanto dure o desejo
De cantar um canto há muito desejado
De se fazer ouvir mostrando um ensejo
Que o canto bem melhor seja cantado

Porém que desejo se encaixe então
Num tão belo canto que se faça arte
E se espalhe amoque pelo mundão

E se for possível alcance até Marte
Canto/conto de Bocage com palavrão
Que a humanidade seduza destarte.

Sinceridade

Uma vez o homem criou a sociedade
Onde uns e outros convivem em atrito
Porém se houver respeito à liberdade
Todos ganharão como outrora foi dito

Que respostas não sejam apenas sim
Pois estas quase nunca são verdade
Se todo meio deve acarretar certo fim
Devemos discordar ao sentir vontade

Dizer sim tal vaca de presépio jamais
Porquanto sempre existe outra opção
Olho-no-olho de todos nossos iguais

E sem nenhuma mágoa no coração
Sem nunca temer uma chuva de ais
Quando preciso for, vamos dizer não.

domingo, 29 de junho de 2014

Prantocanto

Aqui encolhido neste pobre canto
Absorto em silencio como um santo
Não imagino como seja minha voz
Porquanto não a ouço quando a sós

Sei que se ouvissem o meu canto
Talvez não a julgassem no entanto
Um pouco lírica ou bastante atroz
Uma santa nos livre, rogai por nós!

Aqui não me vejo cantando então
Por aquela dor que ninguém sente
Porque sei que é apenas cantochão

O qual livre sai da boca da gente
E que nem sequer vale um tostão
Pois lamento é tão simplesmente.

sábado, 28 de junho de 2014

Versos mortos


Sei que poeta não sou, não me iludo,
E por saber, não os tenho enganado,
Entretanto, ao invés de ficar mudo
Componho certo soneto requentado

Publico meus versos mortos, contudo
Pois é melhor que deixa-los de lado,
Mesmo sem métrica, rima e conteúdo
Mostrá-los ao mundo sou compulsado.

Meus versos são ruins e sigo avante,
Ninguém jamais será Mário Quintana
Pois sempre será único esse gigante.

Em minha defesa, não faço chicana
Tampouco me considero importante
E aos detratores dou uma banana.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reflexão


Quem é esse carinha no espelho
Que olha como quem me conhece?
E que parece esperando conselho
Enquanto sua pergunta esquece?

É alguém que certamente conheço 
Porquanto muito comigo se parece
Só não percebo qual seria o preço
Se comunhão entre nós  houvesse.

Porém esse sujeito resolvo ignorar
Porque vê-lo assim tão envelhecido
Me desperta um tão profundo pesar
Por alguém que não sei como lido.

Então para termos interação salutar
Finjo que é um cara meu conhecido.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Todos juntos

Ninguém quer viver só, na verdade
E no inverno numa fria cama deitar
Não ter alguém para sentir saudade
E sem companhia agradável, salutar

Todos querem viver juntos em paz
Interagir, gostar, amar e até brigar
Aprender com outro como é que faz
E se pintar um clima, formarem par.

Cada um dum todo quer fazer parte.
E contudo viver sua particularidade
Porquanto sabe que viver é uma arte,
De adequar aos demais sua vontade.

Pois ninguém jamais viveu à parte
Do que chamamos de humanidade.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Velhos vates


Existe aqueles que vieram antes
Que se tornaram vates imortais
E há nós, os menos importantes
Que os vamos seguindo lá atrás.

Entretanto ao voltarem pro além
Deixaram na terra um lugar vago
Assim novos vates estão também
No próprio caminho de Santiago.

Portanto vou eu compondo odes
E com os outros não me importo
Que cada faça tudo quanto pode
E cheguem todos a seus portos.

Formemos, se o céu nos acode
A sociedade dos poetas mortos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Uns e outros

Assim como omissas avestruzes
Dizendo que não leu e não gosta
Os próceres culturais e suas luzes
Têm os ouvidos pejados de bosta.

A poesia alternativa não tem vez
Só os luminares tem lugar ao sol
Não há porém, ou um dia talvez
Que o vate marginal entre no rol.

Então vamos olhar com carinho
Porquanto existe muita gente boa
Enquanto um criador comezinho
Não receberá bênçãos nem loas.

Mas não o ponham num pelourinho,
Pois Mário Quintana a todos perdoa.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Animais

Desumaniza o ser a sociedade
Homens se olham desconfiados
Não existe sequer solidariedade
Andando olham para os lados.

Os homens se matam de graça
E o que se vê é desesperança
Amizade está em falta na praça
A desintegração social avança.

Contudo nem tudo está perdido
Há que apostamos nos animais
Quem são amigos sem alarido.

Àqueles que gostam serão leais
Não importa como estão vestidos
Então não os abandonam jamais.

domingo, 22 de junho de 2014

Medo de ter medo


Medo, esse sentimento estranho
As iniciativas humanas ele tolhe
Traz somente perda e não ganho
E diante dele nossa alma encolhe.

Mas o medo não redime ninguem
E uma vida de coragem sem medo
É tão possível vive-la muito bem
Sem permitir avassalar-se quedo.

Mas quando esse sentimento vem
E consigo vem trazendo segredo
Toda a esperança se vai também.

Então para continuar com enredo
Não haverá que existir algum porém
É começar viver desde muito cedo.

sábado, 21 de junho de 2014

Dilema


Não sei como dizer a palavra bonita
Expressar airada figura de linguagem
Conquistar o leitor pela frase escrita
Que traduza real e sublime imagem.

Palavra nos meus versos vale nada
Pois pouquíssimo expressa também
E parece uma caminhante cansada
Que nesse caminho não vê ninguém.

É muito triste para quem vive assim
Só escrevendo sem nada comunicar
Sabendo que seu escrito é chinfrim.

E não coloco minha palavra no altar
Porquanto nada quero só para mim
Porque não há como a palavra julgar.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Esse tal de poeta


Sonha o poeta ao produzir um poema
Porquanto seu sonho é uma realidade
A vida real está numa tela de cinema
Como que projetada além da verdade.

Coloca no sonho seu desejo o poeta
E contra o bom senso crê no que diz
Sem passado e presente, é sua meta
Deixar de na vida ser mero aprendiz.

O poeta a seus temas permanece fiel
É pois nos seus poemas convincente
E não tergiversa quando o tema é céu.

Dizem que o poeta as vezes até mente
Mas por isso não quer o deseja labéu
Então o julguem apenas pelo que sente.

Algum dia


Ser um poeta sagaz quem me dera
Porquanto, falta-me a palavra forte
Que conquiste o coração da galera
E eleve o meu nome além da morte.

Sinto que no fundo me falta a paixão
A qual faz do homem um grande vate
Que navega as rimas com inspiração
E para cada verso faz justo arremate.

Porém continuo procurando a musa
Que finalmente me dê alumbramento
E clareie minha métrica tão confusa.

Sei que um dia em algum momento
Entenderei exatamente como se usa
Palavra que não se perca ao vento.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Objetando


Olhando através de minha janela
Não há meio de aqui ficar quieto
Essa mídia planetal sempre apela
A jeito comportamental completo.

Em alta modelos bem magricelas
Conforme publicamos no panfleto
Todo prestígio dedicamos a elas
Que no nosso “book” está repleto.

Se a lipoaspiração traz sequelas?
Não há qualquer estudo concreto
Afinal isso é apenas uma bagatela.

Portanto, neste soneto eu enceto
E a moda determina quem é bela
Com todas as letras: mulher objeto.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Arte pela arte

Assolava a cidade estranha epidemia
Gente alumbrada portando estandarte
Composições, obras e poemas havia
Até lembrava blogue Poetas de Marte.

Porque tanta criação, tanta poesia?
O que transformou o rumo destarte?
Parece que todos desejam sintonia
Que não deixe seus gênios aparte.

Sabendo que tempo futuro chegaria
No qual criadores seriam o baluarte
De toda beleza que no mundo teria.

Sem censura e qualquer contraparte,
Porque em tal mundo só de alegria
Por todo o sempre viveremos de arte.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Sol de bolso

Trago em meu bolso, aqui dentro
Um sol que apenas sombras emite
Porque o outro do sistema é centro
Este conhece seu pequeno limite.

Este dissipa a escuridão somente
Não ilumina o desalento humano
Mas homem que o carrega sente
Que aquele outro sol é um tirano.

Quem o carrega é independente
E não terá sua vida devassada
E ainda que ele não seja quente

Será sua companhia na estrada
Sem incômodo de calor ardente
E não precisa liga-lo na tomada.

Virus

Dizem, amor não tem eira nem beira
Não lhe dão oportunidade, portanto,
Mas além, à sua particular maneira,
O amor se expande para todo canto.

Pois não adianta lhe fazer barreira
Porque ele tem seu valor, o quanto.
E mesmo aquele que não o queira,
Um dia será coberto com seu manto.

E ele virá de cavalo ou trem um dia
Se apossa do coração e da mente
Se preciso fosse muito mais o faria.

Porquanto todo mundo, toda gente
Sem o saber é só isso que queria
E no fundo todo mundo amor sente.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Passado

Quando penso sobre o que escrevo
Eu concordo que invoco o passado,
Muito mais fundo lembrar me atrevo
E àquilo que foi, me sinto algemado,

Mas como lembrar é viver, isso posto
Não me cabe indagar porque e como
Se de outrora me recordo de um rosto,
Este de repente surge, num assomo.

Mas pelo acontecido não me lastimo
Sei que tudo não foi somente flores
Que ora estive embaixo, ora no cimo.

Houve, contudo, frustração de amores.
E que, jamais se repetirá, assim estimo,
Para mim parecer teatro de horrores.

domingo, 15 de junho de 2014

Metamorfose

De que é feito o homem, pergunto
Será de barro como diz a escritura?
Ou será de algum antigo conjunto
Perdido no tempo, pelas lonjuras?

Porque seja ele feito de qualquer
Matéria que lhe venha à cabeça,
Então não importa do que se fizer
Contanto que como pão ele cresça.

E mais, porque tem ele essa forma
Diferente de qualquer outro animal?
Parece que o homem fugiu à norma

Se esse homem é um bicho normal
Ou algo que sempre se transforma
Continuando o mesmo pulha afinal.

sábado, 14 de junho de 2014

Criador

O mundo existe se assim penso
Porque sou o criador do que vejo
Se o universo parece tão imenso
Não tenha dúvida, é o meu desejo

Povoei de seres vivos o Planeta
Coloquei água nos rios e mares
Tudo construí com papel e caneta
Também coloquei aves nos ares.

Vejam bem, ideias são criaturas
E criam outras com pensamento
Cada uma à sua feição e postura.

Pra refrescar os seres criei o vento
Que ameniza o calor das agruras
Das criaturas que estão ao relento.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Autor = otário


Autor mundialmente desconhecido
Com três livros publicados apenas
Tornei-me pois escritor aborrecido
Por contrariedades não pequenas.

Escrever textos prá mim é moleza
Mas publicá-los já é outra questão
Porquanto me torno vítima indefesa
Dos editores com fome de tubarão.

Não importa qual nome da editora
Todas abocanham o maior quinhão
E só confia nelas alma sonhadora.

O autor é somente uma abstração
Nas mãos dessa maldita impostora
Que ganha dinheiro e só tem razão.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Uns e outros


Assim como omissas avestruzes
Dizendo que não leu e não gosta
Os próceres culturais e suas luzes
Têm os ouvidos pejados de bosta.

A poesia alternativa não tem vez
Só os luminares tem lugar ao sol
Não há porém, ou um dia talvez
Que o vate marginal entre no rol.

Então vamos olhar com carinho
Porque existe muita gente boa
Enquanto um criador comezinho
Não receberá bênção nem loa.

Não o ponham num pelourinho,
Mário Quintana a todos perdoa.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Somos o que existe!


A tal informática abriu um caminho
Pra nós, informais do verso e prosa
Comunicamos juntos, não sozinhos
E sem uma gramática maravilhosa.

Cria-se texto bom e bem ruinzinho
Cria-se história veraz ou mentirosa
Há escritores e estranhos no ninho
Com atitude em geral mui corajosa.

Então vamos analisar com carinho
Aqui só existe muita gente curiosa
E não misturemos água com vinho
Pois não temos escritores em grosa.

Não nos coloquem num pelourinho,
Existe apenas um Guimarães Rosa.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Emburrecendo

Naturalmente não se pode dar trela
Praquele que reclama da qualidade
Da tevê. E seu passatempo é novela
Que distribui muito amor e felicidade.

Toda vez que alguém assim eu vejo
A dizer que a televisão não presta.
Bem no fundo se esconde o desejo
De dizer: tua estultice assim atesta!

Porém o que realmente me assusta
É que nunca se manca essa pessoa
Que desligar seu aparelho não custa
E muito melhor é permanecer à toa.

Então se sua inteligência não susta
Amigo, vá ler um livro que é uma boa!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Voar é com os pássaros

Tenho certeza que quando eu penso
Descubro que não posso no céu voar
O que parece ser um mistério imenso
Envolto em esconso enigma milenar.

Conformado, à terra então pertenço
E aqui continuo para sempre andar
Aferrado ao solo com um velho lenço
Talvez num dia futuro voe meu avatar.

É natural que um animal tão denso
Esteja destinado somente caminhar
Porquanto possuidor de bom senso
Sair pelos ares é besteirol peculiar.

Por isso tudo agora estou propenso
À ideia de um voo mágico abandonar.

domingo, 8 de junho de 2014

Vida e morte

Vida não é um caminho deserto
É circo animado, pelo contrário.
Que não se esconde no armário
E as tentações vigem por perto.

Não negligencie sua existência
Pois será a única que você tem
E não viverá a vida de ninguém
Pois mais que prometa a ciência.

Então, quando a última hora soa
E aquele fio de alento se escoa,
Não  lamente num triste gemido,

Essa bênção agradeça à natureza,
Que lhe ofereceu com toda certeza,
Suprema dádiva de bem ter vivido.

sábado, 7 de junho de 2014

Explicar o quê?

Porque poema é criação assexual
Não lhe podemos atribuir um par
Veio num átimo, talvez sem igual
E quem sabe na solidão do cagar.

Órfão, não tem mãe ou mesmo pai
Ele se auto criou em algum lugar
E até ignora por qual caminho vai
Sua origem como vamos explicar?

Pois é, poema se explica ou não
Então querer explica-lo será julgar
Algo que por si só já é explicação.

Porquanto toda criação é peculiar
E sujeira a variada especulação
Ainda querem o poeta incomodar?

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Haverá inteligência?

Impressionante esse mundo virtual,
Universo impregnado de mesmice
De vez em quando um cara de pau
Produz alguma coisa além da tolice.

No mais, tudo atende ao puro irreal
Descontando cabedal de babaquice
Que não tem da inteligência o aval
Resta esquecer o que um tolo disse.

Internet não é do bem nem do mal
Aceita qualquer coisa, até estultice
Como as que rolam na rede social.

Se conhecimento do mundo fluísse
Por essa importante veia universal
Decretada seria a morte da burrice.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Intimidade epistolar

Cartas são aqueles pedaços da gente
Que sem querer colocamos no papel,
Retratos três por quarto tão somente.
Contudo, de uma resolução bem fiel.

Nelas, vamos revelar nosso interior
Coisa que fazemos com certo receio
Porquanto quem as lê poderá supor
Ser o autor acometido por devaneio.

Então não devíamos ler carta alheia
A qual o íntimo do escritor devassa
Revelando  tudo que sua alma anseia.

Autor e leitor terão que ter sintonia
Segundo entende o que outro traça

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Quando a morte chegar

Quando vier a morte que seja indolor
Que venha em meu leito ou onde for
Que seja comum esse dia derradeiro
Como comum fora meu dia primeiro.

Que seja para sempre e nunca mais
Esse evento que a todos torna iguais
Pois para morte não há hora e lugar
E depois de morrer não vamos voltar.

Consolo, com a morte se vão os medos
Acabam-se, por outro lado, os enredos
Aquele que descansa nada mais sente.

E mesmo não sendo em vida um santo
Ele sempre deixa uma mãe em pranto
A lamentar, amar e sofrer eternamente.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Nem tudo é o que parece

Indo pela mata Fred, “Pica de jumento”
Deliciado, gozando de cara pro vento
Nem um pouco atento a pisar o chão,
Ele e sua estrovenga distraídos vão

Entretanto lá estava peçonhento ofídio
Então tocar nele, verdadeiro suicídio
E agora, poeta, o que se pode fazer?
Pois venenosa cobra poderá te morder.

Aqui teve uma ideia o erótico andante,
A qual aos outros pode parecer banal,
Sem qualquer gesto formal, elegante.

No bestunto do bicho deu paulada fatal,
E sem pestanejar sequer um instante
Após matar a cobra ele mostrou o pau.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Poesia é cura

Ela, filha bastarda da literatura
Érato acode seres de alma pura
Longevo poema voa sobre eras
E você o compõe como quisera.

Quando o poeta o diz, está dito
Pois onirismo não gera conflito
Poesia, essa febre intermitente
Cordão umbilical que une gente

Pergunto, como o mundo seria
Sem os poetas, sem sua poesia
Talvez esse feliz enlaçamento

Compulse uma busca partilhada
Nos vetando que efeito manada
Leve-nos ao desumano desalento.