sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O mar

O avesso de Augusto dos Anjos

O mar é alegre sob qualquer critério;
Cada cor abrandada revela a doçura,
Da coberta de espuma sua brancura
Até pontuais marés e seu gesto sério.

Ah! dirão, e a profundeza de mistério,
Cujo fundo se encontra àquela lonjura
De amplidão imensurável e tão escura
Do tamanho de um inteiro hemisfério?

Quando à mente tais questões tragas,
Pense na água, não apenas nas fragas,
De modo que qualquer dúvida se esvai.

Refletindo a luz do avermelhado poente
O poeta transcende pelo que vê e sente,
Então chora quando a sua ficha lhe cai.

3 comentários:

  1. Meu caro vate, sem desprezar o talento augustiano, prefiro o soneto saído de vossa lavra, sobretudo, pela musicalidade contida em cada verso. Abração. Tenhas um ótimo fim de semana.

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  2. Boa tarde, amigo Jair,
    seu soneto fazendo o avesso de Augusto dos Anjos, o poeta da Morte, da angústia, do desânimo e do pessimismo,nos mostra a leveza, a luz, da vida. Muita criatividade, a sua marca registrada. Abraço!

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  3. É verdade, está o avesso de Augusto dos Anjos, o poeta da angústia, da tristeza, do lamento de sua vida, do mundo em que viveu, talvez sob medida. O poeta triste.
    Amigo Jair, os calendários marcam 'Dia 20 de outubro - sexta-feira' o Dia do Poeta no Brasil, parabéns pelo seu Dia!!
    Abraço!

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