segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Vale o quê?

Pobre Mariana, infeliz vítima da incúria
Assolada pelo lodo que desce da Vale
Lama pegajosa cheirando morte e fúria
Nada que à mineiradora Samarco abale.

Na ânsia do lucro fácil, essas empresas
Não atentam para cuidado e segurança
Desastres, portanto, não são surpresas
Não são como os atentados na França.

A Vale, cujo nome é do vale do rio Doce
Da Samarco controladora e proprietária
Se lixa pro desastre, como alheia fosse
Prá ela o povo vitimado é simples pária.

E quem será o dono da Vale, por acaso?
Será ela, como dizem, empresa privada?
Não meu caro amigo, não é este o caso
A União recomprou a Vale numa “jogada”.

Numa mui escusa e bilionária transação
A nação tem da Vale o controle acionário
Mas se perguntarem, eles dizem que não
Mas sabemos todos ser este seu ideário.

Portanto, legalmente ficamos deste jeito:
Samarco pertence à Vale que é do Brasil
Então quem é responsável pelo mal feito?
Agora amigo, ninguém sabe ninguém viu!

Contudo, o governo, bravo resolveu multar
Tascou na Samarco a coima de milhões
Porém, sabemos quem a conta vai pagar
Trata-se do povo, ou seja, de nós, bobões.

E lá em Mariana, o flagelado triste chora
Sem sua casa, sem comida, sem colchão
E mesmo sequer sabe o que vai ser agora
Que o mundo desabou e a ele disse não.

Pois esse, da “Pátria educadora” é o retrato
Nada sei, não ligo, portanto assim o deixes
Lama rola de Brasília para Mariana de fato
E rio que já foi Doce, é cemitério de peixes.

Pois é, aqui no Pindorama é sempre assim
Parece que o Governo pois, tem uma meta
Quando seus atos resultem em coisa ruim
Que o povo se lasque! Ele tira o seu da reta.

Um comentário:

  1. Caro amigo poeta cronista Jair, estás de parabéns pela leitura poética perfeita do triste evento ocorrido em Minas.
    Um abração. Tenhas uma ótima semana.

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