Vendo o verde da relva, tudo está bem
E, como se nada
fosse, sopra o vento
Som das cigarras
de muito longe vem
Funcionando implícito tal chamamento.
Porém há no ar
certo modo de espera,
Que apela à
inércia de um caminhante
Estático, fica
pensado na sua amante
Enquanto o seu
cativo coração acelera.
Não existe assim
movimento rompante,
Ainda que uma
araponga oculta cante.
Pois aquilo tudo
faz parte da paisagem
Então tudo está
bem como deve estar
Fazendo parte duma
existência regular
Bem real, tão
real como uma miragem.
Meu caro amigo poeta Jair, eis um soneto quase perfeito, tendo em vista que a perfeição não é deste mundo (será que não há mesmo perfeição por aqui? Mas em alguns momentos, quando paramos de pensar e nos fixamos no mundo à nossa volta, parece que nos integramos com o perfeito! Será mesmo!), mas enfim, os tercetos estão à altura de um Fernando Pessoa. Parabéns, poeta!
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um ótimo dia.
Amigo, lendo mais uma vez o poema, percebo que fui injusto no veredito emitido: o soneto inteiro está à altura de Fernando Pessoa, isso no juízo de valor, pois o teu estilo é bem peculiar, bem pessoal, enfim, autoralíssimo. Mais uma vez, parabéns!
ResponderExcluirDilmar,
ExcluirNão mereço, mas fico sensibilizado. Obrigado!
Mereces, amigo. Teu trabalho é muito bom!
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